Boas..
Para o dia de Domingo são possíveis algumas células convectivas com risco pontual de rajadas severas e precipitação excessiva.
Análise/Discussão
Um forte anticiclone subtropical de níveis médios e altos afecta todo o oeste de África, com ar tropical que sobe desde a ICTZ e contorna o continente, entrando pela Península Ibérica.
A oeste da Península uma perturbação em altura mantém-se no Atlântico, com escoamento de ar tropical com origem no Atlântico central, que conflui sobre a Península Ibérica.
Associada á perturbação em altura, uma short wave deverá avançar a oeste de PT continental, com forçamento dinamico intenso e sobreposição do jet subtropical, originando uma ciclógenese rápida que estará em progresso durante o período.
No sector quente, sobre PT continental, uma massa de ar tropical profunda ocupa todas as camadas da Atmosfera, que se apresenta saturada, com espessuras geopotenciais altas e fracos gradientes térmicos verticais/pouca instabilidade.
Existem dois elementos que poderão assistir á genese de alguma convecção.
1- A frente fria, de caracter anafrontal, associada á região de cicógenese que passa a NW, que deverá afectar o norte e centro, tornando-se estacionária e acabando por se diluir.
É provável que junto desta surja alguma convecção forçada por mecanismos frontais, convecção essa que devido aos fracos gradientes térmicos/CAPE não será profunda..
Apesar de tudo, dados os fortes ventos de S nos niveis baixos e um poderoso low/mid level jet nos níveis médios ( 30-40m/s aos 850-500hpa), as estruturas que surjam poderão organizar-se brevemente em segmentos lineares com risco de rajadas severas e potenciando a precipitação, que dados os extraordinários valores de água precipitavel será desde logo forte e persistente mesmo sem que haja convecção associada.
2- Na região sul, mais longe da região baroclinica, a nebulosidade será menor, pelo que o ar quente e húmido sofrerá aquecimento diurno á medida que se desloca para norte.
Ao longo do Vale do Tejo haverá um gradiente de temperatura devido ao aquecimento diferencial entre o ar que chega de sul, onde não há nuvens, e o ar presente mais a norte onde há nuvens e a temperatura é inferior.
Esta área de gradiente terá um comportamento de frente quente, e forçará a genese de alguma nebulosidade convectiva.
Alem disto, o aquecimento do ar que chega de sul poderá ser suficiente para disparar o CAPE para valores da ordem dos 400-800J/kg, que poderão suster convecção mais robusta.
Para o meio/fim da tarde a frente quase estacionária deverá chegar até ao Vale do Tejo, incrementando a convergência.
Assim sendo, alguns nucleos convectivos poderão disparar, num ambiente dinâmico similar ao presente junto da frente fria, caracterizado por forte shear direccional e forçamento/instabilidade adequados...num contexto que volta a favorecer a organização temporária da convecção em segmentos lineares e training lines capazes de gerar rajadas severas e precipitação excessiva.
Caso hajam bolsas de CAPE mais significativo, algumas estruturas supercelulares não são de descartar, e até mesmo uma tromba ou tornado fraco poderão ocorrer.
Por estes motivos coloco um nivel amarelo tanto para o litoral norte e centro como para partes do interior centro e sul, cobrindo as duas áreas acima discutidas.
A instabilidade em geral fraca e a tendencia para convecção pouco extensa na vertical limita para já a confiança num nivel de risco superior.
É tambem de referir que os modelos manteem alguma inconsistencia quanto ao contexto sinóptico exato que se desenvolverá, nomeadamente quanto á posição e evolução da frente fria.