A diferença entre norte e sul não se coloca apenas na quantidade de precipitação, mas na bacia hidrográfica de cada rio e nas características geo-morfológicas de cada uma delas.
O rio Douro tem uma bacia hidrográfica de 97.603 km².
O rio Tejo tem uma bacia hidrográfica de 80 600 km².
O rio Guadiana tem uma bacia hidrográfica de 66 800 km².
A norte os declives são mais acentuados, a pluviosidade é mais alta e devido ao terreno a população está afastada do leito de cheia.
Já no sul, apesar da menor pluviosidade, as condições de terreno, com muito pouca inclinação e a sazonalidade das chuvas, levaram a que muitos leitos de cheia, mesmo a vários km de distância dos rios, fossem ocupados pelas populações ao longo dos séculos.
Não admira que no rio Douro, mesmo com caudais acima dos 5000 m3\seg, dificilmente as populações são afectadas. Para que isso aconteça, de forma quase marginal, os caudais terão de ser na ordem dos 10000 m3\seg ou superiores.
Ora valores desta grandeza no sul levariam a consequências desastrosas, mesmo ruinosas para muitas populações.
Felizmente que hoje em dia as barragens destes grandes rios evitaram grandes sustos. As descargas foram controladas, as populações avisadas a tempo.
Mas poderá chegar o dia em que tudo se conjugue: anos húmidos sucessivos, com meses seguidos de fortes chuvas e caudais muito acima dos registados este ano - nessa altura as consequências poderão ser gravosas e nem as barragens conseguirão amainar as águas.
A pergunta passa apenas por perguntar "quando?"...