Biodiversidade

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A queda do Vigário em Alte está seca.

A culpa é da captação de água à superfície na ribeira para a rega de laranjeiras. O problema dos motores de rega que captam a água de rios e ribeiras no Sul é gravíssimo. Deveria ser proibida tal prática mas pelos vistos as autoridades competentes autorizam estas captações.

Onde anda a Quercus?
 
A queda do Vigário em Alte está seca.

A culpa é da captação de água à superfície na ribeira para a rega de laranjeiras. O problema dos motores de rega que captam a água de rios e ribeiras no Sul é gravíssimo. Deveria ser proibida tal prática mas pelos vistos as autoridades competentes autorizam estas captações.

Onde anda a Quercus?
Também vi essa notícia, e acho que o mal, está quando essas entidades competentes como a Agencia Portuguesa do Ambiente passa as respectivas licenças para a captação de água. E depois é claro para regar 40 ha de laranjeira a água nao pode chegar á respectiva cascata como chegava antes de ser captada. Acaba por ser mais um espaço de lazer que perde quase o seu interesse.
 
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No Algarve pode não chover entre meados de Abril e o início de Outubro. No Inverno caem 500 ou 600 mm, e essa água acumula-se nos chamados pegos, e em açudes, que antigamente duravam todo o Verão na serra. O barrocal tem fontes cársicas e há ribeiras que não secam no Verão, pelo menos perto das fontes. Essa água dos pegos, açudes e fontes é fundamental para a sobrevivência dos anfíbios, cágados e peixes, como o raríssimo saramugo. São também bebedouros para aves e mamíferos. e locais de lazer para os algarvios e turistas. Por tudo isto a captação de água nos cursos de água deveria ser crime. Usem água dos poços e das barragens. E para além disso o Algarve não pode ter só campos de golfe e laranjeiras. Nós somos um dos poucos sítios do mundo onde crescem alfarrobeiras, e é uma cultura que anda muito esquecida, as árvores não têm sido replantadas nem estão cuidadas. A alfarrobeira não precisa de rega...
 
No Algarve pode não chover entre meados de Abril e o início de Outubro. No Inverno caem 500 ou 600 mm, e essa água acumula-se nos chamados pegos, e em açudes, que antigamente duravam todo o Verão na serra. O barrocal tem fontes cársicas e há ribeiras que não secam no Verão, pelo menos perto das fontes. Essa água dos pegos, açudes e fontes é fundamental para a sobrevivência dos anfíbios, cágados e peixes, como o raríssimo saramugo. São também bebedouros para aves e mamíferos. e locais de lazer para os algarvios e turistas. Por tudo isto a captação de água nos cursos de água deveria ser crime. Usem água dos poços e das barragens. E para além disso o Algarve não pode ter só campos de golfe e laranjeiras. Nós somos um dos poucos sítios do mundo onde crescem alfarrobeiras, e é uma cultura que anda muito esquecida, as árvores não têm sido replantadas nem estão cuidadas. A alfarrobeira não precisa de rega...

Nós por aqui temos a amendoeiras, mas a maior parte das amendoeiras por aqui já estão a morrer de velhice e por falta de podas, e já para nao falar que também nao há ninguem que queira plantá-las. Eu este ano plantei 4 amendoeiras, que estão envasadas ainda, á espera que venha o inverno para irem para a terra, já tem mais de 1,20. Tenho outras quatros nogueiras que salvei da morte pelas grades de discos dos tractores, essas nasceram também debaixo da nogueira "mae", também em vasos. Se nao daqui a poucos anos as amendoas, só mesmo de compra, e como eu gosto de ter um pouco de cada, para comprar o menos possivel.
 
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Nós temos a «panca» das lavouras e da limpeza das terras, são terríveis para algumas espécies de árvores.

Nuns terrenos de herança o meu pai autorizou que os ciganos pusessem os cavalos a pastar, já estão todos limpos, nem tinha essa noção, que os animais são tão eficazes a limpar mato.

As árvores não são replantadas há décadas, uma alfarrobeira demora mesmo muitos anos até dar rendimentos visíveis, tal como um castanheiro ou um sobreiro. Ninguém quer plantar para ver dinheiro daqui a 30 ou 40 anos, antigamente a mentalidade era outra e as pessoas plantavam a pensar não nelas mas nos filhos e nos netos.
 
olha aí esta um bom tópico, não tenho terrenos mas sei que os donos são obrigados a fazê-lo, ora do que sei as zonas de mato como silvados ou matas mais densas são o habitat de inúmeras espécies algumas emblemáticas como a codorniz e o melro que nidificam em locais de arvoredo denso com espinhosas
 
olha aí esta um bom tópico, não tenho terrenos mas sei que os donos são obrigados a fazê-lo, ora do que sei as zonas de mato como silvados ou matas mais densas são o habitat de inúmeras espécies algumas emblemáticas como a codorniz e o melro que nidificam em locais de arvoredo denso com espinhosas

Eu suspeito que as campanhas do trigo foram responsáveis pela extinção do toirão-andaluz ou do lobo-ibérico no Sul do país, naquela altura foi tudo desmatado e queimado, há zonas onde «nem uma terra» estava por limpar. Uma estupidez, naquela altura já se sabia que os terrenos mediterrânicos de xisto-grauvaque não prestam para a agricultura.
 
« Quando Afonso Henriques tomou posse de Lisboa consentiu-se ao mouro que refluísse para os subúrbios da cidade, e ele aí se estabeleceu, entregue ao cultivo das hortas, com a água a escorrer da nora gemedora. É desta população consentida, mourisca e subalterna, que deriva o mais da gente que habita os contornos de Lisboa - osaloio. [...] Psicologicamente, caraceriza-o o espírito de rotina, a crueza de vistas, a avareza levada à sordidez, e essa sistemática atitude de desconfiança que, sob o nome de esperteza saloia, tomou foros de proverbial, e foi filão aproveitado por muita veia cómica nos teatros de Lisboa. O seu horror à árvore, tão rácico, não pouco tem contribuído para despoetizar grandes zonas de terra em que se fixou, dando a certos retalhos arrabaldinos esse aspecto escalvado, marroquino e carrancudo [...]
No mais, enverga jaqueta e calça abuzinada, na cabeça o barrete ou a carapuça, e em torno da cinta uma faixa negra. Elas usam saias curtas e botarras de cano baixo, com sola rijamente pregueada, e são as lavadeiras que o carreteiro traz todas as semanas à cidade em grandes cachos humanos [...] »


Guia de Portugal, 1º v., Generalidades; Lisboa e arredores, 1ª ed., B.N., Lisboa, 1924, p. 464 [Reed. da Gulbenkian, imp. 1991].

http://biclaranja.blogs.sapo.pt/86714.html

Será o horror à árvore uma herança da passagem dos mouros?

Antes da vinda dos romanos estavam por cá tribos celtas e celtiberas que veneravam algumas árvores como sagradas.

Tenho reparado que no Alentejo e Algarve praticamente não há grandes árvores de sombra nas povoações, e com frequência é tudo «limpo», bermas de estradas, margens de cursos de água, divisórias de terrenos. Só ficam as árvores de fruto e sobreiros.

Uma coisa é certa, temos uma relação difícil com a floresta e a árvore.
 
Ontem aqui ao pé da minha casa andou um tractor a gradar um terreno qua já nao era limpo á dois anos, só tinha algum feno, e pelo que vi pelo menos 2 sobreiros foram cortados pela grade de discos, já tinham cerca de 2 anos e mais de 1,5 m de altura. Daqui a um bons anos nao tenho dúvida que seriam um ótimos sobreiros. Já este inverno também cortaram aqui um sobreiro num terreno vizinho que já tinha 20 anos, nao cheguei a descobrir quem foi porque na altura nao estava em casa, e ainda por cima foi para lhe aproveitar um metro do tronco, o resto ficou lá dentro das silvas. Como eu digo, e bem que o sobreiro é uma árvore que morre de pé, e que nunca se deixa ficar, e lá vem ele a rebentar novamente, apesar de agora demorar outros tantos anos a formar-se, para chegar onde já estava. Nao compreendo essas pessoas que fazem isso.
Já no ano passado tambem andou aqui um tractor com um braço extensivel de corta-mato, e lá vai devorou tudo silvas, sobreiros pequenos, rasgou ramos inteiros de azinheira e sobreiros até uns 3 metros de altura.
Enfim tenho tanto para falar sobre este tema do tópico que devia de dar para escrever um livro.
E cada vez que vou dar uma caminhada, pelas estradas rurais, já vou sempre prevenido com uma mochila e sacos para apanhar garrafas de vidro e latas de metal para depois reciclar.
 
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Mas isso é crime, o sobreiro é protegido por lei...
Pois é e apesar de ser uma árvore protegida acredita que á muita gente que só vê o dinheiro e o interesse deles á frente e nao querem saber de mais nada. Cada vez mais vejo sobreiros que vao nascendo espontaneamente, em especial debaixo da copa de oliveiras e figueiras,
 
A questão da limpeza dos terrenos no caso de prevenir incêndios faz pouco sentido e e contraproducente em muitos aspetos .

Em primeiro lugar , e uma utopia , limpar todos os terrenos em todas as serras e montes era um esforco totalmente impossível .

Em segundo lugar , seria um crime ambiental , e no manto arbustivo que boa parte dos animais se alimentam e abrigam , alem de que e um forte protetor contra a erosão do solo .

E preferível fazer corta - fogos ou técnicas de fogo controlado , por exemplo e por vigilância humana nos ecossistemas importantes ( alguem no seu perfeito juízo daria ordens para " limpar " a mata da Albergaria no Geres , por exemplo , nesses santuários naturais deveria haver um forte reforço da vigilância ).
 
Eu só vejo uma solução para a floresta nativa, a criação de reservas florestais públicas, nos EUA cerca de 50% da floresta é pública, noutros países esse valor é superior. Mas é causa que não colhe simpatias em Portugal, as causas da moda são os casamentos dos pan..., o ambiente e o património histórico são para já causas perdidas.

Temos cerca de 1 ou 2% da floresta nas mãos do Estado, eu que sou mais de Direita e liberal vejo que isto é uma área onde o Ministério do Ambiente tem de tomar as rédeas, e a razão é simples: não vale a pena forçar mais os solos improdutivos das serras, já os romanos não os queriam porque percebiam que não serviam para a agricultura. Há culturas que podem ser feitas, cereja, nogueira ou castanheiro são bons exemplos.

Deveria haver um consenso para a criação de uma rede nacional de floresta nativa, que corresponda a pelo menos 20% da área florestal, acredito que já faria uma enorme diferença.
 
A questão da limpeza dos terrenos no caso de prevenir incêndios faz pouco sentido e e contraproducente em muitos aspetos .

Em primeiro lugar , e uma utopia , limpar todos os terrenos em todas as serras e montes era um esforco totalmente impossível .

Em segundo lugar , seria um crime ambiental , e no manto arbustivo que boa parte dos animais se alimentam e abrigam , alem de que e um forte protetor contra a erosão do solo .

E preferível fazer corta - fogos ou técnicas de fogo controlado , por exemplo e por vigilância humana nos ecossistemas importantes ( alguem no seu perfeito juízo daria ordens para " limpar " a mata da Albergaria no Geres , por exemplo , nesses santuários naturais deveria haver um forte reforço da vigilância ).

Acrescentaria a utilização do gado e a introdução de veados, gamos, corços, cabras selvagens ou muflões.

Sempre vi que a «limpeza» é paranóia, contudo limpezas bem feitas em algumas áreas são importantes, penso no controlo das invasoras!

Se visitarem a zona central da serra de Aracena verão que não há mato, porque as copas das árvores estão cerradas e o mato não cresce por falta de luz.

E volto a repetir que falta vigilância humana no interior, com as novas tecnologias, drones, radares, satélites, pode-se fazer muita coisa.
 
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Acrescentaria a utilização do gado e a introdução de veados, gamos, corços, cabras selvagens ou muflões.

Sempre vi que a «limpeza» é paranóia, contudo limpezas bem feitas em algumas áreas são importantes, penso no controlo das invasoras!

Se visitarem a zona central da serra de Aracena verão que não há mato, porque as copas das árvores estão cerradas e o mato não cresce por falta de luz.

E volto a repetir que falta vigilância humana no interior, com as novas tecnologias, drones, radares, satélites, pode-se fazer muita coisa.

Concordo totalmente, á que utilizar as novas tecnologias para vigiar a nossa floresta, os drones nao servem só para filmar concertos ou campos de milho transgénico.
Oftopic- uma vez que agora começam a aparecer as amoras silvestres, e se sao apaixonados por este fruto como eu, tenham sempre o cuidado para ver se as silvas nao levaram herbicidas, ou póximas de estradas. Eu só as apanho de terrenos aqui perto de casa, que estejam mesmo abandonados, sabendo assim que nao levaram qual quer produto químico.
 
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