Seguimento Rios e Albufeiras - 2022

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O ciclo de vida do cimento dura em média 100 anos.
Daqui a 20/30 as barragens do Zêzere e Cávado, que são das mais antigas terão necessariamente ser remodeladas...
De facto gostava de saber o que vão fazer quando chegarem ao fim de vida útil no caso do Zêzere. Cabril vai para os 70 anos e tem 140 metros de altura, é um autêntico monstro. Aliás, até me espanta não terem colocado mais altura, porque espaço para uns 150 metros não faltava.

Era interessante ver como era o Zêzere antes das barragens, devia ser dos rios livres mais bonitos do país. Aquele troço entre Pampilhosa e Pedrógão, pelo meio das montanhas em constante zig-zag, devia ser uma autêntica pérola.
 
Mesmo por baixo da A5. Recentemente foi construído um passadiço, adjacente ao rio, que liga o Santuário da Nossa Senhora da Rocha (Carnaxide) ao Centro Desportivo do Jamor.

:D então é mesmo na zona do estádio nacional, mas efectivamente nunca passei aí. Também a verdade é que já não vou ao Jamor desde 2015.
 
De facto gostava de saber o que vão fazer quando chegarem ao fim de vida útil no caso do Zêzere. Cabril vai para os 70 anos e tem 140 metros de altura, é um autêntico monstro. Aliás, até me espanta não terem colocado mais altura, porque espaço para uns 150 metros não faltava.

Era interessante ver como era o Zêzere antes das barragens, devia ser dos rios livres mais bonitos do país. Aquele troço entre Pampilhosa e Pedrógão, pelo meio das montanhas em constante zig-zag, devia ser uma autêntica pérola.
Encontrei esta foto de 1940s, no início da empreitada do Cabril.
O Zêzere tinha um perfil parecido ao do rio Paiva.

Hdjg5ky.png
 
Algo que por vezes, as pessoas não imaginam, é que o volume de uma barragem ou albufeira, não pode ser todo aproveitado para consumo humano. Podemos dizer que há um volume útil, abaixo do qual, a exploração da água é ineficiente em termos de quantidade e custos para obter o mesmo nível de qualidade, nos parâmetros a que a lei obriga.

Eutrofização:
Todas as albufeiras a partir de uns 10 anos de idade, apresentam sempre alguma eutrofização que não é mais do que o normal ciclo de vida das plantas, algas e peixes que vai contribuindo com para a sedimentação. Nestes sedimentos, a % de oxigénio é praticamente nula e sobrevivem apenas organismos de respiração anaeróbia. Normalmente o INAG (instituto da água) descarrega mensalmente um certo volume do fundo (barragens), sendo uma água amarelo/acastanhada carregada de sedimentos com cheiro a ovos podres (ricos em enxofre), mas ainda assim não é possível escoar todos os sedimentos. Por esta razão é proibido praticar pastorícia nas proximidades da barragem /albufeira, pois com as chuvas todos os nutrientes são escoados para a água, favorecendo o crescimento de algas que ao terminarem o seu ciclo de vida, se decompõem num primeiro processo que subtrai oxigénio à água.

Exploração da água abaixo do nível das tomadas:
Quando o nível desce abaixo das tomadas de água (torres onde normalmente se encontram as bombas), deixa de ser possível bombear. Quando não existem soluções alternativas, podem implementar-se soluções que parecendo algo artesanais, funcionam! Por exemplo, as tubagens das bombas podem ser fixas a flutuadores que permitem bombear água apenas da camada superficial. Os flutuadores podem ser barricas vazias, bem fechadas de forma a flutuarem e que suportem o peso das tubagens com água. A água é mais limpa à superfície.

Tratamento da água:
A água bombeada passa por um conjunto de processos:
- Desinfeção inicial (ozono, hipoclorito, cloro, UV..)
- Arejamento (oxidação do ferro, do manganês) para dissolver o oxigénio e melhorar a turbidez da água
- Calagem (incorporação de Cal apagada) para adequar o pH da água, pois normalmente a água é ácida e fica mais ácida com a desinfeção, pelo que se não fosse normalizado o pH, as condutas de distribuição da água e as tubagens nas casas durariam poucos anos, antes de se romper.
- Floculação (incorporação de sulfato de sódio, ou sulfato de alumínio) para agregar as partículas em suspensão da água, para posteriormente ficarem retidas nos filtros de areia. O processo de floculação / coagulação, ocorre em grandes tanques decantadores (têm tubagens furadas à superfície), sendo que no seu fundo vão acumulando lamas que são purgadas diariamente.
- Filtragem: passagem da água por grandes tanques de 1m de profundidade, cheios de areia quartzítica calibrada.
- Cloragem final, para distribuição da água pela rede até depósitos e dos depósitos até às casas.

Eficiência do tratamento:
A eficiência do tratamento depende muito da qualidade da água bruta, que por sua vez depende do nível de eutrofização da barragem/albufeira, mas também depende da época do ano coincidente com menor reposição dos níveis de água e temperaturas mais elevadas.
O processo de tratamento mais determinante da eficiência, é o da filtragem em tanques de areia. Os filtros vão filtrando água, que entra por cima e escoa por baixo da areia, até que chegamos a um ponto em que a água praticamente já não escoa. Diz-se então que os filtros ficaram colmatados, isto é, de tal forma saturados de flocos de partículas coaguladas que a água simplesmente não passa.
Quando isto acontece, a produção daquele filtro para e inicia-se a lavagem que não é mais do que o processo inverso, fazendo passar água limpa (tratada) bombeada desde o fundo do filtro, fazendo com que a água extravase pela superfície, escoando lateralmente para o exterior e arrastando consigo toda a sujidade agregada (partículas, bactérias mortas, etc...).

O normal é que seja necessário limpar os filtros 1x por dia no Inverno, com boa qualidade de água. Já no Verão, o consumo da água aumenta (nas casas, nas piscinas, jardins urbanos e hortas) e qualidade da água diminui, pois regra geral quanto menor volume de água nas barragens, menor a qualidade da água bruta piorando com o tempo quente. Nestas situações de pior qualidade, os filtros passa a ser lavados até 4 ou mesmo 6x ao dia, sendo que o processo de lavagem pode demorar uns 15-30 minutos e consome água tratada.

Pode-se chegar a um ponto em que a eficiência é muito baixa, mas normalmente, não se chega a esse ponto, pois os custos são incomportáveis.
Se a malta visse a cor da água quando entra na ETA, nunca mais bebia água da torneira. :D

O teu post explica todo o processo desde da albufeira até à ETA e todo o processo da ETA.
 
Se a malta visse a cor da água quando entra na ETA, nunca mais bebia água da torneira. :D

O teu post explica todo o processo desde da albufeira até à ETA e todo o processo da ETA.
Basta ir ao paredão de uma barragem que esteja num nível extremamente baixo para verificar o estado da água. :D Já presenciei isso na Barragem do Caia no final do verão de 2019, quando o armazenamento estava a rondar os 15%. A água era verde e tinha uma espécie de espuma na superfície.
Não é de admirar, pois vai lá tudo parar, desde a água dos esgotos até aos sedimentos dos animais e como não existe entrada significativa de água "nova" a qualidade acaba por se degradar significativamente. 15% já deve ser próximo do volume morto, portanto, não é de admirar.
Eu raramente bebo água da torneira.
 

SECA: Barlavento desperdiça anualmente cerca de 7 milhões m3 de água​



Com este desperdício, não existem milagres e como podem deixar isto acontecer, canais com 64 anos de idade, estão quase na reforma. :rolleyes:
 

SECA: Barlavento desperdiça anualmente cerca de 7 milhões m3 de água​



Com este desperdício, não existem milagres e como podem deixar isto acontecer, canais com 64 anos de idade, estão quase na reforma. :rolleyes:
Uma comparação física, isto equivale a 7 mil milhões de garrafas de um litro.... Se alguém conseguir visualizar tal volume.
 
Só ouvimos, mais barragens, mais isto e aquilo e depois temos um desperdício colossal de água a nível nacional, se apenas uma barragem tem estas perdas para a agricultura, agora juntemos mais barragens, mais canais de rega obsoletos para a agricultura e todas as condutas de água obsoletas que existem no país para o abastecimento público e o problema é bem maior do que aquilo que pensamos.

Aqui, em Olhão, antes das autárquicas andaram a pavimentar algumas ruas, passado alguns meses, algumas já estão esburacadas porque rebentou a conduta, em vez, de substituírem as condutas algumas com 50 ou 70 anos e depois repavimentarem e poupam dinheiro, gastam dinheiro em fazer retoques.
 
De facto gostava de saber o que vão fazer quando chegarem ao fim de vida útil no caso do Zêzere. Cabril vai para os 70 anos e tem 140 metros de altura, é um autêntico monstro. Aliás, até me espanta não terem colocado mais altura, porque espaço para uns 150 metros não faltava.

Era interessante ver como era o Zêzere antes das barragens, devia ser dos rios livres mais bonitos do país. Aquele troço entre Pampilhosa e Pedrógão, pelo meio das montanhas em constante zig-zag, devia ser uma autêntica pérola.

É uma coisa que ainda não aconteceu...
Provavelmente manutenção e correcção de falhas..

Quanto à altura, em Portugal faz-se tudo pelo mínimo, aquando a construção do Baixo Sabor a cota máxima não podia atingir a foz do rio maçãs..
Mas além disso tirando Cabora Bassa, a nossa experiência em construção de grandes barragens é pouca..
Por exemplo o alto Lindoso foi projectado para 140 mts de paredão, iria inundar Lobios.
Se por aceredo buscalque e mais 2 aldeias já foi o filme que foi....