Seguimento - Incêndios 2016

Isto é crime organizado sem dúvida, algum tipo de máfia com interesses que nos passam completamente, árvores,plantas, animais.. isto tem de ser severamente punido e devem haver leis que impeçam que se faça seja o que for nas áreas queimadas como a plantação de eucaliptos ou o aproveitamento da madeira. Se isto continuar a ocorrer com esta frequência depressa aceleramos a desertificação. Todo o meu apoio e força vão para os soldados da paz e para aquelas pessoas que tudo fazem para os ajudar. :(

Se repararem na hora de início dos incendios, em fogos.pt, a maioria ocorre de madrugada ou das 21H às 09H. Não são causas naturais, certamente! Não sei se é crime organizado, por negligencia e com dolo por motivos fúteis, é concerteza. Quando os incendiários começam geram a loucura noutros potenciais incendiários pelo resto do país.
 
Não tenho a certeza, mas penso que os meios de vigilância, durante a noite, desmobilizam em grande parte.
O que é espantoso ( para não dizer uma palavra mais feia, que dá vontade), tendo em conta os estudos que apontam para o surgimento de quase um terço dos incêndios de noite e destes boa parte atingem grandes dimensões por falta de serem detectados em tempo útil.

E pode haver situações de crime organizado, mas também já deu para ver os estragos que simples sociopatas fazem com simples isqueiros ou uma caixa de fósforos. E de certeza que também andam por aí de noite.
Na minha opinião, já era tempo , tendo em conta os estragos monstruosos a todos os níveis e o caos que provocam, dos incendiários serem equiparados e julgados como terroristas.
 
Reativação do incêndio em Gondomar, mais de 270 bombeiros. Novo incêndio também em Idanha a Nova já a mobilizar 77 bombeiros e 3 meios aéreos
a lista das ocorrências importantes no site da PROCIV não pára de aumentar e ainda falta a tarde....
 
INCÊNDIOS
Porque arde Portugal?
9/8/2016, 23:041.905

O país está coberto de fogo, fumo e cinzas. As condições meteorológicas anómalas ajudam a explicar o fenómeno, mas não basta. O sistema de resposta e combate a incêndios "quebrou". Quebrou porquê?


"Em apenas dois dias arderam 50 mil hectares", lamenta o investigador Paulo Fernandes

Paulo Cunha/LUSA
“Esta vaga de incêndios não é propriamente uma surpresa. A memória das pessoas é que é relativamente curta”. A sugestão é de Paulo Fernandes, especialista em incêndios e investigador no Departamento de Ciências Florestais da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). Foram precisos apenas “dois dias” para arderem “50 mil hectares” e, por muito tentador que seja, não é possível justificar esta anormal vaga de incêndios exclusivamente com a “anomalia meteorológica” que se sente sobretudo no noroeste do país, para lá do Rio Lima. Não chega. Esta, diz o investigador, “é a prova provada de que não é preciso muito para o sistema quebrar“.

E quebrou porque o sistema de prevenção e combate a incêndios é estruturalmente desajustado, assume o especialista. “O país precisa de uma reforma estrutural na forma como se combatem os incêndios em Portugal”. Os “anos benignos”, em que as condições meteorológicas e ambientais foram menos severas, permitiram “disfarçar” as debilidades do sistema português, a anos-luz dos congéneres espanhol, italiano e francês, por exemplo, e transmitiu um “falso sentido de sucesso“.


Este falso “sentido de sucesso”, nas palavras do investigador, serviu apenas para esconder a “muita descoordenação” entre responsáveis e autoridades, a descoordenação também na forma como são utilizados “os meios disponíveis” e na adoção de estratégias mais eficazes no combate aos incêndios. Desde o início de 2000, “houve mudanças positivas”, mas foram “tímidas” e, não raras vezes, desajustadas. À cabeça, a desproporção do investimento feito nos meios e estratégias de combate aos incêndios, em detrimento do investimento necessário para a prevenção.

Em 2013, a Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC) dava conta que o dispositivo de combate a incêndios tinha um custo previsto de 74 milhões de euros, enquanto a prevenção mereceria apenas um investimento de cerca de 20 milhões. Daí para cá, o desequilíbrio mantém-se. “O sistema de combate a incêndios está divorciado do sistema de prevenção“, sublinha Paulo Fernandes. Em situações de crise como esta os sinais desse desequilíbrio dão de si.

É isso que diz também José Cardoso Pereira, professor catedrático do Departamento de Engenharia Florestal do Instituto Superior de Agronomia (ISA), ao Observador. “O sistema é vítima do seu próprio sucesso. O ênfase colocado no combate aos incêndios tem efeitos que a curto-médio prazo são perversos. Resolvemos o problema a curto prazo, enquanto acumulamos vegetação nas matas e florestas que depois de servem de combustível”, reitera.

Depois, continua José Cardoso Pereira, há uma certa “atração política de responder com reforço de meios de combate“, ao invés de um plano consistente de prevenção. “É mediaticamente mais atrativo”, aponta. “Vemos todos os dias os noticiários das oito a serem abertos com helicópteros Kamov no terreno. Mas não vemos noticiários a serem abertos com desempregados a limparem as matas”, exemplifica o investigador.

Para isto contribui também um “sistema apoiado em corporações de bombeiros” e em”grupos de pressão política” — com “interesses legítimos”, salvaguarda o investigador — que impele os decisores políticos a colocarem a tónica no reforço de meios de combate aos fogos, quando os esforços deveriam ser concentrados também na prevenção.

Não é de excluir, ainda assim, as características invulgares do território e do clima português, que ajudam a explicar, pelo menos em parte, o porquê de Portugal ter um número anormal de incêndios quando comparado com os restantes países da bacia do Mediterrâneo, como Espanha, França, Itália e Grécia. “A metade do país a norte do Rio Lima, o ‘Portugal Atlântico’, é a zona da Europa onde a vegetação cresce mais rapidamente“. Este ano, em particular, depois de um “inverno e de uma primavera chuvosos”, que “potenciaram ainda mais o crescimento da vegetação”, chegou um verão quente, “uma vaga de calor” a que se juntou, nos últimos dias, um vento forte. “Foi a conjugação fatídica“. Um cocktail explosivo.


Os dois investigadores ouvidos pelo Observador concordam noutro ponto: a atividade humana é uma dimensão fulcral que ajuda a explicar também o número elevado de ignições. “Essa zona do território português é marcada por uma intensa exploração agrícola. As pessoas utilizam o fogo na pastorícia, como ferramenta de trabalho“, muitas vezes de forma negligente, aponta José Cardoso Pereira.

Além disso, está enraizada uma certa “cultura de risco“, completa Paulo Fernandes. “As pessoas não têm perceção do risco em que vivem. Não limpam as áreas que envolvem as habitações. Não há uma cultura de autoproteção“.

Prevenção é a resposta. Mas não chega
Se o diagnóstico é complexo, as respostas possíveis são ainda mais complexas. “O combate aos incêndios é um puzzle, com várias peças por juntar. É preciso atacar em todas as frentes, mas de forma integrada”, admite Paulo Fernandes. O “ideal”, continua o investigador da UTAD, seria colocar a tónica no “reforço da prevenção e da gestão florestal. Mas isso requer muito trabalho e muito tempo”, sublinha. E é preciso encontrar respostas mais rápidas.

Logo à partida, é urgente fazer uma aposta decidida na especialização dos autoridades competentes e em campanhas de sensibilização e fiscalização. “É preciso criar um sistema de combate aos incêndios mais especializado. Em Portugal, continuamos a olhar para os incêndios numa ótica de proteção civil. Não há bombeiros florestais especializados, não existem engenheiros florestais suficientes“, capazes de compreenderem o comportamento do fogo e de aplicar os melhores métodos. “Espanha tem esses meios desde a década de 60“, compara o investigador.

José Cardoso Pereira ajuda a completar o raciocínio. O investigador acredita que Portugal continua longe das melhores práticas no que diz respeito ao uso do fogo controlado para evitar problemas maiores no futuro, na criação de uma rede sólida de faixas de gestão de combustível ou no uso do gado miúdo como técnica ambientalmente sustentável de remoção de vegetação, à semelhança do que já faz, por exemplo, o estado da Califórnia, nos Estados Unidos. Em Portugal, as apostas que foram feitas nesse sentido foram “muito tímidas” e pouco significativas em termos de investimento.

Mas isso são respostas para o futuro. No presente, e apesar do estado de calamidade, a situação não deve agravar-se. “O mais provável é que nos próximos dois, três dias situação se desagrave”. As altas temperaturas, que tanto têm dificultado o trabalho dos bombeiros, devem diminuir. Mas os estragos estão feitos. “Em média, 80% da área que arde num ano arde em 10/12 dias“, lembra José Cardoso Pereira. As próximas horas serão críticas. Depois, prevê-se uma acalmia. No entanto, conclui o investigador, “ficou provado que quando as coisas correm mal, correm realmente mal“. Resta saber como — ou quando — será a próxima vez.

http://observador.pt/2016/08/09/por-que-arde-portugal/
 
Não sou especialista em combate à incêndios, mas lanço uma pergunta inocente. Se, segundo os especialistas e o senso comum, os incêndios ( em grande escala) ocorrem por picos em pequenos períodos com condições meteorológicas especiais, por que razão parece que o dispositivo está sempre disposto da mesma forma, esteja muito ou pouco calor, esteja um Verão húmido ou seco?

Este período de calor extremo já tinha sido aqui no fórum discutido que poderia ser muito problemático.

Por que razão, o dispositivo não aumenta ou diminui conforme as condições climatéricas?

Nestes últimos dias, por exemplo, o dispositivo podia ser reforçado o máximo possível e com o exército e a GNR a patrulhar de forma intensiva as matas, para evitar que os criminosos, os chanfrados ou os adeptos das churrascadas não ateassem fogo. E depois, nestes dias seguintes , com alguma acalmia, desmobilizar um pouco temporariamente.
É assim tão difícil?

Mas, já se sabe, a burocracia é quem mais ordena em Portugal, não é?
 
  • Gosto
Reactions: guisilva5000
Não sou especialista em combate à incêndios, mas lanço uma pergunta inocente. Se, segundo os especialistas e o senso comum, os incêndios ( em grande escala) ocorrem por picos em pequenos períodos com condições meteorológicas especiais, por que razão parece que o dispositivo está sempre disposto da mesma forma, esteja muito ou pouco calor, esteja um Verão húmido ou seco?

Este período de calor extremo já tinha sido aqui no fórum discutido que poderia ser muito problemático.

Por que razão, o dispositivo não aumenta ou diminui conforme as condições climatéricas?

Nestes últimos dias, por exemplo, o dispositivo podia ser reforçado o máximo possível e com o exército e a GNR a patrulhar de forma intensiva as matas, para evitar que os criminosos, os chanfrados ou os adeptos das churrascadas não ateassem fogo. E depois, nestes dias seguintes , com alguma acalmia, desmobilizar um pouco temporariamente.
É assim tão difícil?

Mas, já se sabe, a burocracia é quem mais ordena em Portugal, não é?

Os incendios mais relevantes ocorrem na maioria, durante o mês de Agosto. É impressionante a quantidade de incendios iniciados entre as 21H e as 09H, quando nem há condições propícias à sua deflagração por causas naturais.

- Existe um desinteresse em mexer na ordenação do território florestal
- Existe um desinvestimento na justiça e na segurança pública (GNR, PSP):

Centeno limita novas contratações na PSP
"O Ministro das Finanças alega constrangimentos orçamentais para reduzir o número de novas contratações de 800 para apenas 300, escreve o Correio da Manhã."

Fonte: http://www.jornaldenegocios.pt/econ...centeno_limita_novas_contratacoes_na_psp.html
 
  • Gosto
Reactions: guisilva5000
tendo a desconfiar da expressão "não há condições propícias à sua deflagração por causas naturais", só porque é de noite.

Olhamos para as estações e várias marcaram temperaturas, humidades relativas do ar anormais, aberrantes.
 
Um morto e duas viaturas dos sapadores destruídas pelas chamas em Ferreira do Zêzer



10.08.2016 12h32

Um incêndio rural na zona de Dornes, no concelho de Ferreira do Zêzere, provocou um morto e destruiu duas viaturas dos sapadores, disse hoje à Lusa uma fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Santarém.
De acordo com a mesma fonte, a ocorrência foi registada às 03:37 de hoje, tendo a ignição ocorrido junto à estalagem do Vale da Ursa, alastrando-se a uma zona de mato, atingindo uma caravana, provocando a morte do seu único ocupante.

A vítima, do sexo masculino, com idade entre os 40 e 50 anos, era o vigilante do parque dos sapadores de Dornes, tendo o incêndio destruído duas viaturas dos sapadores, do distrito de Santarém.

No local estiveram três corporações de bombeiros, a GNR e a Polícia Judiciária.

Lusa
 
  • Gosto
Reactions: guisilva5000
tendo a desconfiar da expressão "não há condições propícias à sua deflagração por causas naturais", só porque é de noite.

Olhamos para as estações e várias marcaram temperaturas, humidades relativas do ar anormais, aberrantes.

Para ocorrer deflagração, tem de haver:
- Combustivel (ex: mato, latas de tinta/diluente abandonados, materiais inflamáveis em locais sem circulação de ar / expostos ao sol..)
- Comburente (oxigénio)
- Ignição (faísca /chama, superfície que aqueça ao sol (metais), vidros (amplificar a luz solar), gases libertados por eucaliptos sob intenso calor)

Dificilmente consegues acender um fogo à noite, mesmo com 30ºC e HR<20%. Se não deflagrou no mesmo local, durante o dia, vai deflagar de noite com mais frio e maior %HR?

Precisas sempre de algo que acumule calor, que propicie uma faísca.
 
  • Gosto
Reactions: guisilva5000
Coluna de bombeiros de Santarém e Lisboa em Ponte de Lima.

XZlr7Es.jpg