Aqui no IPATIMUP umas investigadoras fizeram uns estudos genéticos sobre a origem dos portugueses, há até um livro publicado. Nós somos descendentes de tribos nativas que viviam no Norte da Espanha e no Noroeste da Península, essas tribos depois deram origem aos ingleses, irlandeses, franceses, belgas, enfim aos povos da Europa Ocidental, depois da última glaciação. No Sul de Portugal há contribuições extra vinda dos árabes, berberes ou judeus.
Portanto é olhar para as pessoas da Galiza, Minho, País Basco ou Astúrias, ver como elas são, pois está aí a resposta.
Eu diria que em Portugal, não é só no Minho, mas em muitas outras localidades do Norte do país.
Também no Centro e Sul, mas em menor proporção.
Por exemplo, algumas famílias que vivem em montanhas e que se dedicam à pastorícia, são descendentes dos verdadeiros Lusitanos.
E não concordo muito, na teoria de que os verdadeiros portugueses tinham traços muito claros.
Existem algumas pessoas de traços mais claros no Norte, mas isso não significa que sejam essas ou só essas, as populações nativas.
Aliás nem constituem a maioria.
Para saber como os verdadeiros portuguesas nativos eram, temos que ler descrições históricas, consultar artigos antropológicos e olhar para as populações que tenham descendência comprovada destas linhagens.
Pelo que sei viveriam em castros ou citânias. Havia muita caça nos bosques, veados, ursos, gamos, cabra selvagem, portanto carne não faltava. Provavelmente mais tarde domesticaram o auroque e o leite foi introduzido na alimentação. Os rios eram ricos em peixe, havia por exemplo muito salmão. Como fonte de hidratos de carbono apostaria na bolota e na avelã. Creio que o castanheiro foi introduzido pelos romanos mas não tenho a certeza. As vitaminas viriam de ervas comestíveis, bagas silvestres e alguns frutos silvestres, como a pêra. Estou a pensar obviamente no Noroeste da Península, na região a norte de Aveiro. No Sul, principalmente no Algarve, houve contactos com povos do Mediterrâneo desde muito cedo, e conquentemente deu-se a introdução de muitas espécies vegetais vindas do Oriente, práticas agrícolas e de criação de gado, etc.
Há descrições das tribos celtas do Norte da Península feitas pelos romanos, dizem por exemplo que usam manteiga para cozinhar, e que no Sul da Península usam azeite.
Em termos religiosos teriam uma mistura de paganismo com animismo. O druida era o sacerdote da tribo, faria votos de castidade e presume-se que eram vegetarianos, ou pelo menos não comiam carne antes dos rituais e em algumas épocas do ano. Adorariam deuses que represetavam arquétipos do Universo, com equivalentes nas religiões da Grécia Antiga, Babilónia ou Roma. No Ocidente da Europa as tribos eram matriarcais. As mulheres tinham os mesmos direitos que os homens, podiam escolher e rejeitar o marido e ter sexo com outros homens após o casamento. Sabe-se também que as relações entre pessoas do mesmo sexo eram comuns e aceites socialmente, o que na época escandalizou os romanos e os gregos. As mulheres das tribos celtas também participavam na guerra, tinham orgulho do seu estatuto na sociedade e desdenhavam das mulheres romanas, que tinham um papel inferior ao do homem na sociedade de Roma (mas isso depois mudou um pouco, antes da introdução do Cristianismo, pois depois com a introdução do Cristianismo a sociedade passou a patriarcal).
A árvore sagrada era o carvalho-roble, considerado um portal para o mundo dos mortos. Estes povos acreditavam na existência de espíritos da natureza, elementais, que habitavam os bosques e protegiam as árvores, rios, fontes e minas. Eram os duendes, fadas, faunos, musas... Praticavam vários métodos de adivinhação. Vestiam-se com peles de animais e trabalhavam os metais.
Bem esta informação toda memorizei quando li crónicas de autores romanos e gregos sobre as tribos celtas do Norte da Península e da Gália.
Obrigado pelas informações.
Já tinha conhecimento de algumas coisas de que falas.
Outras são novidade!
O azeite, penso que foi usado para alimentação já mais tarde (isto se falarmos do Neolítico).
Relativamente à bolota, penso que eles faziam também um género de pão com este fruto (que podia ser de diferentes espécies de carvalho).
O castanheiro é nativo da P. Ibérica, ou seja já existia no nosso país em estado selvagem.
Quanto à domesticação da fauna ibérica local, está comprovada a domesticação do porco, do cavalo, praticamente comprovada a domesticação do auroque e ainda em estudo a domesticação do cão.
Em Espanha (ilhas Baleares), tentaram a domesticação de uma espécie de cabra selvagem local (Myotragus balearicus), mas sem sucesso.