Já tinha lido sobre esse reator, a Finlândia de facto à frente, não vai mesmo precisar de energia fóssil mais na vida...
Claro que esse projeto megalómano demorou uns 15 anos a fazer, com atrasos e muitos milhares de milhões de euros (equivalente a 10 bn USD).
Percebo que digam que a energia nuclear já não é viável em Portugal pela demora na construção (~10 anos), contudo, que opções a médio prazo temos? Armazenamento de energia em baterias é uma opção, mas é uma indústria ainda a dar os primeiros passos.
De acordo com
este artigo, uma bateria de 4-6 horas custará 198 USD/kWh em 2030, 149 USD/kWh em 2050, com uma projeção média. Portugal tem um consumo diário à voltar de 150 GWh. Várias baterias que totalizassem 10 GWh custariam quase 2 mil milhões USD em 2030, 1.5 mil milhões USD em 2050. Contudo, em anos de seca como é que temos energia extra de renováveis para preencher as baterias?
Não querendo ser impertinente e pedindo para não levar a mal o meu comentário, creio que o custo de KWh das baterias estará francamente exagerado. Atualmente as baterias mais baratas para automóveis, têm um custo de cerca de 60 € o KWh (BYD, CATL e outros) .
O uso de baterias para storage de energia, reduz os custos em pelo menos 20%, decorrente da escala da instalação e menores custos ao nível de protecção das células.
Com as melhorias da tecnologia e uso de materiais mais baratos (talvez sódio em substituição do lítio), é expectável que o custo do storage baixe para cerca de 30 € o KWh, nos próximos 3 a 4 anos.
Não que ache que o uso de baterias seja suficiente para resolver, por si, o problema da intermitência das energias renováveis, mas dará uma ajuda relevante.
As baterias também têm um papel importante para estabilizar a rede, permitindo minimizar o investimento na infraestrutura de transmissão de energia ( com grande impacto ambiental), pois permite distribuir a transmissão de energia solar ao longo de 24 horas e não apenas nas 6 a 12 horas de grande produção.
No lado das zonas consumidoras, podemos ter um benefício simétrico, se tivermos um consumo grande durante o dia, poderemos armazenar a energia em baterias durante a noite, para disponibizar durante o dia. Sei que há uns anos havia uma falta de capacidade de transmissão para algumas zonas de Oeiras que poderia ter sido mitigada desta forma.
Não sendo a tecnologia de baterias suficiente, para um país como o nosso, resolver o problema da intermitência das renováveis, poderá a solução estar no uso de hidrogénio, como storage.
É certo que há uma enorme ineficiência ao nível do hidrogénio que, pelo que tenho lido, poderá quantificar se em cerca de 70%. Ainda assim é olhando aos preços por MWh dos últimos leilões solares, parece ser uma alternativa competitiva, assim seja possível escalar a tecnologia de produção, para valore que possam substituir os cerca de 1.200 MWh que tinha a central a carvão de Sines.
Quando refiro competitivo não estou a falar dos exorbitantes preços atuais, mas coma nossa média histórica recente de 55 a 60 € o MWh
Do anterior parece que a solução correcta para Portugal será a energia produzida pelo solar, suportada em baterias e em hidrogénio ( complementada pela eólica e hídrica) . Tudo indica que a storage em hidrogénio, será viável e com custos e prazos de implementação imbatíveis.
Outros países terão outras tecnologias mais adequadas para produzir energia, por exemplo nuclear.
No final, nem nós, nem eles estarão errados, pois cada um deve procurar, sem dogmas, qual a solução que melhor se adapta ao seu caso
Deste post não deve deduzir-se que considero o hidrogénio uma boa solução para automóveis, embora possa ter alguma aplicabilidade em transportes pesados