Seguimento Rios e Albufeiras - 2022

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A pequena albufeira da barragem da Ribeira da Mula, na vertente sul da Serra de Sintra, tem sido um clássico medidor da intensidade das secas há já dezenas de anos.
Serve para ajudar o abastecimento de água ao concelho de Cascais.

Ontem dia 3 de Fevereiro de 2022, no pino da "estação das chuvas", estava assim:

Cota 4,52 m ( a cota máxima na escala é 13,0 m, à mesma altura do descarregador de superfície)
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Foto de Cristina Bastos

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Foto de Cristina Bastos

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Foto de Cristina Bastos

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A escorrência para a albufeira estava a fio de água.

O volume presente pode ser considerado "morto".

Compare-se com o nível em 20 de Agosto de 2012 e 2 de Outubro de 2015.

Sem mais comentários. :facepalm:
 
Última edição:
O Jamor tem um curso urbano em grande extensão, nem todas as águas que recebe são naturais, vertem-se muitas águas de lavagens que vão parar directamente ao rio. Também passou pelos jardins de Queluz (urbanos e do Palácio).
Recebe ainda a Ribeira de Carenque.
O caudal que se vê nas fotos é praticamente o que se observa no Verão (o rio nunca seca).
Eu sei, mas vou ter de discordar. O leito que vi está longe do que costumo ver no verão. A cascata que se vê na foto não existe no verão, e o rio praticamente não tem corrente neste troço.
 
Algo que por vezes, as pessoas não imaginam, é que o volume de uma barragem ou albufeira, não pode ser todo aproveitado para consumo humano. Podemos dizer que há um volume útil, abaixo do qual, a exploração da água é ineficiente em termos de quantidade e custos para obter o mesmo nível de qualidade, nos parâmetros a que a lei obriga.

Eutrofização:
Todas as albufeiras a partir de uns 10 anos de idade, apresentam sempre alguma eutrofização que não é mais do que o normal ciclo de vida das plantas, algas e peixes que vai contribuindo com para a sedimentação. Nestes sedimentos, a % de oxigénio é praticamente nula e sobrevivem apenas organismos de respiração anaeróbia. Normalmente o INAG (instituto da água) descarrega mensalmente um certo volume do fundo (barragens), sendo uma água amarelo/acastanhada carregada de sedimentos com cheiro a ovos podres (ricos em enxofre), mas ainda assim não é possível escoar todos os sedimentos. Por esta razão é proibido praticar pastorícia nas proximidades da barragem /albufeira, pois com as chuvas todos os nutrientes são escoados para a água, favorecendo o crescimento de algas que ao terminarem o seu ciclo de vida, se decompõem num primeiro processo que subtrai oxigénio à água.

Exploração da água abaixo do nível das tomadas:
Quando o nível desce abaixo das tomadas de água (torres onde normalmente se encontram as bombas), deixa de ser possível bombear. Quando não existem soluções alternativas, podem implementar-se soluções que parecendo algo artesanais, funcionam! Por exemplo, as tubagens das bombas podem ser fixas a flutuadores que permitem bombear água apenas da camada superficial. Os flutuadores podem ser barricas vazias, bem fechadas de forma a flutuarem e que suportem o peso das tubagens com água. A água é mais limpa à superfície.

Tratamento da água:
A água bombeada passa por um conjunto de processos:
- Desinfeção inicial (ozono, hipoclorito, cloro, UV..)
- Arejamento (oxidação do ferro, do manganês) para dissolver o oxigénio e melhorar a turbidez da água
- Calagem (incorporação de Cal apagada) para adequar o pH da água, pois normalmente a água é ácida e fica mais ácida com a desinfeção, pelo que se não fosse normalizado o pH, as condutas de distribuição da água e as tubagens nas casas durariam poucos anos, antes de se romper.
- Floculação (incorporação de sulfato de sódio, ou sulfato de alumínio) para agregar as partículas em suspensão da água, para posteriormente ficarem retidas nos filtros de areia. O processo de floculação / coagulação, ocorre em grandes tanques decantadores (têm tubagens furadas à superfície), sendo que no seu fundo vão acumulando lamas que são purgadas diariamente.
- Filtragem: passagem da água por grandes tanques de 1m de profundidade, cheios de areia quartzítica calibrada.
- Cloragem final, para distribuição da água pela rede até depósitos e dos depósitos até às casas.

Eficiência do tratamento:
A eficiência do tratamento depende muito da qualidade da água bruta, que por sua vez depende do nível de eutrofização da barragem/albufeira, mas também depende da época do ano coincidente com menor reposição dos níveis de água e temperaturas mais elevadas.
O processo de tratamento mais determinante da eficiência, é o da filtragem em tanques de areia. Os filtros vão filtrando água, que entra por cima e escoa por baixo da areia, até que chegamos a um ponto em que a água praticamente já não escoa. Diz-se então que os filtros ficaram colmatados, isto é, de tal forma saturados de flocos de partículas coaguladas que a água simplesmente não passa.
Quando isto acontece, a produção daquele filtro para e inicia-se a lavagem que não é mais do que o processo inverso, fazendo passar água limpa (tratada) bombeada desde o fundo do filtro, fazendo com que a água extravase pela superfície, escoando lateralmente para o exterior e arrastando consigo toda a sujidade agregada (partículas, bactérias mortas, etc...).

O normal é que seja necessário limpar os filtros 1x por dia no Inverno, com boa qualidade de água. Já no Verão, o consumo da água aumenta (nas casas, nas piscinas, jardins urbanos e hortas) e qualidade da água diminui, pois regra geral quanto menor volume de água nas barragens, menor a qualidade da água bruta piorando com o tempo quente. Nestas situações de pior qualidade, os filtros passa a ser lavados até 4 ou mesmo 6x ao dia, sendo que o processo de lavagem pode demorar uns 15-30 minutos e consome água tratada.

Pode-se chegar a um ponto em que a eficiência é muito baixa, mas normalmente, não se chega a esse ponto, pois os custos são incomportáveis.
 
Última edição:
Eu sei, mas vou ter de discordar. O leito que vi está longe do que costumo ver no verão. A cascata que se vê na foto não existe no verão, e o rio praticamente não tem corrente neste troço.

Realmente penso que talvez não conheço esse troço no verão, costumo vê-lo já na zona do estádio nacional. Essa cascata é onde?
 
Realmente penso que talvez não conheço esse troço no verão, costumo vê-lo já na zona do estádio nacional. Essa cascata é onde?
Mesmo por baixo da A5. Recentemente foi construído um passadiço, adjacente ao rio, que liga o Santuário da Nossa Senhora da Rocha (Carnaxide) ao Centro Desportivo do Jamor.