O touro bravo está de facto próximo do uro, falta-lhe somente ter uns cornos um pouco mais longos. Em relação ao tamanho, parece-me que o touro bravo é mais pequeno, mas talvez na P. Ibérica os auroques não fossem assim tão grandes, dado o facto do clima ser mais quente do que a Europa do Norte.
Eu diria que as hipóteses de termos o auroque de novo, são quase de 100%, basta fazer um estudo genético e seleccionar os melhores fenótipos da raça sayaguesa, maronesa, touro bravo,etc...
A raça Barrosã do Norte de Portugal, que existe junto à Galiza ( Galicia) também é um exemplo único de proximidade com uma subespécie de auroque ( Bos primigenius mauritanicus) procedente do Norte de África, trazido pelo Mouros durante o tempo de ocupação da P. Ibérica, tendo sido no entanto « encurralado» num pequeno enclave do Norte de Portugal, devido ao domínio do tronco ibérico e aquitânico sobre o mauritânico. Basicamente, o que se fez na raça barrosã foi seleccionar os auroques mouros, com maiores chifres, corpo mais corpulento, proporcionado e forte. Neste caso os machos chegam a atingir um peso médio ( não máximo) de 701 kgs, algo bem mais próximo de um auroque. Seria necessário, seleccionar os exemplares com melhores características de auroque, fazer um estudo genético e começar a pensar em construir a primeira população em cativeiro de auroques norte-africanos.
Felizmente, temos também o tronco ibérico e está em estado quase bruto, presente nos touros bravos, raça maronesa, raça sayaguesa, onde podemos construir também o auroque ibérico.
Embora este assunto, possa fazer alguma confusão a algumas pessoas, há que lembrar, que algumas raças domésticas ( que infelizmente não são a maioria), ainda apresentam uma forte ligação aos seus antepassados selvagens e morfologicamente e geneticamente são praticamente o mesmo animal. Se forem soltos na Natureza de novo, poderão até ocorrer mudanças físicas que os aproximem ainda mais da primitividade do passado, num espaço de tempo bastante curto.
E sinceramente, não acho nenhum inconveniente, em ter estes animais de novo em estado selvagem em algumas regiões protegidas da P. Ibérica, pela mesma razão que o bisonte.
Já ouvi falar, que algumas pessoas não queriam ver estes animais num parque natural ou nacional à solta, mas o que acontece é que numa zona destas não se pode estar à espera de dar prioridade ao Homem, mas sim à Natureza. Já há poucos locais assim, deixem ao menos alguns sossegados. Animais perigosos sempre os houve e ainda hoje os há, não seria com a reintrodução da fauna nativa, que as coisas iriam ser muito diferentes. O javali é um animal claramente mais perigoso do que os 2 mencionados acima, por exemplo e vive espalhado por vastas áreas do país.
Na última vez que estive em Montesinho e fiz trabalho de campo na floresta, mentalizei-me que ali quem mandava era a Natureza e as suas leis, se me acontesse alguma coisa seria da minha responsabilidade.
De noite ouvi sons bastante assustadores e que indicavam a presença de animais de grande porte, mas tentei respeitar e cumprir os meus objectivos, ainda que se sentisse algum receio que penso que era saudável.
Mas é mesmo isso o que deve ser um parque natural, de outra forma, não teria qualquer magia e encanto.
Estava aqui a vasculhar sobre o Bos primigenius mauritanicus e saiu-me esta prenda:
http://docs.google.com/viewer?a=v&q...0VNbGO&sig=AHIEtbSipaFjm8AFu9RK8nBFGx7eOuzDgQ
Um estudo genético feito sobre as raças bovinas do noroeste ibérico, confirmaram, que temos diferentes espécies de bovinos selvagens potenciais (!), mas o mais interessente foi o facto da raça maronesa ser muito primitiva, vindo directamente de uma espécie de bovídeo selvagem de uma espécie menos conhecida ( Bos taurus brachycerus), que se desenvolveu isolada numa região montanhosa do Norte do Portugal ( Marão, Padrela,etc) e estando protegida de cruzamentos sobreviveu assim até hoje!
De facto, aquela cornamenta em forma de lira, o corpo robusto e a côr da pelagem, não enganam muito!
Trata-se mesmo possivelmente de uma espécie de auroque.
A Sayaguesa também é muito interessante!