Depois de um dia dedicado ao debate sobre a situação do lobo, o Sábado foi para verificar no terreno o que se tem feito no sentido da conservação ou, há quem acredite, da reintrodução do lobo na região. A primeira paragem foi na Quinta dos Lamaçais, onde a DRABI está a desenvolver um projecto de reintrodução do corço, uma das principais presas do lobo. O cercado onde foi reintroduzida a espécie foi concluído em Fevereiro do ano passado, tem uma área de 150 hectares e foram introduzidos 5 corços, um macho e quatro fêmeas, sendo que uma morreu. As restantes fêmeas estavam prenhes e, esclareceu o técnico da DRABI, já foram vistas três crias. O cercado de produção é semelhante aos de Aldeia Velha e Manteigas, e está prevista a sua abertura para dentro de dois anos, o que necessita, anteriormente, de um trabalho de sensibilização das populações, que, como referiu o técnico, está prevista no projecto mas que ainda não aconteceu. «É complicado ir de terra em terra falar com as pessoas que nem sequer conhecem um corço, chamam-nos de "cabras selvagens"», explicou. A apresentação do projecto não agradou de todo aos visitantes, defensores acérrimos da conservação e protecção da espécie lupina, que acusaram o projecto de visar apenas a valorização cinegética da região e que não garante a estabilização da população de lobo. Afirmaram ainda que «ninguém garante que estes corços que vêm de França não tenham raiva, que pode ser transmitida ao lobo». Defenderam ainda que «teria mais lógica que estes projectos fossem instalados em zonas de ocorrência de lobo» e que «mais valia não importarem os corços, uma vez que depois não há um trabalho posterior de acompanhamento e monitorização». O técnico da DRABI, confrontado, referiu que tem «garantias que os animais estão em condições» e que por isso «não foi feita qualquer quarentena aos animais». Admitiu ainda que «realmente falha a parte de acompanhamento, mas está prevista no projecto».