Aí por volta de 1994/95 (o erro não pode ser grande), eu, um colega meu e um responsável do PNPG, de quem esse colega era amigo, fomos visitar a cerca, em Torneros (Lobios), Espanha, onde estavam em estudo e adaptação alguns exemplares da “capra pyrenaica victoriae”, trazidos precisamente de centros de recuperação espanhóis.
O que recordo dessa visita são, sobretudo, as críticas - profunda, ecológica e cientificamente sentidas - do sr. engenheiro que nos acompanhava, acusando os nossos vizinhos galegos de insensibilidade ambiental, de ignorância e de trapalhice, por introduzirem (nas proximidades do santuário geresiano, deus nosso!) uma espécie trazida dos Pirenéus, parente mais ou menos afastada da autóctone cabra do Gerês, é certo, mas exógena às caractrerísticas florestais, ambientais, climáticas... desta região, e que viria, por certo (na sua mui douta sapiência), provocar desequilíbrios no ecossitema presente!
Podeis estar absolutamente seguros de que aquilo que, inicialmente, foi malquisto pelo purismo ambientalista do PNPG é, agora, a menina dos seus olhos, a pérola mais valiosa, o único troféu que tem para exibir em 40 anos de existência... afinal, fruto de um "crime" ambiental dos nossos amigos galegos.
A introdução - animal, planta ou calhau - jamais poderia ter acontecido por iniciativa do Parque Nacional, cuja política se tem cingido a não intervir, mesmo que a intervenção seja de valorização, a não mexer, a não fazer nada... São dezenas e dezenas de técnicos, entre biólogos, zoólogos, botânicos... engenheiros ambientais, florestais, paisagísticos... só para proibir, proibir, proibir...