Temos perto de 5GW de capacidade de produção de energia a partir de gás natural, nesse gráfico às 18h suprimia-se a importação com a produção em gás natural, mas provavelmente não tem interesse. Mas lá está, não podemos pegar num ponto horário e extrapolar isso a nosso interesse.
O ano passado importamos 3% da nossa electricidade, temos anos que somos exportadores. Janeiro deste ano, 686 GWh importados e 412 GWh exportados. Em Janeiro de 2020 exportamos mais do que importamos por exemplo.
Mas isso tem custos, perto de 100 milhões, uma central a carvão não se liga e desliga com um botão, está sempre a consumir energia. A central do Pego na parte a carvão quando não estava a produzir energia para ser consumida na rede estava ela própria a consumir entre 4 a 6 MW por dia. A parte a gás natural consome 2 MW por dia na mesma situação.
Por alguma razão não existiu grande pressão da Trustenergy e da Endesa em manter a produção a carvão activa, porque não iria ser subsidiado e o aumento bruto das taxas de carbono não tornam atractivo o modelo de negócio. É um bocado como teres um restaurante com 100 mesas aberto para almoços e jantares todos os dias, mas facturas zero durante a semana e só enches ao fim-de-semana e aí o lucro é para tapar as despesas durante a semana.
Para suprimir picos de consumo o que funciona é a hidro bombagem, ai sim é quase imediato.
Duvido muito que quem lhes deu maioria absoluta se preocupe sequer com a abolição do carvão. Esses votam noutros partidos. O forte do eleitorado do PS são os funcionários públicos e os reformados, sempre foi assim, e eles são muitos.
Ficava e fica. E segundo a IEA em 2020 tanto a solar como a eólica passaram a ser mais baratas que o carvão em praticamente todos os países do mundo, países esses sem as taxas de carbono a que nós cá em Portugal estamos sujeitos.
Que só voltou a atingir perto desse nível de produção quando andou a escoar o stock de carvão para encerrar. Como respondi ao N_Fig mais acima manter uma central a carvão tem custos elevados porque estão sempre a consumir energia.
É um pouco como um esquentador que está sempre a consumir electricidade (se for recente) ou tem o piloto sempre ligado a consumir gás para poder começar a aquecer água a qualquer momento.
Mas eu não percebo agora esta "paixão" que se vê em vários sitios da net nacional pelo carvão. Em 2016 / 2017 gritavamos pelas caixas de comentários dos jornais em notícias sobre o aumento de vendas de carros eléctricos que andávamos a queimar carvão (que não era verdade) para os carregar. Depois era Espanha e Almaraz, vamos encerrar as centrais nucleares espanholas das quais até importamos energia. Agora que temos as centrais fechadas, as nossas emissões de poluentes (CO2, SO2, NOx) desceram consideravelmente e a energia que importamos até é tem menos carvão do que a que produzíamos, está tudo com saudades do carvão.
A energia que importamos tem sempre menos emissões do que aquela que produzimos, portanto em emissões o saldo é positivo. França é mais de 70% nuclear e Espanha pouco mais de 20%. E não importamos assim tanta energia quanto isso, depende muito dos anos e em vários o nosso saldo exportador é positivo.
A ideia é reduzir emissões, porque a fase que estamos a passar de pouco vento e sem chuva é em parte consequência das décadas em que andamos e continuamos (o mundo todo, não só Portugal) a queimar carvão. Isto sem falar da vergonha que é a gestão dos nossos recursos hídricos, mas isso são outros quinhentos, esses ainda funcionam a carvão
O tempo da nuclear já foi infelizmente, já perdemos esse comboio. Nós e o resto da Europa que não investiu, investiu e não abriu as centrais ou as andou a fechar. Não temos conhecimento, mais o tempo que demora a construir e o custo não é actualmente uma boa aposta. Alguns estudos já indicam que investir agora na energia nuclear já não vai a tempo útil para começar a reduzir as nossas emissões para o que é necessário. O ideal é investir em renováveis e formas de armazenamento, sejam através de hidro-bombagem, hidrogénio, sal liquido ou baterias.