Combustíveis: A económica tentação de atravessar a fronteira
Gasolineira em Ayamonte sempre cheia de clientes, muitos deles portugueses
Na semana em que os combustíveis atingiram máximos históricos, o «barlavento» fez-se à estrada e foi comparar os preços na fronteira do Guadiana. Se escolher os dias certos, pode poupar 15 euros por depósito.
Não fosse o colapso no sistema bancário que, na passada quinta-feira, atingiu todo o sistema de pagamentos electrónicos em Ayamonte (Espanha), e (ainda) maior teria sido o lucro daquela que é uma das gasolineiras que mais vende em toda a Península Ibérica.
«No se puede pagar con tarjeta» [não se pode pagar com cartão], dizia em tom atarefado o funcionário do posto BP frente ao Centro Comercial Plaza de Ayamonte, o que levava a maior parte dos consumidores portugueses a abrir a carteira, olhar para os trocos e ver quanto podiam investir em combustível.
«Só tenho 20 euros comigo, mas estava a contar atestar o depósito», dizia uma consumidora portuguesa. Ao menos, ainda se poupa alguma coisa», desabafava para o funcionário que pouco se parecia importar com a situação.
E poupou mesmo. Enquanto os biocombustíveis não chegam ao Algarve e os preços dos combustíveis nacionais não param de subir, são às centenas os algarvios que continuam a procurar alternativas à escalada dos preços, mesmo que isso signifique atravessar a fronteira.
A situação é de tal modo evidente que, durante um périplo feito pelas gasolineiras de Vila Real de Santo António, o «barlavento» não encontrou uma única viatura a abastecer nos cerca de dez minutos que permaneceu junto a cada posto.
Pelo contrário, em Espanha, o ambiente que se vive na bomba de gasolina junto ao centro comercial Plaza de Ayamonte é de permanente azáfama e os abastecimentos são demorados, já que ninguém quer regressar a Portugal de depósito vazio. O mesmo cenário acontece uns metros mais abaixo no posto espanhol… da Galp.
Mas vamos às contas, tomando como base de referência os preços fixados na passada quinta-feira, nos postos de Portugal (Vila Real de Santo António) e Espanha (Ayamonte).
O primeiro destaque terá de ir para a gasolina sem chumbo 95, onde as diferenças de preços, entre os dois países, ascendem praticamente aos 36 cêntimos (70 escudos) por litro.
Já no caso do gasóleo normal (que em Portugal atingia o valor máximo de 1,32 euros), Espanha conseguia, na semana passada, fixar o preço 25 cêntimos abaixo da tabela nacional, cifrando o litro do chamado «gasóleo A» na barreira dos 1,078 euros.
Nos restantes combustíveis nobres – gasóleo extra e sem chumbo 98 – as diferenças entre as duas margens do Guadiana oscilavam entre os 20 e 26 cêntimos, respectivamente.
Outra nota de destaque terá novamente de ir para a gasolina sem chumbo 95, que em Vila Real de Santo António estava a ser vendida 11 cêntimos mais cara que o gasóleo, ao passo que em Espanha a diferença de preços entre os dois produtos era inferior a um cêntimo.
Fonte: Barlavento Online
Preços em Ayamonte onde abasteço o carro:
Façam as contas e vejam lá se não compensa.