Seguimento - Incêndios 2022

Agora sim, está classificado na informação detalhada com "em resolução" às 15:28.

Tenho reparado que o fumo do incêndio não apareceu no radar e que os ecos mais intensos, nos IR em geral, parecem ocorrer, principalmente, quando estão envolvidas as espécies pinheiro e eucalipto em povoamentos de alta densidade. Mas esta observação não exclui que em qualquer tipo de povoamento, até não arbóreo, apareçam ecos no radar, dependendo também de outros factores como a exposição ao feixe do radar.

A zona que ardeu é essencialmente mato, sendo que acima da Garganta de Loriga quase só há vegetação rasteira. Havia alguns pinheiros mais abaixo na encosta, mas que praticamente não foram atingidos.

Neste momento ainda se observa um ou outro ponto quente, com os meios aéreos (já menos) a tentarem consolidar o máximo possível. Durante todo o dia houve pelo menos um meio aéreo "shuttle" a transportar (e recolher) meios terrestres para aquela zona mais inacessível. Esperemos que todo este trabalho tenha sido suficiente para evitar dissabores com o cair da noite.
 
Meus caros...estamos a falar de >250M€ anuais para a 'indústria do fogo'...acham que os lobbies vão deixar que a mama seque? Os ingleses têm um bom ditado para isto que se passa em PT: "Hide in plain sight"
Qual indústria?
Há meios aéreos alugados porque há procura por eles....

Incêndio numa zona de pastorícia que se deixasse arder na primavera já não existiria..

Vivemos em leis urbanas sem compreenderem as necessidades rurais..
Incêndios como este em mato nem justifica o dinheiro gasto na sua extinção
 
Vivemos em leis urbanas sem compreenderem as necessidades rurais..
Incêndios como este em mato nem justifica o dinheiro gasto na sua extinção
Critica as leis urbanas, mas na frase seguinte era difícil demonstrar maior pensamento dito urbano.
Esse tipo de pensamento também alguém deve ter tido na Covilhã no primeiro dia do incêndio há umas semanas... deixa arder que é mato... e depois foi o que se viu.

Além de que uma boa parte da economia local está dependente do turismo, e nem é preciso falar do quanto este tipo de actos o afecta.
 
Vamos por partes.
Vou dar um exemplo de um engenheiro florestal contratado por uma câmara do norte.
Em edital pelas freguesias disponibilizou se o dito engenheiro para queimas controladas.
Ele só precisava de 3 anos com possibilidade de queimar para queimar tudo.
Resumindo ardeu no verão.

Muito se fala de combate por aqui, mas ninguém reparou que o nosso PM especialista em criar coisas que custem dinheiro ao estado, sozinho criou 3 entidades para combate.
UEPS, FEB e Agif, se bem que esta última ninguém sabe muito bem para o que serve.

O incêndio da Covilhã é o exemplo perfeito do calcanhar de aquiles do sistema.
Muita gente a combater mas ninguém a consolidar perímetro.
Apaga-se com a humidade alta e espera-se pelo meio dia para reacender onde não foi consolidado e não se consolida com água.
Num país a sério e que leve isto a sério, uma ANPC falar em 3 ignições que está provado serem reacendimentos, rolavam cabeças.

Uma questão fucral e que a ninguém interessa são os meios aéreos.
Hoje tivemos 8 aviões a fazer vaivém entre o incêndio e a Aguieira.
Tanto tempo entre descargas significa uma ineficiência gritante, onde 90% da autonomia é gasta em viagens.
E o que faz com um avião faça descargas de meia em meia hora.
Os tão mal afamados Kamov, na tal mal afamada EMA, com um cabo de 7 metros faziam milagres em tempos neste pais.
Mas facilmente foram esquecidos porque os Canadair's ficam melhor nas televisões.
Um fireboss carrega sempre 3100 lts e custa menos de 10% de um Canadair..
Um Canadair CL415 leva 5500 nas últimas descargas...

Ninguém pensa nestas questões e que de facto é o mais importante.

Vejam o exemplo de espanhóis e Americanos que apenas fecham o incêndio quando todo o perímetro está consolidado.
Por cá mete-se centenas de viaturas gigantescas serra acima à espera de reacendimentos.

Ando nisto há muitos anos e ver as discussões serem tão fúteis como a necessidade de Canadair's quando há tão poucos lugares para scooping...
 
Os Kamov eram realmente bons mas ... quando voavam.
Penso que o problema deles sempre foi a fiabilidade, manutenção e sobressalentes, a certa altura começaram a canibalizar uns para manter outros a funcionar.
E como temos até visto no conflito na Ucrânia, material russo é problemático, às vezes fico com a ideia que nem eles tinham noção de quanto pouco fiável algum equipamento deles é em situações de uso real intenso.

Tem estado parados há anos num hangar em Ponte de Sor, suponho que não seja fácil voltarem a estar operacionais, mas na verdade não me recordo da auditoria que a certa altura supostamente estavam a fazer, gostava de saber as conclusões da mesma. Mas pode me ter escapado.

301047802-5885395221484730-7167978246362307496-n.jpg


Ontem soube-se que a Força Aérea encomendou seis Sikorski UH-60 Black Hawk, helis militares usados mas que serão recondicionados para firefighting pela empresa norte-americana Arista.
Uma pesquisa no Google parece indicar que não é novidade o uso deles nesta função e uma versão recondicionada também começou a ser usada na Australia.

Dei uma olhadela no contrato e pareceu-me bem blindado em termos de proteger o interesse publico face a imponderáveis.
Tem capacidade de transportar balde de 2 e 3 mil litros que fazem parte do fornecimento de cada unidade, portanto "bombardeiro médio", menos que o Kamov mas também um pouco mais rápidos e ágeis que estes. Não tanto como os ligeiros obviamente.

Não faço ideia se será um bom negócio ou não, o futuro dirá.
Tem pelo menos algumas vantagens, são contratos que seguem normas de contratação e operacionalidade da NATO em compras militares de usados, e não negócio tipo "vão de escada" que foi o que se chama ao "negócio" Kamov.

Formação mecânica e sobressalentes também não terá os mesmos problemas dos Kamov pois é um dos helicópteros mais produzidos do mundo, mais de 4 mil unidades até hoje.
Em vez do balde podem transportar em alternativa por exemplo 12 bombeiros e equipamento, portanto também poderá ser usado noutras missões militares ou civis, por exemplo evacuações, etc. A aquisição será feita com 81% de fundos do PRR.

Maior duvida que tenho é a antiguidade deles mesmo que recondicionados e modernizados, e relativamente a consumos pois motores eficientes nunca foi propriamente uma prioridade na aviação militar.

O contrato prevê 3 entregas aos pares, Março 2023, Dezembro 2024 e Dezembro 2025, datas que já incluem os voos de teste, de aceitação e formação.
Dado o tempo que decorre entre a primeira entrega e a segunda, não será de admirar que no primeiro ano seja mais de aprendizagem, "limar arestas", atrasos, etc. Tal como tinha alertado há umas semanas a propósito da encomenda dos Canadair DHC-515, é relativamente frequente na aviação as coisas se atrasarem, mesmo quando corre relativamente bem.

UH60-gallery1.jpg
 
Última edição:
Vamos por partes.
Vou dar um exemplo de um engenheiro florestal contratado por uma câmara do norte.
Em edital pelas freguesias disponibilizou se o dito engenheiro para queimas controladas.
Ele só precisava de 3 anos com possibilidade de queimar para queimar tudo.
Resumindo ardeu no verão.
Cingindo-me unicamente a esta parte, porque o resto não está relacionado com o que eu referi e honestamente nada contra.
O que é que distingue um pastor que ateia um incêndio para obter pasto para o gado de um empresário/agricultor/[o que seja] que ateia um incêndio para poder comprar uns terrenos mais baratos?
Ambos tentam ter obter lucro para a sua actividade.
Ambos tentam tirar partido próprio de algo que não é deles.
Ambos destroem e colocam em perigo propriedade de outrém.
Ambos colocam potencialmente vidas em risco.

Como é que um é normal e o outro é criminoso?
Se não estão (que eu acredito que não estejam actualmente) criadas as condições para realizar queimas controladas em tempo útil, que se invista nisso e se criem. Agora, por muito respeito que tenha pelos pastores, pela vida de sacrifício que levam, pela necessidade cada vez maior de regenerar e cativar gente para estas profissões, não vamos assumir que eles são todos uns tolinhos e uns iletrados e que por isso temos que os deixar fazer como quiserem. A solução não é isto ser uma quase anarquia, aliás, Portugal é infelizmente o que é em muita coisa por ser precisamente uma bagunça em que cada um faz o que quer.

Além de que a situação actual já não é sequer parecida ao que tínhamos há uns anos atrás quer em termos de clima quer de utilização do terreno. Há 20 anos uma ignição destas na serra não passaria de um fogacho que se apagava em menos de nada. Agora até no Outono/Inverno é perfeitamente capaz de se propagar com intensidade, as condições para tal acontecer são cada vez mais frequentes... quanto mais em Agosto ou Setembro...
 
Alguém aqui com conhecimentos de biodiversidade, especialmente a nível de insectos, sabe de estudos que relacionam incêndios, queimas controladas e "fogo no Inverno" com o declínio catastrófico da biodiversidade? Convergência de conhecimentos em várias áreas é urgente.
Bem, quanto a isso, é totalmente falso, senão vejamos apenas 2 pontos:
ecossistemas mediterraneos sem fogo é utopia;
menos fogo frio (fogos controlados no outono/inverno) significa mais vegetação disponivel para o fogo no verão (esse sim destruidor de ecossistemas)...logo...