Ontem num texto de século XVIII encontrei uma referência muita interessante. Referia a cultura de castanheiros na serra de Cacela. Ora o que é estranho é que nessa serra, actualmente, nunca vi um único castanheiro! Também, ao que parece, o lobo foi muito abundante. Não me admira, conheço pessoas que ainda se recordam da presença do lobo nas serranias do Caldeirão. Parece que a castanha era uma das principais produções da serra.
Local em causa:
Cacela situa-se a meia distância entre a foz do Guadiana e Tavira. Foi concelho até à fundação de Vila Real de Santo António, no final do século XVIII.
A serra de Cacela compreendia uma extensão da serra do Caldeirão que se estendia ao longo dos limites da actual freguesia de Cacela, e também ocupava parte das actuais freguesias de Odeleite, Azinhal, ou provavelmente, parte do actual concelho de Tavira e Alcoutim.
A serra de Cacela situa-se num local de transição entre as elevações da serra de Tavira (cujo ponto mais alto atinge os 541 metros de altitude) e o Baixo Guadiana. Na zona noroeste, a precipitação média anual ultrapassa os 800 mm/ano. A precipitação desce então em direcção ao vale do Guadiana e ao litoral, onde é inferior a 500 mm/ano nalguns locais.
A vegetação natural foi completamente dizimada pela actividade humana. Restam apenas alguns bosquetes de azinheiroa e de sobreiro, em áreas isoladas, inacessíveis, algo degradados. O lobo extinguiu-se há décadas, e o lince-ibérico, provavelmente, extinguiu-se algures nos últimos vinte anos.