joralentejano
Super Célula
O problema desse caso em Trás-os-Montes não foi a chuva, mas sim o granizo. Aqui também houve alguns dias com precipitação intensa, mas não vi azeitona no chão.Às vezes temos que abri as noticias e ir ao cerne da questão.
O preço do azeite é fortemente condicionado por Espanha, que é o maior produtor do mundo. Espanha atravessa uma enorme seca e com isso enormes quebras na produção. Cá até podíamos ter um ano fantástico de produção, mas havendo défice do outro lado, o preço iria sempre subir. Basta pensar: enquanto produtor, se exportar me der mais lucro, vou vender ao mercado nacional? Claro que não... Logo, o preço do mercado interno teria sempre que subir. Além de que o custo de produção e transporte subiu como todos sabemos.
Mas em Portugal a realidade do olival é um pouco diferente de Espanha: 62,8% do olival é moderno (dados de 2019), ou seja, 2/3 do olival não precisa propriamente de muita chuva na copa. Desde que haja disponibilidade hídrica... Até porque muitas vezes a chuva estraga:
Olival e vinha: perdas de produção de 70% com mau tempo em Trás-os-Montes
O mau tempo em Trás-os-Montes no sábado destruiu olivais e vinhas e causou prejuízos de milhares de euros e perdas de produção de 70% nalguns casos, adiantaram hoje à Lusa municípios e associações de agricultores locais.expresso.pt
Apenas se chovesse em quantidades muito elevadas para a altura do ano é que iria começar a estragar. Pelo contrário, só fez bem porque as árvores estavam em stress hídrico, o que não permitia o desenvolvimento da azeitona. Como só tenho olivais tradicionais, apenas a água que cai do céu é que conta.
Tanto não é benéfica a chuva em excesso, como o calor que está previsto para os próximos dias, ainda sem fim à vista.
O facto de Espanha atravessar uma grave seca é motivo de preocupação na mesma porque demonstra as consequências dessa situação e que serão cada vez piores se não chover significativamente. O preço do azeite é só um pequeno exemplo disso. Expressões como “qual é o drama?” no atual cenário de seca que boa parte da Península Ibérica atravessa não fazem sentido nenhum, até porque as previsões sazonais não nos dão garantias de nada.
O Algarve e o Baixo Alentejo estão numa situação similar à de Espanha. o Alto Alentejo está melhor, mas só no que respeita às barragens.