Isso dos incêndios tem muito que se lhe diga.
As florestas sempre queimaram e sempre queimarão. Faz parte do seu ciclo. O humano quer impedir a todo o custo. É contra-natura. Ao impedir os incêndios a curto prazo aumenta-os a longo prazo. As florestas precisam da biomassa. A limpeza intensiva dos terrenos na teoria faz muito sentido. A longo prazo só se criará florestas doentes e vulneráveis ao estilo da monocultura.
Indicar problemas é fácil. Soluções (porque até há que aproveitar o facto de que PT é um país pequeno):
- Registo predial atualizado. Não pode haver terrenos sem dono;
- Melhor ordenamento do território. Dever-se-iam impedir construções perto de grandes massas florestais. Há parques naturais que de natureza pouco têm. Nos lugares onde incêndios ocorrem regularmente o dono de um edifício seria responsável por manter uma distância mínima de terreno limpo. Os donos dos edifícios em zonas densamente florestadas teriam plena consciência de que as suas casas teriam uma baixa probabilidade de serem salvas em caso de incêndio;
- Terminar com a ilusão de que os incêndios podem ser eliminados ou prevenidos. O ICNF deveria subdividir todos os parques naturais em setores facilitando isto o trabalho dos bombeiros e promovendo, sempre que possível, as queimadas controladas (ficaria no ar a abertura de corredores mas teria que ser fiscalizada para impedir a desflorestação/construção ilegal). Todos os concelhos deveriam formular planos semelhantes acomodando as construções em locais sensíveis e impedindo outras construções em locais semelhantes. Tais planos deveriam ser atualizados a cada 5 anos levando isto à penalização dos infratores;
- Reflorestação de Baixo Custo. As queimadas controladas permitem a eliminação das espécies invasoras. Os islandeses usam aviões para
dispersar sementes em larga escala(porque é que os tugas não podem fazer o mesmo?). A reflorestação humana direta seria apenas implementada em locais críticos susceptíveis a erosão imediata.
Realisticamente, tudo está ao serviço da economia (e os governos tipicamente não são nem eficientes nem isentos). Portanto, é mais provável que o eucaliptal cresça do que haja investimento ambiental. Este é mais difuso e muito subestimado. O lucro privado de hoje é o prejuízo governamental de amanhã em termos de restauração/recuperação. Sempre foi, sempre será (e posso dar inúmeros exemplos)