Os Kamov eram realmente bons mas ... quando voavam.
Penso que o problema deles sempre foi a fiabilidade, manutenção e sobressalentes, a certa altura começaram a canibalizar uns para manter outros a funcionar.
E como temos até visto no conflito na Ucrânia, material russo é problemático, às vezes fico com a ideia que nem eles tinham noção de quanto pouco fiável algum equipamento deles é em situações de uso real intenso.
Tem estado parados há anos num hangar em Ponte de Sor, suponho que não seja fácil voltarem a estar operacionais, mas na verdade não me recordo da auditoria que a certa altura supostamente estavam a fazer, gostava de saber as conclusões da mesma. Mas pode me ter escapado.
Ontem soube-se que a Força Aérea encomendou seis Sikorski UH-60 Black Hawk, helis militares usados mas que serão recondicionados para firefighting pela empresa norte-americana
Arista.
Uma pesquisa no Google parece indicar que não é novidade o uso deles nesta função e uma versão recondicionada também começou a ser usada na Australia.
Dei uma olhadela no contrato e pareceu-me bem blindado em termos de proteger o interesse publico face a imponderáveis.
Tem capacidade de transportar balde de 2 e 3 mil litros que fazem parte do fornecimento de cada unidade, portanto "bombardeiro médio", menos que o Kamov mas também um pouco mais rápidos e ágeis que estes. Não tanto como os ligeiros obviamente.
Não faço ideia se será um bom negócio ou não, o futuro dirá.
Tem pelo menos algumas vantagens, são contratos que seguem normas de contratação e operacionalidade da NATO em compras militares de usados, e não negócio tipo "vão de escada" que foi o que se chama ao "negócio" Kamov.
Formação mecânica e sobressalentes também não terá os mesmos problemas dos Kamov pois é um dos helicópteros mais produzidos do mundo, mais de 4 mil unidades até hoje.
Em vez do balde podem transportar em alternativa por exemplo 12 bombeiros e equipamento, portanto também poderá ser usado noutras missões militares ou civis, por exemplo evacuações, etc. A aquisição será feita com 81% de fundos do PRR.
Maior duvida que tenho é a antiguidade deles mesmo que recondicionados e modernizados, e relativamente a consumos pois motores eficientes nunca foi propriamente uma prioridade na aviação militar.
O contrato prevê 3 entregas aos pares, Março 2023, Dezembro 2024 e Dezembro 2025, datas que já incluem os voos de teste, de aceitação e formação.
Dado o tempo que decorre entre a primeira entrega e a segunda, não será de admirar que no primeiro ano seja mais de aprendizagem, "limar arestas", atrasos, etc. Tal como tinha alertado há umas semanas a propósito da encomenda dos Canadair DHC-515, é relativamente frequente na aviação as coisas se atrasarem, mesmo quando corre relativamente bem.