Isto é na teoria. Na prática as coisas nem sempre são assim. Começando pelo local mais óbvio:
El Nino-induced snow proves to be 'disappointing' for drought-stricken California
http://www.accuweather.com/en/weath...ifornia-drought-disappointing-season/56451887
O cenário até é algo animador:
Mas a chuva de primavera não é a chuva de inverno. A conclusão é esta:
Este documento do Programa Alimentar Mundial (divisão da ONU) mostra os impactos que passam ao lado dos países minimamente ricos (que Portugal felizmente é):
http://documents.wfp.org/stellent/groups/public/documents/resources/wfp279221.pdf
Falta ainda 2016. Desde então o cenário deve ter piorado:
Voltando a Portugal, nos próximos dias uma circulação meridional bastante pronunciada trará frio para Portugal. Enquanto isso, a pitoresca comunidade de Ilulissat, Gronelândia, cuja coordenadas são:
69°13′N 51°06′O e temperatura média em Abril de
-10º, terá (relativamente) temperaturas bastante agradáveis:
Como já escrevi, é irrelevante se o ser humano tem ou não influência no clima. Basta saber se o mundo está a aquecer ou não. Até a subida do nível do mar pode ser explicada, em parte porque não sei em que percentagem, pela utilização massiva dos aquíferos (mas é inegável que a criosfera está a diminuir na sua globalidade).
Num planeta mais quente o stress hídrico no mundo em desenvolvimento é um problema crítico. Veja-se a Síria com o colapso da sociedade devido à seca severa. Veja-se o papel do preço dos alimentos na Primavera Árabe. A Europa não é uma fortaleza. Tem muitas ligações terrestres. E os países periféricos, como a Turquia, nem sempre aceitarão receber as pessoas. A Arábia Saudita nos próximos tempos vai cortar a
produção de trigo para poupar água. Está a comprar
terra nos EUA. Mas a AS é um país rico. Como é que vai ser quando a água faltar em países pobres? A lista é longa: Omã, Iémen, Egito, Jordânia, Sudão, Etiópia, Somália...
Mas este é um problema muito complexo. Há a desertificação dos solos associada à agricultura intensiva, o corte massivo das florestas que implicam uma modificação dos padrões meteorológicos locais (menos chuva), o massivo desemprego que surge nos países pobres quando as
multinacionais compram largas parcelas de terra expulsando os nativos no processo (não há alternativas laborais; pessoas pobres mas autosuficientes passam a ficar pobres e sem qualquer tipo de assistência)...