Acho que percebes-te mal o que ele quis dizer. O Miguel tem razão no que diz, o norte é muito mais menosprezado que o centro. Basta ver a previsão do Meteogalicia e da AEMET, para se ver as diferenças das previsões no dia de hoje. E quanto ao mandar e-mails para o IPMA, como tu referis-te noutro tópico, nem vale a pena, estou cansado de escrever e não obter respostas. Talvez o nosso país merecesse um organismo melhor. Há situações que a falta de dinheiro deixa de ser desculpa para tudo.
Bom, isso já é conversa a ir para outros caminhos, que não o que se falou ontem. Há tanta coisa que se pode criticar no IPMA, a começar pelas estações off, que me parece um bocado exagerado tanto drama por causa duma célula de curta duração que se formou ontem na fronteira. Às vezes as coisas derrapam um bocado para o absurdo, e assim outras criticas mais que merecidas perdem valor no meio de futilidades.
Agora, em relação ao que dizes, o IPMA tem muitos problemas bem maiores, a começar pelo orçamento reduzido. Agora não sei, mas em tempos andei a investigar, e só o da Meteogalicia era para aí mais de metade do do IPMA. E em Espanha o da AEMET é infinitamente superior. E tal como na Galiza, depois ainda existem mais 2 ou 3 serviços regionais autónomos, Catalunha, País Basco, etc, que até se dão ao luxo de ter os próprios radares. É outra realidade que não a nossa.
Não deve haver pessoas que gostem mais da Meteogalicia que eu, a rede de estações, os dados todos que fornecem em tempo quase real, os dados raw dos modelos que oferecem gratuitamente, as saídas do WRF da nossa página são fornecidas pela Meteogalicia por exemplo. Mas isso tudo custa muito dinheiro, e o dinheiro parece não abundar por cá.
Se há segregação regional, epa, sinceramente não me parece. Andam para aí estações offline que não parecem escolher regiões. Ainda há umas semanas em Lisboa acusavam o IPMA de não previsto umas inundações, para pouco depois quando se repetiram e já se previa qualquer coisa, afirmarem que afinal "não existe solução para as cheias em Lisboa".
O facto de te não responderem a emails, isso é um problema geral, é uma incultura muito enraizada no Estado português que já vem da ditadura, de pouco profissionalismo, de não se entender que o Estado e os seus funcionários servem os cidadãos, e não o contrário, e isso vai muito para além do IPMA.
E posso dar-te um exemplo de que isso não é um problema do centralismo de Lisboa, é geral no Estado, seja central ou local. Também aqui há poucas semanas vi um vereador da protecção civil a fazer umas declarações sobre umas cheias nuns túneis, e ele fez uma grande confusão entre o 5ºSetembro mais chuvoso de sempre em Lisboa e a realidade nacional. Mandei um email a esclarecer isso, e até dei umas sugestões, de como um gabinete municipal de protecção civil pode até usar dados de estações amadoras (ou ter um pequena rede própria) e perceber que está a ocorrer uma situação muito anómala e que rapidamente pode mobilizar meios para evitar problemas de maior. Nunca obtive qualquer resposta a esse email, nem sequer uma resposta automática.