Previsão do Tempo e Alertas - Agosto 2008

O calor foi quase todo ao chão :lmao::lmao: o pouco que ficou parece gelatina, e claro, a chuva xau xau boa noite retiraram alguma, ainda nós queremos trovoadas, o frio lá de cima é muito (atmosfera) não deixa nada passar, a humidade é muito pouca seca as nuvens :angry: :lmao:

Mário, um pouco menos de circo por favor, já sabes quais são as regras deste tópico.
 
O calor foi quase todo ao chão :lmao::lmao: o pouco que ficou parece gelatina, e claro, a chuva xau xau boa noite retiraram alguma, ainda nós queremos trovoadas, o frio lá de cima é muito (atmosfera) não deixa nada passar, a humidade é muito pouca seca as nuvens :angry: :lmao:

concordo plenamente!
isto ta uma seca......e la ta o GFS a mandar runs "áh...depois logo se vê........." , ou seja extremamente confusos.
 
O que é expectável para os próximos dias com esta mudança do Tempo:


Temperaturas Máximas

temp-16.jpg





Precipitação:
A chuva chegaria com uma frente na madrugada de sábado e deverá afectar à partida apenas o norte e eventualmente o centro com menos intensidade.
Talvez uma frente idêntica à de poucos dias atrás.


ECMWF/IM
Animação entre a madrugada de sábado e tarde de Domingo
Precipitação em 6 horas por frame

ecm-9.gif




GFS
Animação entre a madrugada de sábado e tarde de Domingo
Precipitação em 6 horas por frame

gfs-21.gif




Na madrugada/manhã de 2ªfeira chegaria uma outra frente também em princípio confinada ao norte mas como isso já é a demasiados dias de distância não vale a pena falar disso.


E o que se pode esperar para a próxima semana ? Regresso das temperaturas normais para a época ? Ou não ?
À partida sim, é isso que diz um ensembe do GFS apontado mais ou menos para o centro do país:

ens-5.jpg


No entanto há alguma instabilidade nos modelos e como há membros que se mantem abaixo da média, pode acontecer o contrário. Os próximos dias mais frios também começaram a ser um ensaio no sábado passado de um membro isolado e acabou por ser esse a levar a avante contra a maioria do ensemble.
Mas julgo que quando o Jet nos sair de cima regressará a estabilidade, quer ao tempo quer aos modelos. O Jet tão próximo cria bastante incertezas porque pequenas alterações neste tem consequências bastante ampliadas.
 
Sábado a uns dias atrás seria o principal dia para se ver a chuva agora é alem de Sábado o dia de Domingo e madrugada de Segunda :) A norte de Setubal vai dar para se registar 1mm a 5mm:D no extremo Norte poderá registar até 10mm a 15mm acomulados... a ver se tenho a sorte de registar 1mm :lol: o calor para a semana continua a ser mostrado em particular para o Sul ;)
 
O ecmwf retirou nesta ultima run(12) muita da chuva que podia vir, e a longo prazo da previsão verifica-se uma situação de nortada intensa, a unica execpção poderá ser na próxima terça feira onde poderá haver uma ligeira subida de temperatura no litoral oeste.
Pode-se ver a discrepancia entre modelos a longo prazo ,o que é normal.
 
Agora é ir acompanhando qual a tendência ;) mas para já uma coisa é certa a chuvinha ainda que pouca para este fim de semana onde apenas se safa o baixo Alentejo e Algarve :)
 
podem-me explicar este modelo?
ainda sou pó novato....


Esse mapa mostra o CAPE (Convective available potential energy ) e o LI (Lifted Index).
Muito resumidamente o primeiro mede a energia disponível numa parcela de ar e o segundo é um indice de instabilidade do ar, se for positivo a atmosfera é estável, o ar não sobe, se for negativo a atmosfera é instável, bom para as trovoadas. Para ficares por dentro do tipo de valores e o seu significado dá uma olhadela neste texto em espanhol:
http://www.tiemposevero.com/ver-reportaje.php?id=96


Isto é a parte fácil, mas uma vez existindo CAPE isso pode não significar que haja trovoadas, muitas vezes há CAPE e LI e não se passa nada, ou pelo contrário, às vezes há valores modestos e ocorrem trovoadas.

Para além do CAPE é preciso ver a humidade prevista e como ela está distribuida na atmosfera. Para trovoadas interessa-nos muita humidade, pois ao contrário do que tinhas referido há dias, a maior parte da energia não vem do calor mas da humidade, o ar saturado e instável ao subir condensa e liberta energia na forma de calor. O ar quando sobe arrefece, mas o arrefecimento do ar saturado é mais lento que o envolvente continuando a subir. Quanto mais instável estiver mais rápido sobe, numa trovoada intensa o ar pode subir até velocidades de 150 ou mais km/h. É tanto mais extrema quanto maior for a velocidade vertical.

O calor também é muito importante, o ar quente retêm mais vapor de água que o frio, mas precisa de ter humidade, quanto mais humida e quente estiver a parcela de ar que subir melhor, mas não é a temperatura à superficie num dado momento e local que define tudo, mas sim a diferença da temperatura de uma parcela de ar em relação à que a rodeia, daí que seja pouco relevante estarem 30 ou 40º, interessa é a diferença da temperatura de uma determinada parcela de ar em relação ao ar que está por exemplo acima dela, daí é que vem a instabilidade do ar. Quanto maior for o gradiente térmico vertical em relação ao gradiente adiabático. mais instabilidade há. Por norma a única limitação se não estou em erro é do ponto de orvalho estar pelo menos a 12,5ºC, embora em situações muito específicas haja trovoadas até com neve que tem a ver com aquilo que se chama trovoadas elevadas, tudo ocorre em niveis mais altos do que as trovoadas banais. A pressão atmosférica como referiste há dias não tem grande interesse neste assunto.


Mas para além de ter que haver muita humidade, também interessa o modo como ela está distribuida. Precisamos de humidade nos niveis mais baixos da atmosfera, mas atenção, não é apenas a humidade que temos à superficie, é a humidade mais ou menos até aos 700hPa. Normalmente vemos a humidade para trovoadas nos modelos num mapa de 700hpa, aqui por exemplo nestes outputs do GFS onde diz "700 hPa relative Feuchte", humidade relativa aos 700hPa:
http://www.wetter3.de/animation.html

São mapas destes, este por exemplo mostra a humidade prevista aos 700hPa para hoje à meia noite:

hr-2.gif



Este mapa é prático e rápido, mas por vezes engana pois pode haver por acaso humidade aí e não existir mais abaixo, ou até existir humidade mais do que suficiente para trovoadas um pouco mais abaixo e nos 700hPa por coincidência não.

Podemos por exemplo ver como está atmosfera na realidade, recorrendo às sondagens, só que em Portugal só há uma diária, em Lisboa e Funchal pelo meio dia, podes consultá-las aqui:
http://weather.uwyo.edu/upperair/sounding.html

Sempre é uma ajuda embora se for muito longe destes locais torna-se irrelevante e conforme o dinamismo da atmosfera em pouco tempo estará desactualizado e de pouco ou nada serve. Às vezes dá uma ajuda, eu costumo usá-las para confrontar a situação real com a prevista em Lisboa e perceber se o modelo pelo menos nesse local está certo, o que geralmente já é um indicio positivo de que noutros locais não estará muito errado.

A alternativa é recorrer aos modelos e traçar um perfil vertical da atmosfera, uma especie de sondagem virtual sobre o que eles estão a prever para determinado local e hora. Mas como tudo em previsões de modelos, são faliveis e podem estar a fazer uma previsão mesmo de curto prazo e depois na realidade a atmosfera não ter as características que previam.
Esse tipo de diagrama chama-se Skew-T e há muita informação na Net a ensinar como interpetá-los.

Por exemplo este é a previsão para a data e hora do mapa que o Miguel pôs, apontado algures no mar a sul do Algarve:

skew.gif


Quem saiba interpretar este diagrama vê que há uma boa camada de humidade abaixo dos 700hPa, fazendo as contas, o ar tem cerca de 55-60% de HR, não é fabuloso mas também não é nada mau. Quanto mais proximas estiveram as linhas verde (ponto de orvalho/condensação) da linha vermelha (temperatura) abaixo dos 700hPa melhor. Se as linhas estivessem mais próximas seria muito melhor pois teriamos uma atmosfera muito mais saturada, mais energia disponível para a trovoada.

Comparativamente podes olhar por exemplo para a sondagem de Lisboa feita hoje ao meio dia:

lx.gif


Neste diagrama vemos que para além de alguma humidade à superficie, temos uma inversão nos 900 hPa com o ar muito mais seco, mas 900 hPa é baixo, em termos de humidade disponível torna-se muito curto se por acaso existissem condições para uma trovoada (que não existem).


Depois há os pormenores que fazem muita diferença, por exemplo o ideal para uma valente explosão convectiva é teres uma inversão térmica acima desta camada de humidade e se o ar aí estiver mais seco melhor. Daí aquilo que disse mais acima, não basta ter humidade também interessa ver como está distribuida.

Se tivermos uma parcela de ar abaixo dos 700hpa (ou um pouco acima ou um pouco abaixo) e se existir uma inversão térmica com ar seco por cima do ar humido, quente e instável, este último fica aprisionado. Mas nalgum local para onde evolua esta parcela de ar vai acabar por dar-se uma ruptura e o resultado é como se abrisses uma garrafa de champanhe depois de a abanares. O problema é saber aonde e quando vai saltar a rolha da garrafa, falo disso mais abaixo.

Para exemplificar o que disse podes ver este Skew-T com a tal inversão térmica e ar seco a servir de tampão ao ar saturado abaixo dos 700hPa:

0.jpg


1.jpg




Para finalizar, ainda não acabou, não basta ter CAPE, humidade e instabilidade, falta o mecanismo de disparo. Tem que haver sempre qualquer coisa que a certa altura faça com que os acontecimentos se precipitem.

Pode ser o próprio ar só por si que adquire as caracteristicas necessárias, ou fenónomos convergência à superficie, pode ser uma coisa tão simples como uma pequena elevação no terreno (convergência orográfica) ou por exemplo induzida por uma frente ou até uma mesofrente de outra trovoada, ou uma advecção de ar nos niveis baixos, convergência de ventos de direcção distintas que forçam o ar a subir, etc,etc, ou seja, qualquer coisa que force o ar a certa altura a subir um pouco e a precipitar os acontecimentos. Em teoria até pode ser uma mera borboleta a gota que faz transbordar o copo.

Esta é a parte mais dificil nas trovoadas e por isso são tão lixadas de prever onde vão ocorrer. Há algumas ajudas, desde informação dos modelos que prevêm zonas de convergência, etc.


Para além disso tudo tens coisas importantes como o windshear ou a divergência nos niveis altos. O windshear também dá para ficarmos com uma ideia dele no skew-T, do lado direito dos diagramas ou recorrendo a modelos para isso. Para haver uma boa trovoada tem que haver windshear. É pelo windshear que sabemos se ela à partida será curta, se será uni ou multicelular ou até uma supercelula.


A meteorologia convectiva é um mundo, é preciso estudar bastante, mas a partir dos skew-T's ou de modelos especializados é possível prever bastante, até variados fenónomos como a ocorrência de granizo e o tamanho dele, as rajadas de vento, downburt's, tornados, SCM's, etc,etc.

Mas mesmo quem saiba imenso disto tudo muitas vezes falha as previsões, pois depende-se sempre bastante dos modelos, e é impossível os modelos preverem com exactidão o estado da atmosfera. A única forma seria termos sondagens em todo o lado e a todas as horas, mas isso ainda mais impossível é :)


Por último, o mapa que o Miguel pôs não tem grande interesse, é uma previsão a 348 horas, é pura ficção ainda para mais nas trovoadas. Muitas vezes nem a saída umas horas antes é fiável dada a complexidade de condições que tem que estar conjugadas para se dar uma trovoada num determinado local.
Ele só pôs porque nesses dias o GFS previa finalmente o Jet a estrangular a SW do país (uma boa localização) e a formar uma depressão em altura que são optimas para as trovoadas por causa do tal gradiente térmico que falei mais acima. E há imensos meses que nós não vemos nada disto, resta o consolo de olhar para o mapa mesmo a 348 horas.
 
boas

Alagerve hihi :D :D :D , não pode vir uma chuvinha que eles já nem escrever sabem :D

que belo post Vince não serás tu o nosso novo AA :)

mais uma boa noticia, o estofex já marca alguma coisa, mas apenas no norte :angry:

showforecast.cgi


passado não sei quantos dias temos de novo uma linha amarela em cima do nosso canto.

abraços