Uma coisa muito simples este governo e o anterior, poderia ter feito e não o fez, e era e é de caras óbvia: porque é que não se definiu uma faixa da raia portuguesa (digamos 70km da fronteira) onde através de uma redução de impostos sobre combustíveis, se impedisse os clientes de terem de ir a Espanha encher os depósitos com a falência dos nossos distribuidores nessa mesma faixa raiana?
Manteria impostos em Portugal certo, mas seria completamente ilegal e provavelmente inconstitucional fazer tal coisa, impostos diferentes dentro do mesmo território. Isso na prática seria como puxar a fronteira 70km para dentro, e então em vez de falir os postos fronteiriços, faliam os postos não abrangidos junto a essa fronteira imaginária. Os impostos nunca deveriam ser tão altos, mas isso é assim há décadas e só hoje a maioria da malta resmunga muito, e como tentei explicar há dias, historicamente o preço da gasolina não está tão cara como se pensa, deixem acabar a crise global e retomar algum crescimento daqui a uns anos e aí que vamos ver para aonde vão disparar os preços. Vai doer bem mais.
Mas a Espanha também praticou uma política um bocado "pirata" mantendo artificialmente baixos os impostos, afectando quer portugueses quer franceses na fronteira. Para um país que agora também está com a corda ao pescoço, deram-se ao luxo de nem cobrar impostos que deviam. Viva o luxo e o faz de conta, mas parece que também acabou, ironicamente esses postos fronteiriços que tão mal passam há tantos anos, dos que sobreviveram, agora com a crise tem começado a ter dias melhores
Quanto às gasolineiras, só por desconhecimento é que se perpetuam muitos mitos, mesmo a Galp basta olhar para os relatórios & contas e analisar os números, talvez muita gente fique surpreendida com o quanto baixo estão as margens liquidas neste negócio.
O que eu há dias quis dizer é que há toneladas de outros negócios onde há abusos com margens muito superiores e ninguém se chateia muito, nos combustíveis é uma espécie de fixação colectiva. É bom que assim seja, pena é que em tantas outras coisas bem piores, todo o país tenha andado a dormir tantos anos.
Aqui há umas semanas li num fórum uma discussão que achei bastante interessante. Dizia alguém que muitas pessoas fazem uns quilómetros para poupar 3€ por exemplo num depósito, mas raramente alguém faria uns quilómetros para poupar 3€ num frango assado que compra semanalmente. Mero exemplo. São coisas curiosas do ponto de vista social, a sensibilidade que as pessoas tem ao tema preço dos combustíveis mas não tem a outros produtos.
Alguns como são masoquistas e gostam de gastar o dinheiro vão às bombas de marcas. Se alguns dizem que a gasolina de marca branca faz mal ao carro e etc.
Mesmo nas grandes marcas com cruzamento de ofertas já consegues bons descontos. E são na verdade os "masoquistas" que permitem que haja descontos aos outros, as pessoas que não se estão para chatear é que permitem margens para descontar aos outros, ou seja, quanto mais "masoquistas" houver melhor para os que se dão ao trabalho de procurar mais barato. No dia em que todos procurarem o mais barato, já não se notarão os descontos
Permite-me também que reforce a minha opinião, tal como disse há uns tempos atrás. Eu acredito que este factor tem imensa influência. Afinal de contas estamos a caminhar para a eficiência.
Se te referes à eficiência via evolução da tecnologia de motores, é claro que existe, mas nunca se notaria assim de forma tão repentina. Há efectivamente muito menos viagens, mesmo em transportes públicos se nota imenso, e não só aqui como na maioria dos países, mesmo nos EUA há milhões de milhas feitas a menos anualmente ao longo dos últimos anos.
Mas há de facto outro pormenor em que menor consumo global pode não se traduzir integralmente em menos menos quilómetros feitos, como a queda de tráfego nas autoestradas é significativo (e nisso há estatísticas que podes consultar), mesmo que parte seja de pessoas que viajam menos, outras ao usarem estradas nacionais a velocidade é menor portanto também diminuiu o consumo por essa via. No fundo também é uma forma de eficiência, embora não tecnológica. E mesmo as pessoas planearem melhor as suas viagens, também acaba por ser uma forma de eficiência, em coisas tão simples como em vez de ir 4 vezes ao hipermercado por mês, ir apenas 2 vezes, etc,etc.