De acordo com a informação que recebi, foi um comboio da Medway, o 47894 de Vilar Formoso para o Ramal Leandro-Siderurgia que tinha um vagão com o freio apertado. Num comboio com largos metros e largas toneladas, é impossível sentirmos um vagão preso, e se a 4700 for como por exemplo as 3500 que eu conduzo, acima de uma determinada velocidade (no meu caso 60km/h) não há espelhos retrovisores para ninguém. A situação só é detectada se alguém se cruzar com o material, o que ali não aconteceu.
Verdade, a linha da beira alta está atualmente encerrada para obras porque tinha imensos problemas sobretudo com os comboios de carga. Chegou a haver vários incidentes em que um problema num vagão destruiu quilómetros de travessas, ainda de madeira, sem que o maquinista se apercebesse que havia algo de errado.
Quando era novo e morava num concelho servido pela LBA, no Verão era rara a semana em que não houvesse uma ou duas ignições algures junto à linha. Naquele tempo dos inter-regionais em que que nos dias quentes ia tudo à janela a apanhar ar, mas muitos também a fumar e lá iam as beatas janela fora
Depois vieram as UTE's e os IC mais modernos com vidros fechados e ar condicionado e houve uma diminuição dessas ignições. Mas mesmo assim, volta e meia surgiam e lembro-me de então se falar que eram os próprios rodados em travagens, curvas mais apertadas, mas talvez tivesse mais a ver com problemas técnicos pontuais como o referido.
A limpeza das vias só começou a ser feitas a sério pela IP no pós-2017, lembro-me perfeitamente que poucos anos antes em que em invernos/primaveras mais chuvosas na LBA a vegetação nalgumas zonas quase tocar nas janelas dos comboios.
Isso só melhorou depois de 2017, aliás, temos um bocado a mentalidade pessimista que está sempre tudo mal mas ainda houve muita coisa que melhorou depois das tragédias nesse ano, e essa foi uma delas. Um problema que eu vejo é que em certos anos húmidos mesmo limpando em Março/Abril a vegetação volta a crescer. Se calhar tem que se usar mais herbicidas mas depois se calhar também haverá oposição a isso.
Agora com as obras de modernização na linha vai melhorar ainda mais esse aspeto pois estas superestruturas modernas em que assenta a linha só por si são mais amplas e largas.
Como a linha este ano está fechada para obras seria interessante comparar numero de ignições em concelhos servidos pela linha com um outro ano, não o ano passado que foi atípico, mas um dos anteriores pós-2017. Tal como seria interessante alguém ir ao local destas ignições da linha da beira baixa e perceber o que aconteceu e se pode ser melhorado.
Já nas estradas apesar das melhorias, ainda há muito a fazer. Sobretudo mentalidades, continua muito anormal o numero de ignições junto das mesmas em zonas mais povoadas e temo que à medida que os anos forem passando se vá esquecendo o que se passou em 2017.