Existem efetivamente vários bosques ainda por documentar em Portugal, e até se vão descobrindo novas espécies de árvore para Portugal.
Alguns núcleos possuem, árvores muito raras, dentro do contexto europeu e até mundial, isto porque Portugal funcionou sempre mais como um refúgio, do que como mais um país europeu, como tantos outros, de faias, áceres e abetos.
Árvores como o ácer-campestre ou a faia, por exemplo, são muito vulgares no contexto centro-europeu, mas não em Portugal, porque no geral, não existem cá condições muito propícias para estas espécies.
Poderão no entanto ter existido sim, mas durante fases mais frescas (durante glaciações) ou se formos para os períodos interglaciais (como o atual) sobretudo em zonas de altitude.
Realmente parece que dada a sua distribuição atual, é muito provável que no passado terão estado cá presentes.
A faia já voltou (de que eu tenha conhecimento existe um núcleo no Gerês e outro em Sintra). O núcleo Geresiano está em expansão nítida, e o Sintrense parece estagnado, não se notando o aparecimento de novas árvores.
O ácer-campestre penso que não voltou ainda, pelo menos em estado selvagem (talvez exista como ornamental), mas temos cá outras 2 espécies de ácer (recentemente tive a sorte de encontrar acidentalmente alguns exemplares de zelha, na Serra de Aire).
No entanto, não vejo qual o problema, para a plantação do ácer-campestre, especialmente em zonas dotadas de um clima húmido e temperado, como as que existem no Noroeste do nosso país, onde deveria estar presente. Acresce também o interesse, desta espécie ser especialmente boa para ajudar os solos a estabilizarem o que tem muita importância, sobretudo em zonas de encosta (para evitar os deslizamentos de terra).
Mas deverão certamente haver mais espécies, nesta mesma situação, basta consultar estudos palinológicos e dendrológicos,que abordem períodos passados da flora ibérica.
Alguns desses estudos, por exemplo, indicam-nos que o pinheiro-larício esteve presente em Portugal e por isso, pode-se dizer que a espécie também já foi reintroduzida no nosso país (ainda que tendo em vista meramente o aproveitamento económico, mas já com pinhais desta espécie, presentes no Alvão, por exemplo).
Mas esses mesmos estudos, também nos indicam que existem algumas espécies, que estão realmente extintas, nos dias que correm e que a vizinha Espanha, (ou excepcionamente a França), poderia ser a fonte das espécies a reintroduzir, pois a variedade de lá, não deverá ser muito distinta da que existia por cá.
Recordo-me de ter lido um estudo, em que uma espécie de tília chegava a crescer em estado selvagem, perto de Óbidos, por exemplo. Hoje em dia, penso que está ausente nas matas do nosso país, aparecendo apenas em jardins.
Em Espanha, no entanto, acho que existe pelo menos, uma espécie de tília selvagem (no Norte).
E o que poderá ter provocado a extinção dessas espécies no nosso país? Além da influência humana, existiam também as limitações geográficas e climáticas, que levavam a que estas espécies com um teor mais temperado e boreal, estivessem circunscritas sobretudo, durante as fases interglaciais, a zonas de maior altitude e portanto com uma distribuição geográfica algo reduzida no nosso país.
Penso portanto, que algumas universidades e instituições, deviam tentar identificar os núcleos mais importantes, que estejam ainda por documentar, e tentar assegurar a sua conservação.
E a reintrodução de algumas espécies, que estejam confirmadas como extintas no nosso país, também devia ser realizada (começando de forma experimental, e em zonas propícias).
Mesmo as escolas também deviam incentivar os estudantes, a adoptar e cuidar de parcelas florestais.
Pequenas áreas, podem encerrar surpresas, como um grupo de amieiros antigos, que cresce teimosamente junto a um ribeiro perto de Mira-Sintra.
Os serviços municipais, também deviam tentar organizar iniciativas nesse sentido.
Alguns grupos particulares em Portugal, têm adquirido terras para conservar as florestas que existem nas mesmas e até de alguma forma, aumentar a área da floresta nativa.
Tal também está acontecer em reservas naturais privadas.
Mesmo o governo lançou uma medida para incentivar a floresta autótone:
https://www.publico.pt/2018/10/28/e...lhoes-pagar-aposta-floresta-autoctone-1849123
Eu, por exemplo, tenho uma quinta onde faço propagação da floresta autótone e todos os anos, há sementeiras e plantações. No ano passado, por exemplo, plantei salgueiros-brancos junto a um lago, além de ter semeado vários sobreiros .e carvalhos-cerquinhos (todos de variedades locais). Os medronheiros e os loureiros, estão a desenvolver-se bem, assim como os carvalhos. Também resgatei quercíneas e loureiros, que estavam a crescer num pomar de macieiras e que iam ser destruídos, caso eu não os levasse.