Uma das razões que poderá ter levado a uma grande taxa sobrevivência de populações pré-históricas em Portugal (e também em Espanha) na fase de transição de caça-recoleção para a agricultura, além dos (muito) prováveis grandes níveis fertilidade durante o Mesolítico e do tipo de colonização neolítica feita sobretudo por barco que ao avançar lentamente, deu tempo às populações pré-históricas locais para om um avanço lento poderá ter sido também a domesticação local de animais selvagens, que deu uma enorme vantagem aos povos ibéricos primitivos.
Para já conhecem-se 2 grandes hotspots de domesticação do cavalo europeu no mundo:
http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0018194
Pelo menos, 2 das 3 raças de cavalos autótones de Portugal, possuem linhagens oriundas de diferentes cavalos selvagens paleolíticos. A domesticação dos nossos cavalos selvagens deverá ter ocorrido há cerca de 6250 anos atrás.
Mais difícil, provavelmente numa fase posterior (pelo menos na Ibéria) e bastante mais rara, foi a domesticação do auroque. Alguns investigadores consideram que era quase impossível domesticar vacas selvagens. A maior parte de todas as raças bovinas taurinas do mundo, descende de cerca de 80-100 animais, que foram domesticados algures no Iraque, Irão e Turquia. Contudo, existem algumas raças bovinas Portuguesas com (muito provável) influência genética do auroque europeu (na Europa, para já, tal só foi detetado também em Espanha, Itália e Ilhas Britânicas):
Paternalmente: para o caso dos machos, penso que é fácil de imaginar os touros selvagens atrás das vacas domésticas, pois o gado doméstico, na P. Ibérica, era mantido extensivamente ao lado de populações selvagens de auroque. E tal foi detetado geneticamente, em algumas raças portuguesas, espanholas e da Europa Ocidental. Tal prática era corrente, em boa parte da Europa Atlântica, em toda a sua zona temperada (sobretudo exatamente também onde esta influência paternal tem sido encontrada). O auroque em Portugal, terá desaparecido por volta do final do Calcolítico. Portanto houve um período assinalável de coabitação. Existem relatos que falam de populações reliquia de auroque, que poderão ter sobrevivido até bem mais tarde na Ibéria. Grandes touros negros são descritos, em vários locais ermos. Existem descrições sobre caçadas ao touro selvagem a cavalo, com poucos séculos. Mas também poderão referir-se a animais assilvestrados, portanto a confirmação estende-se até ao final do Calcolítico. De todas as formas, o auroque deixou uma marca evidente em uma parte assinalável do nosso gado.
Maternalmente: Certamente, seria mais complicado obter vacas selvagens do que touros selvagens. A presença destas linhagens na Europa, apenas são conhecidas (além do nosso país), na Itália. E possivelmente poderão estar presentes em Espanha, também. O comportamento e a bravura dos animais, poderá ser uma das razões, pois as vacas evitariam o contato com o gado doméstico e se touros domésticos cobrissem vacas selvagens, estas normalmente não iriam ter as crias em locais facilmente acessíveis aos humanos, mas sim bem longe e no seio da manada.
Se alguém quiser saber de mais detalhes sobre a nossas raças domésticas e suas relações com o auroque,, poderei colocar aqui os estudos.
Também há quem mencione o porco preto. Eu acho que esta raça antiga poderá ter recebido introgressão do javali ibérico, pois parece ter origem na combinação de porcos domésticos oriundos do Levante, com o javali ibérico. Evoluiu durante milhares de anos, em ambiente natural.
Um cão foi encontrado entre os caçadores pré-históricos de Muge, mas não se sabe ainda se evoluiu a partir dos lobos ibéricos locais.
Penso que o tema ainda está a ser investigado:
http://www.vet.cornell.edu/news/research/iberianwolf.cfm