Previsão e Seguimento de Furacões (Atlântico 2022)

Ian continua lento, como alguém a correr devagar, pela península da Florida...

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Muitas células a entrar pela costa Leste, zona de Daytona Beach.

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12 horas depois, Ian chegou novamente ao Atlântico tendo perdido a intensidade de furacão, é agora uma tempestade tropical mas vai adquirir novamente a designação de furacão ao atingir o limite inferior da categoria, 65 nós, força que vai manter até ao próximo landfall na Carolina do Sul amanhã à tarde.

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Note-se a imensa área com ventos máximos de Depressão Tropical.
Ian tem sido especialmente um ciclone com grande potencial de precipitação e assim vai continuar ao entrar novamente no continente:

Acumulados superiores a 150 mm...
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e risco ainda moderado de cheias repentinas.
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Rasto de destruição em Fort Myers :(



 
Rasto de destruição em Fort Myers :(




A última imagem é bastante clara, prédios em betão os estragos são pouco evidentes, já as casas de madeira foram completamente arrasadas pelo vento.
 
A última imagem é bastante clara, prédios em betão os estragos são pouco evidentes, já as casas de madeira foram completamente arrasadas pelo vento.
Sem dúvida, tinha reparado no mesmo quando vi a foto. Sempre tem sido uma coisa que me faz alguma confusão até porque nas zonas onde normalmente há tornados, grande parte das casas também são feitas em madeira. No entanto, uma vez estive a ler o porquê de nos EUA se optar muito pela madeira e um dos motivos, por exemplo, é o facto de ser mais fácil reconstruir uma casa em madeira após a ocorrência de uma catástrofe.
 
Sem dúvida, tinha reparado no mesmo quando vi a foto. Sempre tem sido uma coisa que me faz alguma confusão até porque nas zonas onde normalmente há tornados, grande parte das casas também são feitas em madeira. No entanto, uma vez estive a ler o porquê de nos EUA se optar muito pela madeira e um dos motivos, por exemplo, é o facto de ser mais fácil reconstruir uma casa em madeira após a ocorrência de uma catástrofe.
E por terem madeira à discrição nas florestas continuamente a ser abatidas. Matéria prima muito mais barata. Casas pré-fabricadas. No entanto é ilógica a maior perda dos bens interiores, certamente menor numa casa de alvenaria.
 
Já é furacão de novo, 65kt 986mb

Apesar de ainda ser um pseudo-olho é possível ver nesta imagem muitos mesovortices.
Inclusive dá para vê-los também no radar.



E apesar de ter o aspecto de um "hÍbrido", consegue atingir os 75 nós antes do último landfall:
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Landfall que tem sido puxado cada vez mais para norte, deixando a Georgia sem aviso de furacão e passando a abranger uma pequena parte da costa da Carolina do Norte:
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Mantém-se a previsão de acumulados superiores a 150 mm e o risco moderado de cheias repentinas, estas podendo ocorrer bem para o interior
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A convecção profunda, nos quadrantes norte, está completamente desgarrada da circulação central nos níveis baixos:

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Última edição:
Sem dúvida, tinha reparado no mesmo quando vi a foto. Sempre tem sido uma coisa que me faz alguma confusão até porque nas zonas onde normalmente há tornados, grande parte das casas também são feitas em madeira. No entanto, uma vez estive a ler o porquê de nos EUA se optar muito pela madeira e um dos motivos, por exemplo, é o facto de ser mais fácil reconstruir uma casa em madeira após a ocorrência de uma catástrofe.

É uma questão que já coloquei directamente a várias pessoas residentes no famoso "Tornado Alley", nas vezes que lá estivemos. E as respostas são sempre as mesmas: "É muito mais barato construir em madeira"; "Parecendo que não, a probabilidade da minha casa situada algures no meio do Tornado Alley, numa área enorme, ser atingida por um tornado (que tem um diâmetro relativamente pequeno), é pequena"; "As casas têm seguro para estas catástrofes, e no caso de danos, rapidamente constroem uma nova".

É preciso ver que muitas daquelas pessoas que ali habitam no meio do Texas, Kansas, etc.., não têm assim muitas posses, e construir em betão é muito caro.

Agora, no caso da Flórida, por exemplo, que de vez em quando levam com um furacão destes, as probabilidades de terem danos nas casas, já serão muito maiores (dado o raio de acção de um furacão), e uma construção mais robusta, se calhar ajudava na prevenção dos muitos danos e mortes que ocorrem neste tipo de eventos. Mas se calhar, as poucas casas em betão que por ali se vêem, serão daquela malta bem mais endinheirada, digo eu...

Enfim, parece-me que é algo já muito enraizado naquela cultura e as pessoas nem sequer consideram construir em betão quando compram ou constroem a sua casa...
 
Eles também tem tradicionalmente mais mobilidade social, Portugal não estamos muito habituados a isso, quer seja porque somos mais reticentes a afastarmo-nos das famílias quer porque somos pobres e muita gente tem apenas reformas de miséria, de contrário seria por exemplo muito mais usual um casal de reformados do norte ir por exemplo gozar a reforma para o Algarve se gostam de sol ou para uma pacata e simpática aldeia do interior se gostam de sossego.


Sobre construção na Flórida houve uma grande reforma em 2003, Florida Building Code (FBC)



e construções depois dessa altura aguentam isto, pelo menos estruturalmente, pois já se sabe que com ventos há sempre telhados, anexos, jardins, árvores, que vão à vida. Mas a casa fica.

Mas há a maré de tempestade, isso é devastador, é um tsunami que demora longas horas. O edificado não é afetado, mas o recheio, viaturas ... e a vida.
Essa estrada que coloquei atrás, foi a maré que também levou um segmento da ponte que se vê na mesma fotografia.
Mas também parece uma coisa literalmente construída em cima de areia.

Depois nos EUA há uma coisa muito disfuncional, os seguros de inundações que na prática são subsidiados a nível federal.

Por um lado foi com a melhor das intenções porque as pessoas não poderiam pagar prémios seguros muito elevados face ao risco real,

por outro lado isso gerou uma distorção enorme porque se construiu muito em locais de risco que nunca teria sido construído pois em muitos casos certamente ficava mais caro o seguro que a casa propriamente dita.


The Great Lie of American Flood Risk
MAR 14, 2017

A national program sells flood insurance to millions of Americans—using flood projections that are sometimes decades out of date.



E alguém acha Cape Coral uma coisa lógica de se construir em 1957 ?



Entretanto como é fácil de prever este furacão vai estoirar com todo o sector de seguros e mercado imobiliário da Flórida, vai ser algo apocalíptico. Nem quero imaginar.


E voltando ao princípio, a tal mobilidade social, centenas de milhares de famílias vão pegar nas suas coisas e vão viver para outra zona dos EUA pois não querem voltar a passar pelo medo que passaram nestes dias.
Mas se os seguros não trplicarem, outras centenas milhares que não passaram por esse sofrimento irão para lá depois, é da natureza humana.