Todos os meses de outubro este tópico enche-se de lamentos por não chover. Quantos anos mais será necessário para que nos mentalizemos que o normal é chover pouco em outubro? Que o mais normal é haver poucos dias de precipitação? Como já foi referido pelo Mário e pelo Aurélio, é relativamente normal só começar a chover no final deste mês, tal como aconteceu o ano passado e em 2009. Não há nenhum drama nisso, o único drama foi o inverno passado em que pouco choveu.
Quanto à previsão propriamente dita, há a possibilidade de um cavado passar pelo território do continente no final da próxima semana, podendo ocorrer precipitação, que não deverá ser nem muito generalizada nem em grandes quantidades.
A longo prazo, e com a clara tendência do deslocamento do vórtice polar para a América do Norte, não vislumbro grandes hipóteses de haver uma mudança de padrão, a não ser com a presença de alguma cut-off que consiga irromper no meio das altas pressões que nos irão rodear. Tal cenário aparece bastante convincente em todos os modelos, e estabelecerá de novo um fluxo de nordeste, com anticiclone dos Açores em crista para as ilhas britânicas. Portanto secura, e a única hipótese de termos chuva, perante este padrão, é vir alguma cut-off de este, algo que se tem visto em algumas saídas, mas ainda a distâncias temporais enormes.
Primeiro...Outubro não é um mês seco, no sul ( do Tejo) é até um dos meses mais chuvosos do ano, conjuntamente com Novembro e Dezembro.
Tem sim poucos dias de precipitação, mas geralmente quando chove normalmente é muito.
Depois, o GFS tem sido o modelo mais coerente nos ultimos dias, e mostra um cavado para a 2a metade da proxima semana...o GEFS e o EPS tambem teem vincada essa tendencia, mas a operacional do ECMWF tem andado estranha desde há umas semanas..
Bom, a questão que se põe é se esse cavado terá condições de causar mais ou menos instabilidade...e isso depende da presença de ar humido e quente por cá, da interacção entre essa pluma de ar quente com os restos da depressão Açoreana e, por fim, da posição do cavado que vai descer sobre a Europa Ocidental.
Destacam-se 3 hipoteses:
- O cavado a N/NW induz uma ciclogenese em cut-off a oeste de Portugal ( pouco provavel).
- Ciclogense na Biscaia no ponto de interacção entre a pluma tropical e o cavado, com absorção quase completa da depressão Açoreana, sendo que a oeste poderia sobrar alguma vorticidade em altura ( sem grandes consequencias salvo alguma chuva no norte)
- Cut off estacionaria perto dos Açores, devido ao fortalecimento do bloqueio anticiclonico ( pouco provavel).
Quanto ao longo prazo, há agora uma maior tendencia para AO/NAO-, o que não é de estranhar porque a NAO e a AO são indices que interactuam muito, logo, as flutuações de um costumam ter impactos no outro, de sinal geralmente igual.
Isto quer dizer que teremos uma situação de bloqueio muito complexa...e no nosso caso, o ideal era ter uma cut-off a oeste, não vinda de NE, pois de NE viria ar frio e seco com muito pouca instabilidade potencial.
Cut-offs que veem de NE muitas vezes geram instabilidade sobre o mar, com células que morrem mal tocam terra devido ao ar muito seco e relativamente frio.
Para alem disso, ainda há a agravante de que no sector oeste das cut-offs geralmente tens convergencia em altura e subsidencia...