Seguimento - Incêndios 2022

  • Triste
Reactions: "Charneca" Mundial
Mesmo numa mancha florestal autóctone, se tiver vegetação herbácea e arbustiva, pouco importa se tem sobreiros, medronheiros ou alfarrobeiras, e pior será, se estas ainda não tiverem um porte adulto já.

No caso de terem porte adulto, o fogo passa rasteiro rapidamente, nem tem tempo de pegar às árvores.
 
  • Gosto
Reactions: "Charneca" Mundial
Mesmo numa mancha florestal autóctone, se tiver vegetação herbácea e arbustiva, pouco importa se tem sobreiros, medronheiros ou alfarrobeiras, e pior será, se estas ainda não tiverem um porte adulto já.
A diferença é que não tens de reflorestar pois a passagem do fogo principalmente carvalhos e sobreiros que são da mesma família regeneram a partir da copa
 
  • Gosto
Reactions: "Charneca" Mundial
(...) está mais que comprovado que a propagação de um incêndio numa monocultura de eucalipto é das mais violentas.
E no entanto devemos aumentar a área de eucalipto para reduzir o risco de incêndio, diz uma certa e determinada corja que já não sabe como há-de defender o indefensável.

Está mais comprovado onde? Onde estão os estudos científicos que indicam isso?

É mais importante a gestão ou falta dela do sub-coberto (herbáceas e matos) do que propriamente a espécie arbórea dominante. É comum em áreas de povoamentos de produção geridos arderem à superfície e as copas no topo ficarem verdes, foi o que aconteceu no incêndio de Estarreja de Julho passado.

Em Portugal, se querem fazer do eucalipto o vilão das florestas, apontem aos alvos certos, a saber:

- As áreas de eucaliptais são muito pobres em biodiversidade quando comparadas com ocupações florestais autóctones.
- O eucalipto apresenta por vezes capacidade invasora significativa, principalmente após os fogos, ainda que inferior às acácias e háqueas.
- Os eucaliptos possuem propriedades de alelopatia que podem atrasar ou impedir o desenvolvimento de outras espécies no seu sub-coberto.
- Más práticas de preparação de terreno para eucaliptais, infelizmente muito comuns em Portugal levam a erosão e perda de valor do solo significativas
- O eucalipto tem a capacidade de usar a água de forma muito mais eficiente do que as nossas espécies autóctones podendo levar a uma diminuição do valor de água que iria recarregar os aquíferos, daí ser muito importante não plantar eucaliptos em áreas próximas de linhas de água.
- O valor paisagístico do eucalipto é nulo e com zero interesse turístico ao contrário de outras ocupações florestais.

Em relação aos fogos:

- O potencial de gerar projeções de material incandescente e consequentes focos de incendio secundários é muito comum nos eucaliptais. Sendo este o principal "pecado" do eucalipto em relação aos fogos.

Tudo o resto que se diz são mitos e crendices populares, nunca comprovados por vários investigadores que há décadas estudam estas temáticas, relacionadas com o comportamento do fogo em todo o Mundo. Mas hoje em dia é só malta com verdades absolutas sem nunca ter tido uma aula de silvicultura, ordenamento florestal ou fogos florestais que acha que quem anda nisto há anos não percebe nada disto... Seria como eu ir dizer ao um médico como operar um cancro no colon porque vi um vídeo no YouTube...
 
Última edição:
No caso de terem porte adulto, o fogo passa rasteiro rapidamente, nem tem tempo de pegar às árvores.
Nem sempre, já vi árvores de porte grande a serem devoradas pelas copas. Isto porque os povoamentos vizinhos eram de porte médio e os vizinhos destes, eram povoamentos de porte pequeno. é como uma escada para o fogo chegar lá acima.
 
No comments

Defender eucaliptais em Portugal num fórum dedicado à meteorologia e natureza devia ser proibido

Este é um fórum de ciência e à volta da temática dos fogos existe quem dedique décadas da sua vida a fazer artigos científicos sobre o tema, o AJB apenas elencou factos que vão contra a narrativa popular muitas vezes enviesada da realidade. O dogmas e verdades absolutas e incontestáveis que levem condenações à fogueira ou ao Tarrafal eram no tempo da Inquisição ou da PIDE, não aqui no MeteoPT que desde que haja respeito e cordialidade pode se falar de tudo.
 
Última edição:
  • Gosto
Reactions: N_Fig
Está mais comprovado onde? Onde estão os estudos científicos que indicam isso?

É mais importante a gestão ou falta dela do sub-coberto (herbáceas e matos) do que propriamente a espécie arbórea dominante. É comum em áreas de povoamentos de produção geridos arderem à superfície e as copas no topo ficarem verdes, foi o que aconteceu no incendio de Estarreja de Julho passado.

Em Portugal, se querem fazer do eucalipto o vilão das florestas, apontem aos alvos certos, a saber:

- As áreas de eucaliptais são muito pobres em diversidades quando comparadas com ocupações florestais autóctones.
- O eucalipto apresenta por vezes capacidade invasora significativa, principalmente após os fogos, ainda que inferior às acácias e háqueas.
- Os eucaliptos possuem propriedades de alelopatia que podem atrasar ou impedir o desenvolvimento de outras espécies no seu sub-coberto.
- Más práticas de preparação de terreno para eucaliptais, infelizmente muito comuns em Portugal levam a erosão e perda de valor do solo significativas
- O eucalipto tem a capacidade de usar a água de forma muito mais eficiente do que as nossas espécies autóctones podendo levar a uma diminuição do valor de água que iria recarregar os aquiferos, daí ser muito importante não plantar eucalitpos em áreas próximas de linhas de água.
- O valor paisagístico do eucalipto é nulo e com zero interesse turístico ao contrário de outras ocupações florestais.

Em relação aos fogos:

- O potencial de gerar projeções de material incandescente e consequentes focos de incendio secundários é muito comum nos eucaliptais. Sendo este o principal "pecado" do eucalipto em relação aos fogos.

Tudo o resto que se diz são mitos e crendices populares, nunca comprovados por vários investigadores que há décadas estudam estas temáticas, relacionadas com o comportamento do fogo em todo o Mundo. Mas hoje em dia é só malta com verdades absolutas sem nunca ter tido uma aula de silvicultura, ordenamento florestal ou fogos florestais que acha que quem anda nisto há anos não percebe nada disto... Seria como eu ir dizer ao um médico como operar um cancro no colon porque vi um vídeo no YouTube...
Uma coisa para mim é certa se Portugal fosse povoado de arvoredo originário do nosso clima onde as árvores estão adaptas ao fogo, os incêndios em Portugal teriam um impacto muito menor daquele que tem nos dias de hoje , o Alentejo é o maior exemplo disso pois é a única região onde a floresta foi pouco modificada e curiosamente é também a região onde o clima é mais propício ao fogo
 
No caso de terem porte adulto, o fogo passa rasteiro rapidamente, nem tem tempo de pegar às árvores.

A diferença é que não tens de reflorestar pois a passagem do fogo principalmente carvalhos e sobreiros que são da mesma família regeneram a partir da copa

Depende, nem sempre, se o sub-coberto arbustivo for alto e estiver disponível para arder com altas intensidade, o calor ainda que não queima a copa, pode levar à morte ou levar a que as árvores tenham que rebentar de toiça (raiz), o que nem todas as espécies conseguem.
 
Este é um fórum de ciência e à volta da temática dos fogos existe quem dedique décadas da sua vida a fazer artigos científicos sobre o tema o AJB apenas elencou factos, que vão contra a narrativa popular muitas vezes enviesada da realidade. O dogmas e verdade absolutas e incontestáveis que levem condenações à fogueira ou ao Tarrafal eram no tempo da Inquisição ou da PIDE não aqui no MeteoPT que desde que haja respeito e cordialidade pode se falar de tudo.
Argumentos sempre existiram
Sempre ouvi dizer que só é cego quem não quer ver
 
Nem sempre, já vi árvores de porte grande a serem devoradas pelas copas. Isto porque os povoamentos vizinhos eram de porte médio e os vizinhos destes, eram povoamentos de porte pequeno. é como uma escada para o fogo chegar lá acima.

Sim, claro, mas referia-me apenas à ignição das árvores pelo fogo da vegetação rasteira no solo junto á sua base. Assisti a fogos aqui em Vialonga/Santa Iria, onde a vegetação rasteira estava desenvolvida e muito seca, progrediu a uma velocidade que fazia os bombeiros correrem, e nem sequer chegou a queimar as copas dos pinheiros mansos de porte médio que estavam na encosta de forte declive. Os pinheiros ainda lá estão após dois anos, apenas com a parte inferior chamuscada.
 
- O potencial de gerar projeções de material incandescente e consequentes focos de incendio secundários é muito comum nos eucaliptais. Sendo este o principal "pecado" do eucalipto em relação aos fogos.
De facto sou um leigo na matéria e que tem tentado perceber mais do assunto depois das catástofes de 2017, tendo presenciado parte do que aconteceu em Outubro. Tenho lido alguns estudos e relatórios desde então e seguido a temática com mais alguma atenção, pelo que as opiniões que tenho dado vão no seguimento do que eu tenho lido e visto ao longo dos anos. Quanto aos lobbies é uma opinião e não a retiro porque me parece algo bastante à vista. Mas valha a verdade, era a isto que me queria referir, à forma de propagação do fogo, que é algo que me é mais perceptível porque de queimas percebo pouco. Ainda assim, parece-me a minha opinião sobre o assunto não é assim tão diferente da tua. De qualquer das formas as minhas desculpas pelas falhas factuais demonstradas.

Mas faço uma pergunta: se a gestão ou falta dela do terreno é o mais importante, como é que se explica que faixas razoavelmente largas de terreno limpo/desabastado não tenham sido suficientes para travar a propagação dos incêndios, quer neste caso da Serra da Estrela como por exemplo em Leiria no mês passado?
 
Uma coisa para mim é certa se Portugal fosse povoado de arvoredo originário do nosso clima onde as árvores estão adaptas ao fogo, os incêndios em Portugal teriam um impacto muito menor daquele que tem nos dias de hoje , o Alentejo é o maior exemplo disso pois é a única região onde a floresta foi pouco modificada e curiosamente é também a região onde o clima é mais propício ao fogo

Há vários fatores que levam a que no Alentejo arda muito menos que no resto do País:

- No Alentejo o clima é mais seco logo a produtividade primária é menor, origina menos matos e mais baixos e principalmente menos herbáceas secas com potencial para arder no Verão.
- Grandes descontinuidades no combustível numa paisagem aberta de enormes pastagens sem grande carga combustível ao contrário do que acontece no Norte e Centro.
- Muito baixa densidade populacional, menos pessoas, menos ignições, menos ignições, menos probabilidade de fogos catastróficos
- A orografia dominante é pouco declivosa, plana ou ondulada e não montanhosa como na generalidade do Norte e Centro, logo é muito mais fácil de combater fogos nascentes e os fogos têm uma progressão mais previsível.