Vale a pena ler este texto. É longo, mas vale a pena.
http://utopiaeameta.blogspot.pt/2017/06/entre-as-cinzas-da-sobrevivencia.html
Um texto trágico, dadas as circunstâncias, mas muitíssimo bem escrito e polvilhado com equilíbrio e racionalidade.
Vale a pena ler este texto. É longo, mas vale a pena.
http://utopiaeameta.blogspot.pt/2017/06/entre-as-cinzas-da-sobrevivencia.html
que outras culturas se mostram aptas para substituir o eucalipto com alguma rentabilidade para os proprietários?
ninguém vai ficar sentado na soleira da porta 50 anos à espera dos carvalhos ou dos castanheiros.
estas aldeias só existem se tiverem gente.
a terra só é ocupada se tiver rentabilidade.
um projeto de rentabilidade. Os eucaliptos servem esse propósito.
que outras culturas se mostram aptas para substituir o eucalipto com alguma rentabilidade para os proprietários?
ninguém vai ficar sentado na soleira da porta 50 anos à espera dos carvalhos ou dos castanheiros.
estas aldeias só existem se tiverem gente.
a terra só é ocupada se tiver rentabilidade.
um projeto de rentabilidade. Os eucaliptos servem esse propósito.
Tem que ser e estado a dar o exemplo.Nem mais.
É isso que não percebem.
Falar é fácil mas quem fala não habita lá.
Não sabe o que é não ter emprego.
Planta se carvalhos e já está.
Parece uma solução mágica
Nem mais.
É isso que não percebem.
Falar é fácil mas quem fala não habita lá.
Não sabe o que é não ter emprego.
Planta se carvalhos e já está.
Parece uma solução mágica
Se o objectivo é reduzir a probabilidade de incendios violentos e incontroláveis no futuro a unica solução passa por plantar outro tipo de arvores. Há uma coisa que não entendo os pequenos proprietários nesta região plantam eucaliptos e pinheiro para terem rentabilidade, mas estamos a falar de áreas reduzidas, grande parte da área ardida neste incêndio pertencerá ao estado, a não ser que esteja alugada á portucel e companhia qual a razão para estar coberta de eucaliptos?
Qual a razão para o parque natural da serra de estrela estar cheio de pinheiro bravo quando aqui na encosta da Covilhã crescem castanheiros, carvalhos, bétulas, até azinheiras crescem por entre pinheiros a mais de 1000 metros de altitude?
Das duas uma ou ninguém está responsável pelo meio ambiente e florestas ou então estes cargos são ocupados por pessoas que pouco ou nada sabem daquilo que fazem.
Nem mais.
É isso que não percebem.
Falar é fácil mas quem fala não habita lá.
Não sabe o que é não ter emprego.
Planta se carvalhos e já está.
Parece uma solução mágica
Tem que ser e estado a dar o exemplo.
Existem uma série de parques e reservas naturais por esse país fora. Se a floresta desses parques fosse gradualmente substituída por espécies autóctones, já seria um enorme passo.
E quando digo substituída, nem estou a falar em corte de árvores, mas na reflorestação após os incêndios.
Quantos hectares por ano perdem os nossos parques naturais em incêndios? Uma enorme percentagem é logo substituída por Pinhal e eucaliptos, que voltam a arder anos mais tarde.
E depois temos os baldios... Juntas, câmaras... Que apostam também no Pinhal e nos eucaliptos.
Em Montemuro e Leomil, que até há poucos anos não tinham qualquer significado no que toca a eucaliptos, existem agora vastas zonas de eucaliptos jovens. Áreas que circundam aldeais e estão lado a lado com os Soitos. Isto em terrenos baldios.
Quando o fogo lá chegar, o que vai ser os pequenos proprietários que vivem da castanha?
a maioria da floresta esta na zona norte e esta na mão de pequenos proprietários sem grandes posses , mais estranho é que os fundos europeus destinados para a floresta vai na sua maioria para o Alentejo que na sua maioria esta detido mor grandes proprietários até Lisboa tem mais apoios
Eucaliptocratas, diz ele
por henrique pereira dos santos, em 24.06.17
Normalmente não perco grande tempo com o que escreve Francisco Louçã, mas nestes dias tenho-me cruzado com uma ou outra coisa que escreve sobre fogos, como aconteceu hoje como texto que está no Público onde usa o neologismo que eu trouxe para o título do post.
Resolvi pois fazer um post sobre a profunda ignorância em que assentam discursos como este que, se fossem apenas de Louçã, não traziam mal ao mundo.
Infelizmente, por razões históricas e sociais, a diabolização do eucalipto tem fundas raízes sociais, acabando por influenciar o desenho de políticas públicas de uma forma completamente irracional.
Ouçamos pois os intocáveis (na intensa cobertura noticiosa, quantas vezes foram ouvidos bombeiros da Afocelca, operacionais das celuloses, responsáveis pela gestão do eucalipto, responsáveis por agrupamentos de produtores, como a Unimadeiras ou a Abastena, grupos de certificação florestal das associações de produtores?), através de uma mistura entre comentários informais do meu amigo Henk Feith, penso que director florestal da Altri Florestal (uma das duas celuloses que existem no país), que assinalarei entre aspas, e comentários meus, sem aspas. Mesmo tendo havido situações em que o meu português já foi corrigido, e bem, pelo Henk, num ou noutro pormenor pode haver um certo desvio do padrão da língua, dado que a língua materna do Henk é o neerlandês (holandês para os amigos, mas não para os próprios falantes da língua).
"se tirarmos os eucaliptos da paisagem portuguesa, também tiramos a única corporação profissional de bombeiros florestais do país da equação. Sabiam que 95% das intervenções de combate a incêndios da corporação Afocelca são fora do património das empresas de celulose. Já imaginaram as estatísticas dos incêndios em Portugal sem Afocelca? Estive estes dias no incêndio de Gois. Os únicos bombeiros que eu vi combater os fogos na floresta foram os Espanhois,que estiveram connosco a combater. Os colegas Portugueses estavam todos juntos às casas à espera do fogo lá chegar. É assim que está definida na estratégia da ANPC. Eu não discordo das prioridades estabelecidas, discordo com a estratégia para as concretizar. Para defender as casas, é preciso combater o fogo na floresta, e não ficar á espera dele junto das aldeias."
"Estivemos trÊs dias a combater e o dano (em propriedades da Altir, entenda-se) ficou limitado a 14 hectares numa propriedade de 600, dos quais 200 de pinheiro bravo e 400 de eucalipto (Propriedade Vale Lapão, por sul do parque eólico). Mas o que travou o incêndio foram as plantações de eucalipto, porque quando o incêndio la bateu em força vindo do sul, rapidamente abrandou e foi controlado por nós. Estivemos três dias a combater o incêndio fora da propriedade, sem apoio de ninguém a não ser os Espanhóis na segunda feira, em áreas abandonadas, com eucaliptos e pinheiros. Quando chegou à área devidamente gerida (por nós), o assunto ficou resolvido em poucas horas. E sim, passámos lá mais 24 horas para controlar reacendimentos, algo que também mais ninguém faz. E sim, meus colaboradores tiveram lá 36 horas seguidas a combater, a defender a sua casa, sem olhar para cansaço nem família. Porque eles sim acreditam na floresta Portuguesa e estão dispostos para a defender contra tudo e todos. Como era costume no mundo rural há décadas"
"Para nós, uma taxa de incêndio de 0,5% é aceitável em termos de gestão empresarial (é um KPI clássico). Acima disto, o dano por incêndio começa a constituir-se uma ameaça à sustentabilidade da nossa atividade empresarial. Ficámos acima deste valor em 2003, 2005, 2016 e 2017 (já). Mas em média estamos abaixo deste valor. Bem abaixo (0,3%). Estou convencido se a floresta que nos vizinha fosse gerida como a nossa, ficávamos facilmente abaixo dos 0,1%. Extrapola isto para o panorama nacional..."
"em 2017 estamos já acima dos 0,5%. Em Figueiró e Penela fomos fortemente atingidos. Estive lá. Foi impossível de travar devido à falta de gestão de grande parte da área que ardeu. Curiosamente, uma plantação nossa de 2015, Feteira, passou intocado enquanto tudo em redor ardeu. Em breve voupublicar no YouTube um vídeo sobre o efeito benéfico das plantações recentes nos incêndios, com um exemplo correto de um incêndo em 2016 em Castelo Branco"
Por umas contas que fiz aqui em cima do joelho, se a média nacional de área ardida ficasse pelos 100 mil hectares previstos (e não fica), a taxa de incêndio que teríamos no país, para comparar com os 0,3% desta empresa de celulose, seria um pouco mais de 1,5% se contarmos os matos, e entre os 3 e os 3,5% se contarmos só os povoamentos. Fiquemos pelos 1% (se é verdade que o que interessa é a área total de povoamentos, também é verdade que tipicamente mais de 50% da área ardida são matos) para comparar com os 0,3% e concluímos que o Senhor Louçã, do fundo do seu sofá, responsabiliza pelos fogos em Portugal os que ele chama de eucaliptocratas, isto é, as pessoas que conseguem ter uma taxa de incêndio de 0,3% para comparar com o que nós, como sociedade, temos para apresentar em termos nacionais, 1% (contas muito por baixo).
"eu defendo uma visão de "créditos de biodiversidade", em que as espécies produtivas como eucalipto, pinheiro bravo, pinheiro manso e sobreiro suportam a gestão das espécie "não-comerciais". Um pouco como o mercado de carbono, mas para floresta nativa. Uma fábrica que emite CO2 tem de comprar créditos de carbono; uma floresta comercial pode ter de comprar créditos de floresta de conservação. Quem planta 10 ha de floresta de produção tem de ter ou financiar 1 ha de floresta de conservação. Assim, o investimento florestar impulsiona a conservação da floresta. Em vez de proibir, promove-se o equilíbrio."
Ou seja, o eucaliptocrata que anda há três dias a bater com os costados no meio do fogo (não, não é na estrada, à volta das aldeias, é mesmo lá, nos sítios em que sabem que há oportunidades criadas pela gestão para parar o fogo), afinal defende uma solução de onerando a exploração permite financiar a conservação, mas o senhor Louçã, do fundo do seu sofá, acha que o mais eficaz é proibir a actividade económica que permite a libertação de recursos para a gestão, entregar mais não sei quantos milhares de hectares ao abandono que potenciam a dimensão social catastrófica dos fogos, liquidar a mais eficiente e a única estrutura profissional de bombeiros florestais e diminuir o rendimento de 400 mil pequenos proprietários.
Eucaliptocratas, diz o senhor Louçã. Obrigado Henk, obrigado Tiago Oliveira, e muitos outros, direi eu.