Sobre a Turistrela a primeiríssima coisa a ser questionada deveria ser a sua "exclusividade" e, sobre isso, passo a citar o blogue "
O Cântaro Zangado":
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A actividade turística e desportiva na serra da Estrela é, para além da legislação geral aplicável, regulada ainda pelos diplomas legais que criaram e definiram a figura da concessão exclusiva do turismo e dos desportos da Turistrela. São eles a Lei 3/70 de 28 de Abril de 1970 e os Decretos-Lei 325/71 de 28 de Julho de 1971 e 408/86 de 11 de Dezembro de 1986.
Se os dois primeiros diplomas são do tempo do governo de Marcello Caetano, o mais recente também já não é nada novo, convenhamos. Desde que este quadro legal foi estabelecido, empresas que críamos sólidas faliram, outras pelas quais não dávamos conta impuseram-se globalmente, países nasceram e morreram, o mundo mudou. Mas a concessão exclusiva do turismo e dos desportos na serra da Estrela continua. Tem já quase quarenta anos (quantas empresas regionais conseguem atingir esta longevidade?) e pelo que por vezes se ouve dizer, é para durar mais algumas dezenas de anos. Quantas? Não sei. Algum órgão administrativo avalia o desempenho da concessionária e a continuidade da concessão? Não sei, mas nunca dei por nada. Tratando-se de uma concessão sobre um bem público, não deveriam ser públicas as respostas a estas perguntas? (...)"
Sobre a neve e a Serra da Estrela o que há a dizer é também muito simples... A Serra não tem condições (altitude, clima,...) para poder ter uma pista de esqui a funcionar, todos os anos, de forma regular e durante um período de tempo alargado. Não é preciso ter um grande conhecimento sobre a Serra para saber que mesmo em anos de abundância, a grandes nevões se sucedem, com frequência, dias de nevoeiro e chuva que fazem desaparecer com rapidez a neve acumulada.
O que está errado, profundamente errado, é a aproveitamento turístico da Serra assentar no produto "neve" e não no aproveitamento do seu potencial natural (fauna, flora, geologia,..) e cultural (pastorícia, indústria da lã, gastronomia,...). Ir à Torre, num daqueles fins-de-semana após um grande nevão, é dos espetáculos mais deprimentes a que se pode assistir neste país, centenas e centenas de pessoas que pouco mais deixam na Serra do que trenós de plástico desfeitos e toda a espécie de lixo, para além de um ambiente irrespirável do pára-arranca de dezenas de carros e camionetas.
Por último, uma palavra de apreço ao trabalho dos profissionais do Centro de Limpeza de Neve (CLN) que, criticados por quem nada conhece das condições naturais da Serra e pressionados por autarcas e hoteleiros de vistas curtas, colocam a segurança dos que circulam nas estradas da região em primeiro lugar...
O papel do CLN é abrir as estradas apenas quando essas condições de segurança estão reunidas (e não é preciso falar da impreparação total do condutor português para circular em montanha...) e não quando convém aos bolsos dos administradores da Turistrela...