Seguimento - Incêndios 2022

Não vou entrar em populismos de espécies, mas conheço muita gente cuja fonte de rendimento (infelizmente) só pode ser o eucalipto devido à fragmentação de terrenos e baixa área de plantio...
Por outro lado, o maior proprietário florestal em PT é a 'igreja', através de milhares de 'fábricas' espalhadas pelo país...alguém os vê a fazer alguma coisa...limpar, pagar impostos? Não vamos ser populistas e ver o problema apenas pela 'rama'...
 
Os defensores dos eucaliptos estão caladinhos nas redes sociais e nas entrevistas.

Olhar para o problema só por esse prisma é ver a árvore e não a floresta, o problema é muito mais complexo. Só para dar alguns exemplos. Os incêndios de Carrazeda de Ansiães e Benespera da semana passada ambos com mais de 1000ha ardidos não havia eucaliptos na zona. O maior incendio em Espanha até ao momento este ano, que ocorreu perto de Bragança arderam mais de 30 mil ha e zero eucaliptos. Em Outubro de 2017, dois dos 4 maior incêndios atingiram sobretudo os pinhais litorais do Estado os eucaliptos também não eram a espécie dominante.

Temos um problema de fundo na floresta nacional, de falta de gestão, ordenamento, cadastro e abandono que leva a um crescimento sem controlo de matos que são o que sustenta em grande medida os fogos acabando estes obviamente por progredir em áreas florestais. Aí é que entra o problema do eucalipto, bem a jusante do problema central. O eucalipto tem o potencial de provocar muitos focos secundários quando arde, podendo semear muitos fogos nascentes em áreas por vezes a centenas ou mesmo kms do fogo original, causando situações de enorme perigo e dificultando o combate. Atualmente já existe legislação para travar as novas plantações de eucalipto, só se pode plantar novos eucaliptais após a aprovação pelo ICNF de um projeto de reflorestação (RJAAR)) em locais que antes já tinham eucaliptos e cumprindo uma série de regras de restrição à plantação, tais como em linhas de água e extremas de propriedades, caminhos/estradas etc. Infelizmente ainda surgem plantações ilegais e abusos que urge controlar através de maior fiscalização e aplicação de multas pesadas. Mas abolição total do eucalipto parece-me um erro pelas mais valias económicas que este trás, tem é obviamente de ser respeitada a regulamentação existente e avançar com reconversão de áreas onde nunca se devia ter plantado.
 
Enganaram-nos bem, quando a seguir às tragédias de 2017 nos disseram que tudo iria mudar. Nenhum político actua pondo em risco a sua posição futura, seja reeleição, seja actividade profissional pós-cargo que ocupou, seja clientelas que tem de manter contentes. A clientela do eucalipto é poderosa demais, tudo o resto que se possa dizer em sustento do erro histórico da introdução do eucalipto em Portugal é demagogia.
 
Não há coragem política. Ponto final.

Coragem politica para quê? Acabar com o eucalipto?

Não é preciso acabar com o eucalipto nem me parece uma boa solução, o eucalipto é importante para a economia rural e para a industria nacional cria emprego, riqueza e oportunidades. Tem é que ser enquadrado numa paisagem em mosaico, isto é, áreas com eucalipto intercaladas com áreas com outras ocupações florestais, agrícolas e de pastagem, de forma a compartimentar a paisagem e impedir uma continuidade do combustível florestal não gerido como acontece atualmente em grandes áreas de Portugal.
 
Última edição:
MSantos, contraargumentar com quem nada percebe de floresta e mundo rural...é tempo perdido...ja aqui tentei convencer alguns ha uns anos mas nada adiantou...
 
Enganaram-nos bem, quando a seguir às tragédias de 2017 nos disseram que tudo iria mudar. Nenhum político actua pondo em risco a sua posição futura, seja reeleição, seja actividade profissional pós-cargo que ocupou, seja clientelas que tem de manter contentes. A clientela do eucalipto é poderosa demais, tudo o resto que se possa dizer em sustento do erro histórico da introdução do eucalipto em Portugal é demagogia.

Visões radicais raramente ou nunca são solução para problemas de qualquer tipo... Mas se é esse a tua opinião nada mais posso dizer ou contrapor. Apenas posso dizer que estás desviado do cerne do problema.

Sem querer puxar de galões ou parecer arrogante. O que disse acima foi com base na minha experiência profissional como técnico superior florestal, tendo já trabalho com as 3 principais espécies florestais em Portugal, pinheiro-bravo, sobreiro e eucalipto.
 
Última edição:
Está complicado, infelizmente o pior está para vir, amanhã vai ser do piorio!
A ver se abrem os olhos de uma vez por todas, vai ter tudo que mudar, pois isto vai ser todos os anos isto!
Nada vai ser igual para as próximas gerações!
 
  • Triste
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MSantos, contraargumentar com quem nada percebe de floresta e mundo rural...é tempo perdido...ja aqui tentei convencer alguns ha uns anos mas nada adiantou...

Eu opto sempre por tentar ter uma postura pedagógica e informativa, só assim se consegue contornar os desvios e perceções erradas que existem da realidade florestal em Portugal. :)
 
As imagens na última hora/hora e meia na CMTV têm sido completamente surreais, e tristes. :( Incêndios dentro de zonas habitadas, pessoas desesperadas. As condições meteorológicas são das piores possíveis.
Mas não é surpreendente. Com condições destas...
 
  • Gosto
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