Bem, este episódio é um pouco mais complexo do que parece. Na verdade, apesar de não aparecer aqui nas cartas, haverá uma frente quente a trazer precipitação durante a madrugada/manhã. Como se percebe pelas cartas de TetaSW, às 06UTC Portugal Continental ainda estará no sector "frio", em transição para um ar tropical, portanto não me parece incorrecto dizer que a precipitação nessa fase está associada a uma "frente quente".
Durante a tarde, sim, de facto essa frente fria desenhada pelo MetOffice e as cartas do site do IPMA (automaticamente e não por um meteorologista, diga-se) aproxima-se do noroeste do continente, mas na verdade nem chega propriamente a passar, começando a ondular quando se aproxima do nosso território, trazendo precipitação, mas sempre em sector quente, como se vê nesta carta às 18UTC:
Ou seja, de facto há uma frente fria em deslocamento, com uma frente quente sobre o norte de França, mas também uma outra "frente quente" não foi desenhada nessas cartas sobre o continente durante a manhã, que depois dá lugar à frente fria mas ficará quase-estacionária a partir da tarde, começando a ondular. Essa aliás, é a razão da chuva persistente prevista amanhã para certas regiões do Norte e Centro, que poderá resultar em acumulados mais elevados. Se a frente fria cruzasse o território mais rapidamente, sem ondular, até poderia haver chuva temporariamente forte, mas os acumulados seriam menores.
Na verdade, isto das frentes "frias" e "quentes" não deixam de ser modelos conceptuais que servem apenas para nos "orientarmos" e podermos de certa forma classificarmos os sistemas segundo as suas características principais, mas na realidade não há uma frente igual a outra, e a realidade é por vezes muito mais complexa, que se torna difícil representar num mapa qualquer.
Talvez neste caso o mais correcto fosse dizer no texto que seria afectado por um sistema frontal, sem identificar as superfícies frontais associadas, sendo que percebo o raciocínio de quem escreveu o texto, assim como não estaria mal de todo referir a superfície frontal fria, porque durante a tarde a precipitação está associada a ela, embora esteja nessa fase já ondulando e não chegue a cruzar o território, nunca provocando a típica redução de temperatura, rotação do vento, mínimo de pressão, etc..