Modelos como o AROME só não são mais críticos para o IPMA devido à reduzida dimensão do país.
A supercomputação permite integrar mais dados no modelo (regional), já que são personalizáveis.
Para os Açores, a dada altura, tinha a infeliz tendência de mostrar acumulados absurdos (60 a 90mms em 3h) no dia 2. Como atualmente raramente vejo as cartas, o fim de semelhante fenómeno já seria excelente (isto sou eu a otimista acerca das decisões do IPMA continental).
Há uma espécie de mito aqui no fórum referente ao sul do país, do "tudo foge para Espanha".
É mito no sentido em que para aonde "foge tudo", na realidade chove ainda menos em média que no Algarve e baixo Alentejo.
Mas ... há qualquer coisa nessa conversa que é verdade.
Parte desse "mito" não é porque as células fogem sempre para a Andaluzia, é porque muitas vezes os modelos seja de baixa ou alta resolução metem uma circulação pelo Algarve mas depois na realidade acabam muitas vezes a circular entre o limite do sotavento algarvio e a Andaluzia.
Desde há uns anos para cá tenho uma teoria sobre isso, sobre esse viés nos modelos, e na minha opinião é a de que os modelos globais não tem resolução para simular toda a convergência dos níveis baixos que existe entre o sotavento algarvio, norte de Marrocos e o estreiro de Gibraltar.
E nos modelos de alta resolução acontece outro factor, se repararem os domínios deles geralmente abarcam apenas o país e pouco mais.
No caso da península ibérica, e em particular do Algarve, maior parte dos domínios incluiu uma pequena faixa do norte de África/Marrocos.
Mas deveria incluir toda a cadeia do Atlas marroquino, tem uma gigantesca influencia na circulação nos níveis médios, por exemplo de uma depressão a oeste/sudoeste de Portugal continental.
Parte de viés de modelos vem daí, não só não modelam bem por exemplo a crista de altas pressões do norte de África, talvez por falta de dados que existem noutras regiões mais a norte, nos modelos globais,
como depois nos modelos de alta resolução cadeias enormes de montanhas como o Atlas são praticamente excluídas do domínio em que correm esses modelos.
Sobre isto, estas coisas deveriam despertar o interesse de investigadores, malta nova, tentar simular uma e outra vez condições da atmosfera, para tentarem encontrar uma possível causa de certos vieses.
E isso passa por termos cá os recursos computacionais para correr essas simulações., Não é um tipo qualquer em França com acesso aos supercomputadores da Meteofrance que se vai preocupar com um eventual viés de um modelo no sul de Portugal.
Sobre os Açores, isso é ainda mais complicado, as ilhas são uma pequenez num oceano gigante. Pessoalmente faria o mesmo que tu, os modelos são apenas para ter uma ideia do padrão geral, avaliar riscos, e depois acompanhar na hora.
Mas mesmo aí, com recurso a processamento intensivo de dados atuais e históricos, seria possível obter resultados que pudessem ajudar pelo menos a encontrar ou "medir" probabilisticamente certos vieses ou erros.