Seguimento - Incêndios 2022

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Novamente na Serra da Estrela. Em Nabais - Gouveia. Está muito complicado. Logo a 100 metros de minha casa
 
As zonas de "mato" estão incluídas ou excluídas dos sítios onde não se devia plantar? Porque há matos que sustentam biodiversidade e são coberto essencial para a manutenção do solo e da infiltração, que deixa de existir ao fazer uma plantação intensiva (seja de eucaliptos, seja do que for).

Não sou a favor da expansão de eucalipto, nem a legislação o permite. Atualmente só se pode plantar eucalipto após projeto aprovado (RJAAR) em locais fora de áreas protegidas e em áreas que a ocupação anterior já era eucalipto. Ou seja uma área de matos não é elegível para plantação legal de eucaliptos. Urge aumentar a vigilância para combater o flagelo das plantações ilegais, é essencial! Já temos quase 900mil ha de eucalipto em Portugal, o País do Mundo com maior área relativa do Mundo ocupada com eucalipto... Acho, e concordarás comigo que já chega! :)
 
Não sou a favor da expansão de eucalipto, nem a legislação o permite. Atualmente só se pode plantar eucalipto após projeto aprovado (RJAAR) em locais fora de áreas protegidas e em áreas que a ocupação anterior já era eucalipto. Ou seja uma área de matos não é elegível para plantação legal de eucaliptos. Urge aumentar a vigilância para combater o flagelo das plantações ilegais, é essencial! Já temos quase 900mil ha de eucalipto em Portugal, o País do Mundo com maior área relativa do Mundo ocupada com eucalipto... Acho, e concordarás comigo que já chega! :)
Tens ideia da área que perfaz as plantações legais de eucaliptos?
 
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Não há solução para os incêndios. São uma inevitabilidade em Portugal.

Mas há muitas coisas que se pode fazer para tirar o potencial ao surgimento de fogos catastróficos tais como:
- Cadastro predial atualizado de todas as propriedades a nível nacional, há muitas áreas ao abandono que ninguém sabe quem é o dono, isto não pode continuar.
- Arranjar mecanismos ou formas de fixar populações ou atividades que promovam a utilização dos espaços rurais, sejam a pastorícia, apicultura, apanha de cogumelos, caça etc., atividades que possam permitir que haja manutenção de caminhos, controlos pontuais de matos, criando zonas de descontinuidade.
- Manutenção de FGC sob linhas elétricas e ao longo de estradas principais, de forma a promover a autoextinção e conceder locais de combate mais facilitado
- Valores justos pelos produtos agrícolas e florestais junto dos agricultores e proprietários de forma a incentivar a permanência da sua atividade e evitar o abandono.
- Apostar na formação de um corpo de bombeiros exclusivamente florestais/rurais, bem equipados e treinados.
- etc., etc. etc. Muito mais há a dizer e principalmente fazer para minorar o problema, deixo em aberto para quem quiser propor mais medidas a implementar.
Concordo, incêndios sempre existirão.
Agora imaginemos que o cadastro estava todo feito. O que se faria a seguir? Obrigava-se os donos a zelar pelos seus terrenos, quando sabem que o mais provável é terem prejuízo. Expropriava-se e colocavam-se à guarda do estado ou na bolsa de terras? Ou iriam pressionar a valorização da matéria prima?
O problema é que quer a agricultura quer a floresta não se torna rentável para a maioria das pessoas. Não sendo contra nem a favor do eucalipto, mesmo tendo terrenos com ele, não é de todo compreensível que o preço de há décadas seja praticamente o mesmo.
Outra questão as FGC. As que são geridas pela REN penso que têm mais manutenção que as da E-redes, pelo que vejo na minha zona. São as mais largas ( cerca de 50 metros), mas não havendo combate de pouco valem. As faixas geridas pela E-Redes então nem se fala, como vi durante dois anos um eucalipto a tocar nos fios, e vá lá este ano decidiram-no cortar. Cortar árvores à beira das estradas não concordo em absoluto. No concelho de Leiria fizeram isso em diversas estradas, e onde antes tinham árvores grandes de eucalipto e pinheiro, agora têm dezenas de rebentos e muito mais mato desenvolvido. Enfim.
Depois é o quase "inúmero" de entidades que foram criadas para combater incêndios. Bombeiros, GIPS, FEB (não sei a razão para mudarem o nome deste dois), Sapadores Florestais, Sapadores Bombeiros Florestais, CNAF's e provavelmente esqueci-me de alguns. Não percebo o porquê de existirem os GIPS, FEB e Sapadores Bombeiros Florestais. Se os organismos já estão criados porque razão se vão criar outros e não melhorar os que já existem?
Acredito que estes sejam alguns dos problemas que é necessário resolver.
 
Curiosamente aqui na zona da fatela e Penamacor áreas onde havia pinhais deixaram de o ser para passar a eucaliptos à cerca de 1 ou 2 anos
Penso que não se trata de plantações ilegais pois a portucel explora aquela área

Eram pinhais e passaram a eucaliptos nos últimos 2 anos? Essas áreas são propriedade da Navigator (ex. Portucel). Duvido da legalidade de tais plantações... Só se foi algum mecanismo de compensação por outras áreas que deixaram de ser eucaliptal.
 
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Tens ideia da área que perfaz as plantações legais de eucaliptos?

A maioria das plantações são anteriores à legislação mais restritiva, logo a maioria são legais. Todas as plantações recentes que vires agora têm que ter projeto aprovado caso contrário são ilegais.
 
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A maioria das plantações são anteriores à legislação mais restritiva, logo a maioria são legais. Todas as plantações recentes que vires agora têm que ter projeto aprovado caso contrário são ilegais.
Houve uma nova plantação aqui junto à fronteira com o parque natural de uns bons hectares já depois da nova lei, tal foi a polémica que até a Catarina Martins cá esteve. Quais os fundamentos não sei, a verdade é que lá estão os eucaliptos em terreno que antes não era, entre a fatela e Penamacor o descaramento é tal que é mesmo a beira da estrada nacional imagino como será por essas serras espalhadas pelo país
 
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Bom, vou tentar resumir apesar desta questão ser complexa!
Primeiro uma declaração de interesses: não trabalho para nenhuma celulose nem nunca trabalhei :lol:
Não vale a pena recuar 50 ou 60 anos, pois ja todos aqui perceberam que o verdadeiro problema dos incêndios rurais em Portugal começou por esses anos! No entanto saliento que incendios sempre existiram e sempre havera! Não esqueçamos 2 coisas: no nosso clima a estação seca coincide com a estação quente! A outra questão é que (leiam bem) quanto mais fogo houver na paisagem, menos incêndios teremos! Trabalho nessa questão concreta desde 2010, apesar de estar na area florestal desde 2005!
Incendiários ou descuidos: bem, a investigação de causas de incendios em Portugal esta muito evoluida, muito mesmo e ja ha uns bons anos. No entanto investigam-se poucos. Poucos porque ha muitas ocorrencias! Principal causa? Sem duvida o descuido. pensem no desordenamento que existe em Portugal...não me estou a referir agora ao desordenamento da floresta, mas sim ao urbano, potenciado por muitos anos de PDMs completamente despropositados (criminosos em alguns casos) e de um modelo de povoamento (no norte e centro litoral) extremamente disperso!
Tipo de floresta: meus caros, não se enganem: o eucalipto tem a expansão que tem em Portugal por 2 motivos: elevada rentabilidade para o proprietario. No norte litoral pode cortar de 10 em 10 anos, agora pensem se compensa estar a plantar carvalhos por ex! Claro que não compensa! Se prefiro eucaliptos ás especies autoctones? Naturalmente não, frontalmente não! Mas eu não vivo da floresta. Expliquem isso aos proprietarios! Não pensem que eles tem as vossas preocupações! Eles precisam de rentabilizar a floresta, precisam de dinheiro para a agricultura! A floresta é para essas pessoas um modo de subsistencia, não um local de passeio ou para fazer uns trails.
Quanto ao combate: mais uma vez não se enganem: combate-se muuito mal os incendios em Portugal, muito mesmo, especialmente nos bombeiros! É pá, desculpem la, mas é esta a verdade. O incendio na Serra da Estrela foge ao 2 dia por 2 erros crassos!
Quanto as faixas, quem limpa, etc...bom, não vou entrar em pormenores, apenas dizer que as responsabilidades, a periodicidade e a largura, estao todas tipificadas no DL 82 e vertidas em planeamento municipal. Consultem que os planos e a lei são publicos.
No entanto digo isto: nenhuma faixa, nenhum tipo de povoamento impede a passagem do fogo se não houver combate, combate inteligente!
Pra finalizar repito: entre um eucaliptal tratado (sem carga no sub bosque) e um bosque autoctone sem gestão, acham mesmo que o fogo é mais violento no eucaliptal?? Esqueçam lá isso...isso e o terrorismo!!!
 

Faixas de 125 metros sem combustível não travaram incêndio da serra da Estrela​


Fogo já afectou mais de 26 mil hectares. Vocação produtiva da gestão florestal feita no interior do parque natural é um problema, defendem vários dirigentes associativos.

 
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Agora do Publico

Faixas de 125 metros sem combustível não travaram incêndio da serra da Estrela
Mariana Oliveira
6 - 8 minutes

Nos últimos três anos foram limpos no Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) centenas de hectares de faixas, com um mínimo de 125 metros de largura, para compartimentar a floresta e criar zonas privilegiadas para combater os incêndios. Mas a chamada rede primária de faixas de gestão de combustível que pretende reduzir a área dos grandes incêndios, não foi suficiente para suster o fogo que começou há 13 dias na Covilhã e cruzou o parque de um lado ao outro, afectando uma área de mais de 26 mil hectares, segundo o Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais.

No balanço do trabalho de prevenção dos incêndios rurais feito deste 2017 - ano em que arderam 19.300 dos 89 mil hectares do parque, ou seja, quase 22% da sua área – são vários os que admitem que foram tomadas algumas medidas, mas não as suficientes para uma área tão vasta.

O presidente da Queiró - Associação para a Floresta, Caça e Pesca, Nuno Lourenço, acredita que o Estado tem tentado melhorar a estratégia de prevenção dos fogos na serra da Estrela. “Está-se a tentar fazer diferente, mas é um processo muito lento, que ainda não permite ver resultados”, nota o dirigente, que também é vice-presidente dos baldios de Cortes do Meio, na Covilhã, responsável pela gestão de 3000 hectares de terrenos comunitários.

Nuno Lourenço constata que a rede primária não foi eficaz para evitar a progressão deste grande fogo, mas não arrisca justificações. Apenas deixa perguntas. “O problema será a falta de manutenção das faixas? Será que o desenho da rede é correcto?”, lança. Outros como José Maria Saraiva, da Associação Amigos da Serra da Estrela, apontam o falhanço também para as estratégias de combate, que muitas vezes não sabem aproveitar as oportunidades que este tipo de faixas permite. Na mesma linha, o presidente da Urze - Associação Florestal da Encosta da Serra da Estrela, Samuel Rebelo, considera os montantes investidos na rede primária um mau investimento. “É dinheiro jogado fora se depois a estratégia de combate é proteger pessoas e casas e deixar o resto arder”, considera.

O PÚBLICO questionou o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) sobre o rol de medidas de prevenção contra os incêndios tomadas desde 2017 no PNSE, mas este organismo optou por não responder. Os únicos dados existentes foram divulgados em Novembro passado, quando o então ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, se deslocou aos perímetros florestais de Manteigas, Sameiro e Valhelhas (tudo zonas que arderam agora) para mostrar o trabalho que estava a ser desenvolvido, que implica um investimento de 2,5 milhões de euros.

Da rede primária tinham sido criados ou mantidos até final do ano passado 656 hectares de faixas em Manteigas e mais 1132 hectares noutras zonas do interior da região Centro, um terço do que estava previsto ser executado até este ano. Também em Manteigas foram beneficiados, entre 2018 e 2020, perto de 100 quilómetros da rede viária florestal, além de 50 hectares limpos através de acções de fogo controlado e quase 60 hectares de mosaicos junto das faixas de contenção que pretendem criar uma descontinuidade na paisagem.

Mas são intervenções que sabem a pouco para o vice-presidente da Guardiões da Serra da Estrela, Manuel Franco, que sublinha que só uma pequena parte da área do parque é directamente gerida pelo ICNF. Isto porque a maior parte das propriedades ou são baldios (terrenos comunitários) ou privados. “E estas áreas são geridas com uma vocação produtiva, o que não deveria acontecer porque estão integradas numa área protegida. A vocação devia ser de conservação e de valorização dos ecossistemas”, defende Manuel Franco. Tal resulta numa concentração excessiva no pinho, uma resinosa que acelera a combustão. O dirigente dos Guardiões da Serra da Estrela compreende a tentação da rentabilidade, mas insiste: “É preciso explicar às pessoas que o pinho não dá assim tanto dinheiro, porque arde quase sempre primeiro”.

Nuno Lourenço dá conta que apesar dos baldios terem uma importância central no PNSE, apenas um dispõe de um plano de gestão florestal aprovado. “E sem plano não é possível beneficiar de fundos comunitários ou fazer acções de reflorestação”, exemplifica. No Baldio de Cortes do Meio, onde está desde 2019, ainda não há plano aprovado. “O processo é muito burocrático”, lamenta, queixando-se da falta de recursos humanos do ICNF que impede uma avaliação mais rápida.

Por outro lado, o presidente da Queiró nota que muitos dos que assumem a gestão dos baldios não possuem conhecimentos nem apoio técnico especializado, tendo-se afastado do ICNF com quem partilhavam a gestão destes terrenos comunitários. “Têm um conhecimento popular que nem sempre é o mais adequado”, admite. Esse divórcio, acredita, aconteceu porque esses baldios tinham que entregar 40% das receitas ao ICNF, sem que vissem esse dinheiro ser reinvestido na região e porque fruto de décadas de desinvestimento nos serviços florestais a estrutura do ICNF foi desaparecendo do terreno.

O engenheiro florestal Rui Xavier, que trabalha há mais de 20 anos na serra da Estrela, também nota a míngua de recursos no ICNF, que atribui a um desinvestimento de décadas no mundo rural. Mas acima de tudo considera que é preciso políticas coerentes. “Falta uma continuidade da política [florestal], madura e reflectida”, sublinha. Recorda, por exemplo, que após os incêndios de 2003 e 2005 foram criadas as Zonas de Intervenção Florestal, mas depois os apoios comunitários não estavam desenhados para as apoiar.

Manuel Franco realça que desde que o parque natural foi criado em 1976, o somatório da área ardida já supera três vezes a área do parque. Insiste que é preciso apostar na formação de quem gere os espaços rurais e remunerar o serviço público de determinadas actividades, como a pastorícia, que tem um benefício para a comunidade. “Começa-se a falar em créditos de carbono e em apoios europeus aos serviços de ecossistema, mas é preciso agir com mais rapidez”, advoga.

José Maria Saraiva também acredita que é preciso remunerar o serviço comunitário de quem faz, por exemplo, agricultura de subsistência. “Um mundo rural sem gente não é possível gerir”, sublinha. E alerta para a necessidade urgente de uma acção de consolidação dos solos após este grande incêndio que evite a erosão. “Se vierem mais tarde chuvas intensas arriscamo-nos a perder milhares de metros cúbicos de solo. E sem solo não há plantas”.
ublico:
 
Em 2016 fiz dois pedidos RJAAR para plantação de eucaliptos os quais foram aprovados. Posteriormente a essa data, não sei o ano exacto, só quem fosse licenciado na área é que poderia fazê-lo. Mesmo sabendo que não se poderia plantar essa espécie, se no local anteriormente fosse outra, alguns engenheiros dos GTF, faziam-no nas horas vagas a troco de 100 €. Ora eu não o posso fazer mesmo que correctamente. Já um Engenheiro pode fazer o pedido e incorrectamente que está tudo bem.