Seguimento - Incêndios 2012

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6.3. Regras básicas de segurança Quanto à atitude na actuação, deve proceder-se como se indica: • Actuar sempre em função do comportamento do incêndio (observação e previsão). Entender o comportamento do incêndio emprever como evoluirá é fundamental para tomar as medidas desegurança adequadas a esse comportamento; • Combater o incêndio com agressividade, mas garantir em primeiro lugar a segurança. Esta deve estar sempre em primeiro lugar e tal não impede que se combata o incêndio eficazmente, antes pelo contrário, garante o sucesso das operações; • Quando se combate a cabeça do incêndio com veículos, para além do cumprimento rigoroso das instruções recebidas e de se estar alerta, devem cumprir-se os seguintes procedimentos - Ter muita atenção aos focos secundários que saltam e apagá-los; - Não vaguear pela zona verde na direcção de onde vem o incêndio; Combate na cabeça do incêndio com veículos – muito perigoso. • Se a disposição do terreno e/ou a vegetação tornam a deslocação difícil e morosa, devem cumprir-se os seguintes procedimentos - Verificar sempre onde se encontra o incêndio; - Saber sempre para onde vai; - Manter-se o mais perto possível da zona queimada; - Estar alerta a pedras que possam rolar em direcção aos bombeiros que se encontrem mais abaixo; Sempre que possivel combater um incêndio pela cabeça.

Sobre esta questão, gostaria também de deixar o meu contributo.
Aproveitando o cenário colocado pelo AJB, ou seja, uma frente de fogo fora da capacide de extinção numa ladeira em que é efectuado combate directo com linha de água por essa ladeira abaixo, e enquadrando no manual de formação temos que:

1) a actuação não foi efectuada atendendo ao comportamento observado e previsivel do incêndio;
2) Não foram tidas em conta as medidas de segurança necessárias tendo em conta a previsibilidade do comportamento do fogo;
3) Combateu-se o incêndio com agressividade mas a segurança foi posta em 2ºlugar, pondo em causa o sucesso das operações;
4) Desconsiderou-se a perigosidade do combate com veículos na frente do fogo;
5) Foi mal avaliada a capacidade de extinção do incêndio, pelo que não era possível o ataque do incêndio pela cabeça.

Resumindo, e se estivesse no papel de algum inspector a analisar a actuação nesse caso particular, foram estas as infrações às regras básicas de segurança que todos os bombeiros conhecem.

Preciso deixar claro que sou um acerrimo defensor dos bombeiros. Felicito a cada vez mais formação que lhes é dada, assim como o facto de cada vez mais assistirmos ao ingresso de jovens que primam pela busca de conhecimentos e de formação para além da que lhes é dada na sua formação inicial.

Apesar de já ter sido falado no laces, identifico uma grande falha no plano de formação que actualmente é ministrada pela ENB: o CPS
Constitui uma das bases da formação nos Estados Unidos e começa já a ser introduzido nalguns países europeus, entre eles a nossa vizinha espanha. Por cá já à algum tempo que é dada, mas não ao nível dos bombeiros.

Por fim, acho que temos de tudo... bons numas coisas... maus noutras... Haja ao menos a oportunidade de um intercambio de experiências para que se possa, por exemplo, aprender com os erros dos outros.

Cumps.
 
Incêndio nas Gambelas (Faro)

Estão a combater este incêndio 31 bombeiros e helicóptero de ataque inicial.

Este ano, o Algarve vai ficar todo em cinzas e os criminosos continuam a monte. :angry::angry: Deviam atar esses crimonosos a uma árvore e pegá-los fogo.
 
24/7 12:20 Acionados dois Helicópteros Bombardeiros Pesados

24/7 12:21 Acionada uma Equipa de Reconhecimento e Avaliação da Situação (ERAS) da Força Especial de Bombeiros (FEB).
24/7 12:21 Acionado Veículo de Planeamento, Comando e Comunicações (VPCC) de Faro para o Teatro de Operações (TO).


Estão já no local 60 bombeiros, 5 GIPS apoiados com 19 veículos.
 
Última edição:
24/7 12:20 Acionados dois Helicópteros Bombardeiros Pesados

24/7 12:21 Acionada uma Equipa de Reconhecimento e Avaliação da Situação (ERAS) da Força Especial de Bombeiros (FEB).
24/7 12:21 Acionado Veículo de Planeamento, Comando e Comunicações (VPCC) de Faro para o Teatro de Operações (TO).


Estão já no local 60 bombeiros, 5 GIPS apoiados com 19 veículos.

outra vez?:(
 
Um comparativo de área ardida

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Sobre esta questão, gostaria também de deixar o meu contributo.
Aproveitando o cenário colocado pelo AJB, ou seja, uma frente de fogo fora da capacide de extinção numa ladeira em que é efectuado combate directo com linha de água por essa ladeira abaixo, e enquadrando no manual de formação temos que:

1) a actuação não foi efectuada atendendo ao comportamento observado e previsivel do incêndio;
2) Não foram tidas em conta as medidas de segurança necessárias tendo em conta a previsibilidade do comportamento do fogo;
3) Combateu-se o incêndio com agressividade mas a segurança foi posta em 2ºlugar, pondo em causa o sucesso das operações;
4) Desconsiderou-se a perigosidade do combate com veículos na frente do fogo;
5) Foi mal avaliada a capacidade de extinção do incêndio, pelo que não era possível o ataque do incêndio pela cabeça.

Resumindo, e se estivesse no papel de algum inspector a analisar a actuação nesse caso particular, foram estas as infrações às regras básicas de segurança que todos os bombeiros conhecem.

Preciso deixar claro que sou um acerrimo defensor dos bombeiros. Felicito a cada vez mais formação que lhes é dada, assim como o facto de cada vez mais assistirmos ao ingresso de jovens que primam pela busca de conhecimentos e de formação para além da que lhes é dada na sua formação inicial.

Apesar de já ter sido falado no laces, identifico uma grande falha no plano de formação que actualmente é ministrada pela ENB: o CPS
Constitui uma das bases da formação nos Estados Unidos e começa já a ser introduzido nalguns países europeus, entre eles a nossa vizinha espanha. Por cá já à algum tempo que é dada, mas não ao nível dos bombeiros.

Por fim, acho que temos de tudo... bons numas coisas... maus noutras... Haja ao menos a oportunidade de um intercambio de experiências para que se possa, por exemplo, aprender com os erros dos outros.

Cumps.

Vivemos numa Era de "imediatismo" e nesse campo a escola campeã em Portugal são os Bombeiros, especialmente os voluntários (prq são mais), como não podia deixar de ser. Aliás, a função deles é de emergência logo têm de ser imediatos.
A questão é que o problema dos incêndios florestais está relacionado com o PROBLEMA da floresta portuguesa. E isso não se resolve nem com 5.000 aviões e 1.000.000 de helicópteros.
Quando se fala em incêndios florestais pensa-se logo em bombeiros e "incêndiarismo". Mas tenho muitas duvidas que o cerne da questão passe por ai.
Como dizia o AJM, o problema está a montante!
Com metade dos valores investidos no combate fazia-se uma prevenção estrutural que daria muitas mais garantias.:thumbsup:
Não evitava os incêndios. Eles vão sempre acontecer.
Também não dava tantos directos na televisão, nem tanta conversa.
Provavelmente tínhamos era uma floresta muito melhor gerida, com mais recursos e em que todo o meio rural viveria em maior harmonia.:)
Mas, meus caros, um investimento deste tipo que é feito a médio-longo prazo, apesar de menos dispendioso dá votos a quem?
Qual é o governo, sabedor disto (todos eles sabem, ou sabiam. O actual que não sabe mesmo nada de nada) e que queira investir para um prazo de 10, 20, 30, 50, ou mais anos????
É muito mais fácil lidar com os bombeiros, que conhecem esta matéria superficialmente, dar-lhes o que eles querem, ainda que isso traga custos elevados para o contribuinte, mesmo em tempos de crise!:shocking:
Porque nunca serão os governantes a pagar e, eventualmente, podem até ganhar as eleições seguintes…
É este o cinismo em que vivemos e sobre o qual caminhamos alegremente para o inferno das chamas.:suicidio:
Mas na realidade vivemos de costas para a floresta durante 9 meses e no verão acordamos para reagir a reboque da televisão e, consequentemente,…dos bombeiros!:wacko:

Tenho dito
 
Fui dar uma volta, percorri 40Km serra adentro, quase sempre rodeado de cinzas e carvão :( a ribeira de Alportel tem muito menos água que no ano passado...

Vi coelhos meio desorientados e águias a fazer chamamentos, não sei se por esta altura as crias já conseguem voar, se não então perdeu-se uma geração de várias espécies da serra. :(

Vi algumas árvores ainda a fumegar, apaguei algumas com uma garrafa de 1.5L que ia encher a poças no leito da ribeira, mas só as que vi, sei lá quantas ainda assim estão, com este vento pode facilmente crescer para algo maior.

É impressionante que vários dias depois daquela área arder ainda há árvores a fumegar :shocking:
 
Caro pynaster,

Revejo me nessas suas palavras! aí estara realmente o centro do problema...mas atenção, prepare-se pois acabou de "comprar" uma valente guerra!!!!!;)
 
Vivemos numa Era de "imediatismo" e nesse campo a escola campeã em Portugal são os Bombeiros, especialmente os voluntários (prq são mais), como não podia deixar de ser. Aliás, a função deles é de emergência logo têm de ser imediatos.
A questão é que o problema dos incêndios florestais está relacionado com o PROBLEMA da floresta portuguesa. E isso não se resolve nem com 5.000 aviões e 1.000.000 de helicópteros.
Quando se fala em incêndios florestais pensa-se logo em bombeiros e "incêndiarismo". Mas tenho muitas duvidas que o cerne da questão passe por ai.
Como dizia o AJM, o problema está a montante!
Com metade dos valores investidos no combate fazia-se uma prevenção estrutural que daria muitas mais garantias.:thumbsup:
Não evitava os incêndios. Eles vão sempre acontecer.
Também não dava tantos directos na televisão, nem tanta conversa.
Provavelmente tínhamos era uma floresta muito melhor gerida, com mais recursos e em que todo o meio rural viveria em maior harmonia.:)
Mas, meus caros, um investimento deste tipo que é feito a médio-longo prazo, apesar de menos dispendioso dá votos a quem?
Qual é o governo, sabedor disto (todos eles sabem, ou sabiam. O actual que não sabe mesmo nada de nada) e que queira investir para um prazo de 10, 20, 30, 50, ou mais anos????
É muito mais fácil lidar com os bombeiros, que conhecem esta matéria superficialmente, dar-lhes o que eles querem, ainda que isso traga custos elevados para o contribuinte, mesmo em tempos de crise!:shocking:
Porque nunca serão os governantes a pagar e, eventualmente, podem até ganhar as eleições seguintes…
É este o cinismo em que vivemos e sobre o qual caminhamos alegremente para o inferno das chamas.:suicidio:
Mas na realidade vivemos de costas para a floresta durante 9 meses e no verão acordamos para reagir a reboque da televisão e, consequentemente,…dos bombeiros!:wacko:

Tenho dito

Concordo plenamente, parabens pela excelente dissertação e sobretudo como se diz em bom português "Pegar o Touro pelos cornos"
 
Caro pynaster,
Revejo me nessas suas palavras! aí estara realmente o centro do problema...mas atenção, prepare-se pois acabou de "comprar" uma valente guerra!!!!!;)

Ninguém compra guerra nenhuma, acho que toda a gente concorda que não é o combate aos incêndios o mais importante, este é o fim da linha, quando tudo o que é mais importante falhou. Ou haverá quem discorde? Julgo que não, apenas as declarações habituais de circunstância que acontecem sempre quando as coisas acontecem, todos pedem mais verbas e recursos, todos deitam culpas uns para outros, muita vez de forma demagógica e populista para sacudir a água do seu próprio capote.

Esse mapa que pus aí mais em cima, refere-se ao Algarve. Vi na TV autarcas a pedir responsabilidades, neste exemplo concreto do Algarve, mas é válido para outras regiões, praticamente para todo o país. O que os autarcas fizeram desde 2003 relativamente a esta matéria ?

Mas também se vê muitas vezes alguma facilidade no discurso, prevenção para aqui, prevenção para acolá, todos concordam, mas falar é fácil. É mesmo possível haver muitas melhorias nesta área ? É humanamente ou economicamente possível limparmos por exemplo todas as nossas florestas ? É mesmo possível ordenarmos melhor a mesma? A realidade social permite isso ? E é viável ? Há estudos na matéria ?

Andamos nisto há 30 anos e fala-se sempre muito, mas pouco se vê. Ou estamos apenas condenados a que isto seja apenas um ciclo de biomassa acumulada que tem que arder ciclicamente de x em x anos ?
 
Actualmente existem 15 ZIF's no Algarve. Nenhuma teve incêndios desde a sua formação se não contar-mos com o incêndio da semana passada, apesar de serem todas muito recentes.

Serra do Caldeirão, Tavira II (2011 - 4400 Ha).
Perna Negra, Monchique (2010 - 3600 Ha).
Clarines, Alcoutim e Mértola (2010 - 7700 Ha).
Lotão, Alcoutim (2010 - 5700 Ha).
Arade/Alte/São Bartolomeu de Messines, Loulé e Silves (2010 - 1700 Ha).
Freixo Verde, Loulé (2009 - 2200 Ha).
São Marcos da Serra, Silves (2009 - 3700 Ha).
Balurcos, Alcoutim (2009 - 7000 Ha).
Odelouca, Silves (2009 - 2200 Ha).
Brenhosa, Castro Marim (2008 - 1800 Ha).
Foupana, Alcoutim (2008 - 5200Ha).
São Marcos da Serra Nordeste/Odelouca (2008 - 2800 Ha).
Cumeadas, Alcoutim (2008 - 2900Ha).
Serra do Caldeirão, Tavira (2008 - 2100 Ha).
Serra do Caldeirão, Loulé (2007 - 2400 Ha).

zifsalgarve.jpg


Embora existam mais áreas de gestão florestal na calha para serem aprovadas.

vestmapa103.jpg
 
Nessas ZIF mais antigas, 2007/2008, que tem sido feito ? (Sou um leigo na matéria)

Uma coisa que não entendo bem é por exemplo os sobreiros. Passámos anos a ouvir dizer que o problema era do tipo de árvores, que o eucalipto (e pinheiro) eram terríveis, mas vemos no Algarve o Montado a arder na mesma, uma espécie nativa e das mais resistentes ao fogo.
Porque é que isso acontece ? Falta de limpeza, vegetação em excesso, densidade ?