Nunca se sabe, mas para agora não se pode concluir isso. É um facto que as temperaturas depois de muito subirem até ao pico do El Nino excepcional de 1998, agora nos anos mais recentes já não tem sido assim. Mas também não desceram. Só de há ano para cá é que se nota alguma descida interessante, e tal como o El Nino agravou a subida em 98, a Ninã actual está a ajudar a arrefecer. Resta saber o que acontece no final desta fase fria do Enso.
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Medições de temperatura por satélite já com Março divulgadas hoje:
Bom, a analisar pelo gráfico podemos concluir que este ano está sendo tão frio que apenas está passando ligeiramente abaixo da linha dos 0ºC da normalidade.
Independentemente da opinião de cada um quanto ao aquecimento global, estamos a descuidar-nos/distrair-nos um pouco na análise dos dados recentes:
- Em muitos locais do globo se atingiram recordes de frio
- Em muitos locais do globo se atingiram recordes de calor
- A temperatura média do globo tem descido efectivamente graças ao efeito "La Ninã".
Isto são factos, mas a verdade é que:
- O efeito "La Niña" propícia esta descida da temperatura média, o que não impede que hajam locais com temperatura bem acima da média.
E agora o mais importante:
Não acham que antes de dizermos que a temperatura média do globo está descendo e que se deviam rever os modelos de previsão, deveriamos primeiro comparar os efeitos causados por este "La Niña" com outros efeitos "La Niña" no passado, assim como comparar os efeitos causados por "El Niño" com outros efeitos "El Niño" no passado?
Todos sabemos o quanto imprevisível pode ser a meteorologia pela sua natureza probabilística, extremamente complexa.
Mas se nos esquecermos numa análise gráfica, das condições iniciais, da intensidade de fenómenos como "El Niño", "La Niña", ciclos de actividade solar, intensidade e direcção das correntes oceânicas e outros efeitos, podemos estar a iludir-nos com uma simples análise de tendência que até o Excel sabe fazer!
Quando estamos sob o efeito "La Niña" devemos procurar os anteriores ciclos "La Niña" e compará-los! Então surgiram 2 hipóteses:
- Se o anteriores foram mais fortes e originaram descidas menores na temperatura média do globo, então posso concluir que algo mais se passa e que favorece o arrefecimento global.
- Se pelo contrário os anteriores "La Niña" foram mais fracos e contudo originaram descidas maiores na temperatura média do globo, então algo também algo mais está acontecendo e que favorece o aquecimento global!
Resta agora saber ser crítico e perguntar como se avalia a força de um "El Niño" ou de uma "La Niña"! Hipóteses:
- Pelos efeitos causados na temperatura média do globo e distribuição das precipitações?
- Pela duração?
- Pela amplitude máxima?
- Pelo cálculo da média, enquanto durou a anomalia?
- Pela extensão 2D? Ou pela extensão 3D (inclui profundidade)?
- Por todas estas características anteriores, e tendo em atenção o efeito potenciador de uma eventual actividade solar coincidente no mesmo período?
Como podem ver, se tivermos estas dúvidas em conta nas nossas análises conseguiremos ser melhores que qualquer programa de análise de tendências que apenas interpolam e extrapolam dados, como se apenas fossem números.
Não estou criticando qualquer opinião, corrente de opiniões ou comentário, mas apenas alertando para a complexidade dos dados e a forma como podem ser mostrados e ilustrados.
Na verdade, estamos todos de parabéns, sempre atentos às novidades que aparecem, gerando opiniões e sustentando-as como podemos, com os dados que temos! Mas sempre com o maior rigor e com a certeza reconfortante da melhor atenção de todos, e sempre com espaço para o benefício da dúvida.