Um mundo mais quente será, antes de mais, um mundo mais húmido ?
Durante vários anos, especialistas em climatologia fizeram a ligação entre o ciclo da água e as mudanças climáticas. Espontaneamente, quando se pensa no aquecimento global, pensa-se num mundo mais seco e mais deserto. Além disso, quando a comunicação social fala sobre mudanças climáticas, muitas vezes ilustra os seus artigos e reportagens com imagens de solos secos e áridos. Mas na verdade, a nível global, poder-se-á observar o fenómeno oposto. Um mundo mais quente será, antes de mais, um mundo mais húmido.
Para resumir de forma simples, de acordo com a Agência de Protecção Ambiental dos EUA este fenómeno funciona assim:
A terra está coberta por 70% de água. Com o aumento da temperatura existe consequentemente um aumento da evaporação. É óbvio que esta água não desaparece, continua a existir sob a forma de vapor de água na atmosfera. Passado algum tempo, esse vapor de água eventualmente cai, especialmente sob a forma de chuva.
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA), que publica relatórios mensais sobre as temperaturas globais, observou anomalias positivas de temperaturas tanto da terra como dos oceanos que se prolongam há décadas. Em todo o planeta, este foi o ano mais quente da história, com temperaturas 1,5 graus superiores à média pré-industrial. Notavelmente, durante o início deste ano, a NOAA experimentou temperaturas recordes em partes do Atlântico Norte e na Gronelândia. O aumento da evaporação nessas áreas pode ter contribuído para a formação de massas de ar muito húmidas que posteriormente se deslocam para o continente Europeu, principalmente para o norte da Europa provocando a ocorrência de fenómenos extremos com precipitação excessiva em curto espaço de tempo