Seguimento - Incêndios 2012

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Depois de ler as mensagens aqui postadas por alguns dos membros des forúm, e achandop que numa parte ou outra todos têm alguma razão, cabe-me no entanto dar mais uma vez a minha ideia sobre este assunto.
Assim e talvez por ter sido bombeiro voluntário durante 25 anos pode ser um pouco tendenciosa em defesa desses homens e mulheres que enquato, nós estamos na praia num convívio com amigos em casa no trabalho etc, ha homens e mulheres que dao o melhor de si numa frente de fogo quaqquer ( e nao querem ser herois nem os coitadinhos) são o que sao e fazem com orgulho a missão que lhe esta destinada.
Quanto ao dinheiro gasto no combate, concordo plenamente com ele pois quanto mais condições os bombeiros tiverem, melhor farão o seu trabalho, é pena que esse investimento no combate seja a maior parte canalizado para A Autoridade Nacional de protecção civil e respectivos Centros Distritais de onde inumeras vezes se combatem incendios dentro de gabintes com A.C. e nao no terreno 1º problema, 2º o desenvistemento em politicas florestais, que é feito dos Guardas florestais? que exitiam e tinham a sua area de intervenção, poderiam a meu ver ser substituiod pelos GIPS da GNR, mas não, a falta de limpeza das florestas que tirando algumas camaras municipais ja aqui mencionadas e outras nada se faz, ja nao se cultiva em Portugal a terra esta ao abandono logo torna-se um barril de polvora. Quanto ao combate em si e a comparação com os espanhois, eu tambem combati ao lado de espanhois pois era operacional numa zona de fronteira, e nao vi grandes diferenças, combati ao lado de chilenos que nos vieram ensinar algumas técnicas de combate, algusn deles infelizmente vieram a falecer em combate em portugal, é certo que aprendio algo mas nada de muito preponderante no combate , mais na avaliação. E finalmente contiuno a dizer que a fliresta arde em portugal porque alguém quer que ela arda e aí também ainda ha muito por fazer.

Não, a floresta em Portugal arde porque tem que arder! se não houvesse o Fogo, com 1000 mm por ano e Tº media anual de 15cº o que acha que era isto para lá da Auto-estrada 1? Por favor...Ah! E muito cuidado ao falarmos do abandono das terras e falta de limpeza...atenção! A grande maioria dos foristas vive onde? e os pais e Avós são de onde? então porque os filhos fizeram uma migração interna?
é fantastico ouvir os pseudo-urbanos dos ecologistas (esta é para a quercus que ouvi hoje de manha, não é para ninguem aqui do forum) dizerem que a floresta esta mal tratada e tal...em vez de plantarem algumas árvores de vez em quando ou de andarem uma vez por ano a limpar lixo, deviam ir povoar o interior, criar gado, promover a agricultura...
 
Embora tenha estado reticente em intervir neste tópico, levantaram-se um conjunto de questões que me aprecem pertinentes. Existem aqui diversos pontos de vista e muitas ideias a meu ver acertadas. Contudo algumas coisas carecem, a meu ver, de uma visão mais realista. Ou melhor, para não ser injusto, talvez se baseiem no "que deveria ser ideal" mas que infelizmente não é ideal.

Um ponto prévio que queria esclarecer: Não sou bombeiro, não faço parte da protecção civil e a minha opinião é apenas baseada no que vejo, em algum contacto com bombeiros, em conferências e contacto próximo com a área de investigação em incêndios florestais. Outro ponto prévio a acrescentar. Entendi claramente a explicação correcta do forista AJB sobre fogo e incêndio. Duas noções distintas que foram bem explicadas. A questão é que na prática o fogo torna-se incêndio. E torna-se demasiadas vezes... Posto isto, e frisando a minha localização enquanto opinador segue a minha opinião.

1 - O ordenamento do território e a prevenção são peças fundamentais para evitar incêndios. Já foram aqui frisadas "n" medidas a ser tomadas. Não vou alongar a temática. A qualidade dos posts aqui colocada fornece um manancial de sugestões. Aliás é um gosto ver que aqui se têm debatido ideias de forma educada e consciente. MAs faça-se o que fizer, nunca evitaremos de todo as ocorrências. O problema dos incêndios é transversal a toda a Europa, incluindo os países Nórdicos... Quer-me aprecer que estes não devem descurar na prevenção e mesmo assim também têm os seus problemas.

2 - Portugal tem bastantes meios para o combate a fogos florestais. O conhecimento adquirido e a evolução nos últimos anos é notória. Aprendeu-se muito por cá e ppartilharam-se experiências. Portugal trabalha em cooperação e partilha de conhecimentos com inúmeros países a braços com graves catástrofes em matéria de incêndios nos últimos anos (Austrália, EUA, Coreia, etc...). Em alguns destes casos temos servido de exemplo relativamente a métodos de actuação. Não me parece assim que estejamos nada mal neste âmbito. Poder-se-á falar em problemas de coordenação. Sejamos honestos... Eles existirão certamente... E existem para ser corrigidos... Muito mais que rolarem cabeças ou se trocarem postas de pescada, deve-se melhorar o que está mal.

3 - Os bombeiros serão sempre heróis. Não estarão acima de qualquer escrutínio... claro, mas sejam voluntários, sapadores, de forças especiais... São ELES que lá estão, são eles que arriscam, são eles que, mesmo cumprindo regras de protecção básicas, correm sempre um risco inerente á sua profissão. E são eles que, no local, mesmo perante um sistema bem coordenado, têm sempre que tomar decisões própria perante inúmeros cenários improváveis (como vidas em risco). O bombeiro não vira a cara quando a vida dos outros está em risco. A questão da formação dos bombeiros é muito importante, mas muito sinceramente daquilo que tenho visto nos últimos anos, são os próprios bombeiros, nomeadamente os voluntários, que mais procuram valorizar-se através da formação. O bombeiro é um individuo que hoje em dia tem os mesmos valores, mas procura evoluir cada vez mais, de buscar conhecimentos, de se valorizar na sua função.

4 - A ideia do combate ao incendio florestal ser feita apenas pelas unidades de combate especiais (FEB, GAUF, GIPS...), parece-me no quadro actual utópica. Mais reforço... Um bombeiro voluntário bem preparado e bem coordenado tem capacidade para fazer esse combate não só na defesa do edificado. Aliás em grandes incêndios parece-me ( na minha humilde opinião) que tal separação é impraticável. Todos são necessários. Mais uma vez reforço, o importante aí é a coordenação de todos os meios no terreno e o conhecimento por forma a não colocar vidas em risco. Mas isto é algo que o bombeiro moderno (permitam-me a expressão) já sabe. Um bombeiro preparado para intervir sabe o que é um comportamento extremo do fogo e as situações em que o combate em determinado local é infrutífero, perigoso e letal...

Uma nota final: O governo equacionou (pelo que ouvi na SIC) a extinção dos GIPS, pelo facto de o seu modo de intervenção ser semelhante à FEB e não fazer sentido ter as duas forças. Penso que depois do trabalho notável de coordenação na Madeira isto deveria ser muito bem repensado. Até pelo trabalho adicional que penso que os GIPS fazem em termo de vigilância (aqui não tenho total certeza do que estou a dizer pelo que peço que me corrijam se tal não for verdade).

Espero não vos ter maçado com este pensamento que senti necessidade de partilhar e peço obviamente que corrijam qualquer imprecisão da minha parte.
 
As sugestões que fiz não teriam o seu impacto imediato, deveriam ser gradualmente implementadas! Não inventei nada, apenas segui o exemplo de Espanha (algumas comunidades) EUA, Austrália...enfim, países que tem muitos problemas com incendios florestais!
O Fogo florestal da origem ao Incendio florestal quando o fogo é mal usado ou por ausencia de prescrição!
O Governo não retira o GIPS do combate porque não tem dinheiro para formar FEB's para os compensar, pura e simplesmente é isto!
Relativamente á "separação" e criação de várias unidades de combate!
elas teriam todas lugar neste incendio de Tavira! a questão é que uma unidade que proteja um determinado edificado não tem que se preocupar em estar a perceber o Incendio tipo que esta a ocorrer(quais as forças que o guiam), quais as condicionantes meteorologiacs que o influenciam e (principalmente) o influenciarão no futuro!
Um incendio florestal é um evento! quando ocorre este evento deve ser resolvido! em primeiro proteger pessoas e bens e depois perceber o incendio (tecnicamente)!
Uma equipa de futebol joga sem um 10? Joga...mas não é a mesma coisa (e provavelmente não só não joga tão bem, como não ganha tantas vezes):thumbsup:
 
A zona de Cachopo que ardeu tinha encostas com coberto florestal extenso e autócne de sobreiro e medronheiro. Por que ardeu? Falta de limpeza. Excesso de esteva, alecrim, tojo, montes de pasto, na base das árvores e dos arbustos. A esteva é uma praga e é uma bomba para os fogos.

Como já referi, a zona não precisa de reflorestação, e espero que não se caia na asneira de subsidiar plantações de pinheiro ou sobreiro! Só precisa que se limpe o terreno em torno das árvores autócnes quando estas começarem a nascer! Também se podem espalhar bolotas de sobreiro, azinheira, carvalho-cerquinho e carvalho-de-Monchique.
 
PS: estamos em Julho.

Aposto que em Agosto ninguém vai mandar limpar sarjetas e margens de cursos de água, que por esta altura já devem acumular lixo e canavial.

Se chover muito no Outono, depois todos se queixarão das cheias!

Se o mato na serra de Tavira tivesse sido limpo em Maio...
 
A esteva é uma praga e é uma bomba para os fogos.

A acácia é que é uma praga, adaptou-se e possui uma relação com o fogo muito superior ao da esteva.

Como já referi, a zona não precisa de reflorestação, e espero que não se caia na asneira de subsidiar plantações de pinheiro ou sobreiro! Só precisa que se limpe o terreno em torno das árvores autócnes quando estas começarem a nascer! Também se podem espalhar bolotas de sobreiro, azinheira, carvalho-cerquinho e carvalho-de-Monchique.

Reflorestar não é apenas espalhar sementes. Os projectos obrigam a seguir muitos outros aspectos.
 
Falou-se na reintrodução do lince-ibérico e no impacto deste acontecimento, sobre tal procedimento.
Pois pouco ou nada vai mudar, o lince-ibérico se quiser vai até às serras algarvias por ele próprio, pois não faz parte dos planos recentes, reintroduzir qualquer lince-ibérico ( pelo menos tanto quanto sei), nessa zona.

A zona de intervenção principal ( aliás as zonas), são outras e têm prioridade, sobre a Serra do Caldeirão.

Alguma coisa importante, no entanto, certamente terá que se aprender com o que aconteceu, pois no futuro a reintrodução do lince nas Serras Algarvias poderá ser uma opção.

E ao contrário, do que muita gente pensa, a renegeração do matagal até é relativamente rápida, o pior mesmo serão as árvores mais antigas de crescimento lento, que infelizmente nos nossos dias, não têm extensões apreciáveis e são rodeadas por autênticos rastilhos de pólvora.

Mas bom, para se saber se muitas dessas árvores, realmente morreram, era preciso visitar a região daqui a uns meses e após as chuvas.

Relativamente à esteva é uma colonizadora de solos empobrecidos e é ela que cria as condições iniciais básicas, para o aparecimento de outras plantas mais exigentes.

Eventualmente poderá ter também defeitos, mas penso que o maior problema é o tipo de organização florestal e a falta de vigilância.

Vi uma vez uma reportagem sobre sensores eletrónicos que de x em x distância eram colocados, para dispararem mal detetassem fumo em grandes quantidades. Penso que isto também pode ser uma solução.

Outra coisa, era fazerem simulação de fogos florestais com muito vento e calor, para verem como a propagação funciona.

Não sou especialista nesta área, mas acredito que hajam várias soluções...
 
Já agora uma pergunta aos Algarvios, Cachopo tem Bombeiros ? Ou eles tiveram que ír de Loulé ou Tavira ?
É que se isso aconteceu foi o ponto fulcral para que o incêndio crescesse tanto, é que este ano para ir ver o Rali, passei 2 vezes em Cachopo, e um auto-tanque carregado de 15 ou 20 Tn de água para lá chegar deve demorar pelo menos 1/2 hora ou mais.
Para mim fundamental nestas alturas de Verão era haver postos avançados de Bombeiros em pontos estratégicos de Portugal.
Eu falo em relação á nossa zona por exemplo, se houver um incêndio no cimo da Serra da Lousã e tiverem que ir carros para lá carregados de agua, quanto tempo é que vocês acham que eles demoram para fazer 20Km numa estrada cheia de curvas e a subir ?

João
 
Já agora uma pergunta aos Algarvios, Cachopo tem Bombeiros ? Ou eles tiveram que ír de Loulé ou Tavira ?

Em Cachopo não há bombeiros. Apenas em São Brás e Tavira, a 40Km em estradas também de muitas curvas.

Não fiz a experiência mas no google os tempos de chegada são semelhantes entre Tavira, São Brás, Alcoutim e Almodôvar.
 
Em Cachopo não há bombeiros. Apenas em São Brás e Tavira, a 40Km em estradas também de muitas curvas.

Não fiz a experiência mas no google os tempos de chegada são semelhantes entre Tavira, São Brás, Alcoutim e Almodôvar.


Agora imagina, vento-mato-Serras com bastante declive-tempo seco e quente e quase uma hora ( é quase certo ) para os Bombeiros chegarem ao local. Não foram precisas mais adversidades para o começo de um grande Incêndio :sad::sad:

João
 
Incêncios: Autarca de São Brás de Alportel alerta para possíveis problemas na água

O presidente da Câmara Municipal de São Brás de Alportel alertou hoje para o perigo de poluição das águas de abastecimento de barragens, caso as áreas ardidas nos fogos da semana passada não sejam tratadas brevemente.

“Estas áreas queimadas têm que ser tratadas nos próximos meses, correndo o risco de podermos estar a poluir água de abastecimento das barragens”, afirmou hoje António Eusébio aos jornalistas no final de uma reunião com a comissão interministerial para o apoio às vítimas dos fogos florestais, que decorreu hoje em Lisboa.

De acordo com o autarca, o assunto foi um dos abordados na reunião de hoje. “Temos que encaminhar e tratar toda a massa florestal que ficou queimada em carvão e que não deve ficar naquele espaço”, disse.

A “importância de precaver algumas questões ambientais”, foi também referida pelo presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, David Santos, que, tal como os autarcas de São Brás de Alportel e Tavira, também participou hoje na reunião.

“Se não forem rapidamente realizadas intervenções”, poderá haver “penetração para aquíferos ou até para as barragens de água, uma questão muito importante para o Algarve”, disse.

De acordo com David Santos, “aquela é uma zona de recolha de água nas barragens e fornecimento para o Sotavento algarvio”.

Na segunda-feira, o vice-presidente da associação ambientalista Quercus já tinha dito, em declarações à Lusa, que os incêndios que destruíram vários hectares de floresta e mato na Madeira ou no Algarve podem provocar problemas futuros devido à fragilização do solo.

De acordo com João Branco, após estes incêndios o “solo vai ficar mais desagregado” e “passam a haver grandes arrastamentos de terra” o que “pode provar erosão”.

O dirigente da Quercus admitiu que, com os incêndios da última semana, aumenta a probabilidade de se voltarem a repetir enxurradas no inverno como as que ocorreram recentemente na Madeira.

“Na ausência de vegetação há muito menor infiltração da água o que provoca maior escorrência superficial. Em situações anómalas de precipitação a ausência de vegetação vai agravar os efeitos das enxurradas e poderá haver enxurradas que não ocorreriam se estivesse lá a vegetação”, assinalou João Branco.

Fonte: Região Sul

:unsure:
 
O carvão vai subir o pH da água. Não creio que a água de Odeleite vá sofrer muito com esse problema. A erosão será mais complicado de resolver.
 
Incêndios: Na Serra do Caldeirão a rota da cortiça deu lugar à "rota do carvão"

Isabel Pires, 67 anos, olha em lágrimas para a terra que deu sustento à sua família durante gerações. A serra do Caldeirão está hoje transformada na "rota do carvão", com hectares de encosta queimada, onde não se vislumbra qualquer fonte de rendimento.

Em 2004, um outro incêndio consumiu parte da produção de montado de sobro e cerca de 400 colmeias da habitante da Cova da Muda, São Brás de Alportel. A tragédia repetiu-se há uma semana mas, desta vez, com mais dramatismo. Foi perdido todo o trabalho de uma vida.

"O que não ardeu em 2004 ardeu agora. Acresce ainda o prejuízo do investimento feito nestes oito anos. Todo o montado ficou destruído e mais de 150 colmeias. O que a serra produziu em décadas, as chamas destruíram em poucos minutos. Foi o fim", vaticina Isabel Pires, enquanto aponta para as abelhas que sobreviveram ao "inferno" e pousam no mel que ainda escorre pelo solo seco e queimado.

Indignada, a moradora acredita que a desgraça, que consumiu 35% do total do concelho de São Brás de Alportel, podia ter sido evitada, caso as entidades responsáveis tivessem atuado no período que mediou os dois grandes incêndios.

"Durante estes oito anos devia ter-se feito muita coisa. Esta é uma zona crítica, mas os nossos governantes nunca ligaram à serra nem aos seus moradores. Fizeram-se miradouros, criou-se uma rota da cortiça e agora faz-se a rota do carvão. Depois de estar tudo queimado é que se fazem os corta fogos", lamenta a habitante, antes de nos deixar na estrada que separa São Brás de Alportel e Tavira.

Ao longo da encosta o cenário é desolador. O que antes era uma paisagem verde, é agora um deserto negro sem vida e em silêncio. O cheiro a queimado e os focos de fumo a sair das entranhas de algumas árvores transportam-nos para o incêndio que atingiu o coração da Serra do Caldeirão, onde estiveram mais de mil bombeiros.

Este é o Algarve profundo, bem diferente das imagens turísticas das praias que aparecem na televisão. Ao fim de alguns quilómetros, a única pessoa que avistamos foi um ciclista e algumas povoações "perdidas" no meio da serra.

Chegados à aldeia de Cabeça do Velho, uma das zonas mais fustigadas, está Maria Ramos, 55 anos, que reside com os pais. Além do montado de sobro, o fogo consumiu tudo o que estava no interior dos nove anexos espalhados pela serra.

"Cerca de 300 litros de azeite, 50 caixas de batatas e de alfarrobeiras, centenas de litros de vinho, quatro motociclos e as alfaias agrícolas. Morreram sete coelhos e dois patos. Isto é uma tristeza enorme. A serra transformou-se num deserto de cinzas. Era visitada por muitas pessoas e turistas, mas agora quem é que vem para cá?", questiona, Maria Ramos, ao pé do que um dia foi um motociclo.

Ao seu lado está Guiomar Rodrigues. Enquanto conta como combateu o incêndio sozinha a partir do telhado da sua habitação, a sexagenária aponta para uma galinha morta na encosta e leva-nos até duas casas queimadas que serviam de arrumações.

De um bidão corre ainda vinho tinto. Na parede negra permanece um quadro de nossa senhora de Fátima. Num dos lados está o ferro e as molas contorcidos de duas camas. A ração para os animais resume-se a cinzas.

Subindo a serra do Caldeirão pelo lado de Tavira, o negro continua a ser a cor predominante. Manuel Dias, 71 anos, reside na zona de Castelão. As duas arrecadações onde guardava as ferramentas para trabalhar a terra arderam. O burro - sem nome - acabou por morrer quando tentava fugir das chamas.

A alegria de Manuel Dias, ao acordar todos os dias e de ver a serra verde e pujante, deu agora lugar à tristeza, à angústia e à desilusão de ver "morrer" o que tinha tanta vida.

Fonte: Região Sul

:sad: