Seguimento - Incêndios 2024

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Óbvia incorrecção na transcrição desta notícia: são 82 meios, logicamente terrestres e incluindo alguns aéreos.

248 operacionais e 82 meios aéreos espanhóis já estão em Portugal​


Marta Sofia Ribeiro

"As unidades da Unidade Militar de Emergências (UME) já estão em Portugal, a colaborar na extinção dos incêndios", escreveu o Ministério da Defesa espanhol na rede social X. Foram enviados 248 operacionais e 82 meios aéreos para auxiliar os mais de cinco mil bombeiros que combatem as chamas no Norte e Centro do país.
Las unidades de la @UMEgob ya están desplegadas en Portugal, colaborando en la extinción de incendios forestales en #Corbertinha. Con 248 militares y 82 medios, trabajan en el ataque directo para defender a la población. ���������� pic.twitter.com/yUAIP7lk7p
— Ministerio Defensa (@Defensagob) September 18, 2024
 
A Galiza é um péssimo exemplo - se há região da Península Ibérica, para além do norte e centro de Portugal, que tem um enorme problema com incêndios (e digo mesmo enorme) essa é a Galiza. :rolleyes:

Talvez neste caso destes dias eles não tenham tido grandes ignições mas eu diria que é mais coincidência do que outra coisa. Fui dar uma vista de olhos às notícias galegas e é bastante visível que o mesmo problema que temos por cá existe, mas a grande diferença é o tempo de reação e a preparação das autoridades. As autoridades espanholas rapidamente entram em ação e dominam o incêndio, já em Portugal os incêndios geralmente tomam proporções enormes até que começam a ser combatidos. :intrigante:
Desde os grandes incêndios de 2017 que os ataques são sempre mais musculados de forma a conter o incêndio rapidamente. Claramente numa situação em que haja tantos incêndios, como tem sido o caso destes últimos dias, isso não é possível. As projeções não são o único motivo para aparecerem incêndios por todo o lado nas mesmas zonas e é o que faz mais confusão.

Apenas comentei a situação com base naquilo que se vê no satélite e não é o primeiro ano em que a história se repete, mais parece propositado para dividir os bombeiros por diversos pontos. Felizmente a sul não tem havido nada de grave e é possível serem mobilizados.
Para terminar, mais uma vez não disse que Espanha estava livre de incêndios, também tem igualmente situações complicadas, pois infelizmente é a realidade dos países do sul da Europa.
 
:mad:

Isto é incrível...

"Bombeiro atacado por civil

Um bombeiro de 34 anos foi atacado por um civil ao início da tarde desta quarta-feira em Resende, distrito de Viseu. O alerta foi dado às 15h e confirmado ao PÚBLICO pelos bombeiros da vila. O bombeiro foi atacado e sofreu de três perfurações feitas por um instrumento agrícola. Alegadamente, o bombeiro está em estado grave. "
 
Isto é incrível...

"Bombeiro atacado por civil

Mais um com provável "surto psicótico" e vai ser dado como maluquinho ou coitadinho... :disgust:

Ou se calhar algum incendiário que não gosta dos bombeiros, investiguem bem esta pessoa e seus contactos.
 
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:mad:

Isto é incrível...

"Bombeiro atacado por civil

Um bombeiro de 34 anos foi atacado por um civil ao início da tarde desta quarta-feira em Resende, distrito de Viseu. O alerta foi dado às 15h e confirmado ao PÚBLICO pelos bombeiros da vila. O bombeiro foi atacado e sofreu de três perfurações feitas por um instrumento agrícola. Alegadamente, o bombeiro está em estado grave. "

Notícia do Público já foi "aperfeiçoada":

"Bombeiro atacado por civil com forquilha durante incêndio​


Um bombeiro de 36 anos foi atacado por um civil ao início da tarde desta quarta-feira em Resende, distrito de Viseu, durante o combate a um incêndio na região.
O alerta foi dado às 15h e confirmado ao PÚBLICO pelos bombeiros e pelo INEM. O bombeiro sofreu de perfurações num dos membros superiores, mas não corre risco de vida, por isso está a ser transportado para o Hospital de Lamego.
O atacante terá sido detido em flagrante.
Nos últimos três dias, devido à vaga de incêndios morreram 7 pessoas, quatro delas bombeiros em serviço."
 
O mesmo caso, aqui diz que foi em Castro Daire, são concelhos vizinhos


Ainda não está totalmente controlado por lá
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Quanto à questão dos incêndios em Espanha, já publiquei há algum tempo sobre este assunto. Mas infelizmente, com o passar do tempo, alguns dos mapas perderam-se e outras publicações sobre o mesmo tema são difíceis de encontrar. Tentarei fazer um resumo esquemático, pois trata-se de um assunto muito complexo, no qual trabalhei durante quatro anos como técnico especializado e bombeiro florestal.

- A Espanha é muito grande e diversificada, e existem realidades diferentes ao mesmo tempo. Há zonas com incêndios repetidos e outras sem incêndios desde tempos históricos.
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- A zona com maior densidade e número de incêndios e conatos de incêndios é, de longe, o Noroeste, nomeadamente, em termos de áreas totais agrupadas, as províncias galegas e leonesas que fazem fronteira com Portugal.

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- A climatologia tem muito a ver com a distribuição sazonal dos incêndios. Há locais com picos no final do verão, outros com momentos críticos durante a época de trovoadas a meio do verão e outros no final do inverno e início da primavera, quando a neve começa a desaparecer e o combustível está completamente seco devido ao frio.
- As razões variam também de zona para zona: regeneração de pastos, limpeza de matos, interesses florestais, incendiários desequilibrados, vingança, caça, interesses urbanísticos, enganar a polícia (tráfico de droga), etc.).
- Em geral, verifica-se, com variações lógicas de ano para ano, uma certa tendência nos últimos 25 anos para uma diminuição do número de incêndios, dos grandes incêndios (>500 ha) e dos conatos de incêndios, bem como do total da superfície florestal afectada. Por outro lado, verifica-se um aumento da área afectada por incêndio. Por outras palavras, há cada vez menos incêndios, mas estes são cada vez maiores. Olhando para os últimos 60 anos, as estatísticas são ligeiramente diferentes em termos do número de incêndios, com uma curva gaussiana com um pico entre 1995 e 2005 e um declínio desde então. As razões para estas alterações estatísticas estão relacionadas com o aumento da eficácia do combate aos incêndios e com o abandono rural.

Para diferentes áreas, é possível comentar

- Galiza. A região mais afectada pelo problema. Em geral, poderíamos fazer duas divisões: uma em termos de incidência e a outra em termos de causas. Relativamente à primeira, de uma forma geral, existe uma grande diferença entre o sul e o norte. O sul é mais parecido com o norte de Portugal e apresenta normalmente boas condições para os incêndios florestais no final do verão, mas o norte (Lugo e A Corunha) é muito mais verde e as condições estão longe de ser óptimas (ao estilo britânico), mesmo com a existência de plantações florestais com reputação de serem pirofílicas. Em termos de causas, poderíamos também estabelecer uma divisão em dois sectores: o mais litoral, com muitos incêndios provocados por interesses florestais (à semelhança do que acontece no norte e noroeste de Portugal) e o interior, com a maioria dos incêndios provocados por razões e interesses relacionados com a pecuária, a renovação de pastos ou a eliminação de áreas arbóreas e arbustivas (à semelhança do que acontece em Montesinho). Forte cultura do fogo.

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- Cornija Cantábrica (sector norte da Cordilheira Cantábrica) e Pirenéus Ocidentais. A maioria dos incêndios ocorre no final do inverno e no início da primavera, quando tudo está mais seco devido ao frio e à neve, em eventos de vento foehn do sul favorável e após a remoção do manto de neve das zonas médias ou baixas. É efectuada para “limpeza de pastos”. Os incêndios no verão são praticamente inexistentes devido ao clima e ao verde da vegetação. Forte cultura do fogo. Incêndios tipicamente pequenos, mas repetitivos. Exemplo de abril:

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- Sectores ocidentais das províncias de Leão e Samora. Muito semelhante ao que se verifica no interior sul da Galiza (principalmente em Ourense). Forte cultura do fogo.

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- Zona Levantina e Oriental. Zonas com muitas trovoadas. Grande importância do raio como causa de incêndios em zonas muito florestadas de difícil acesso. Incêndios potencialmente grandes ou muito grandes especialmente em caso de vento foehn de oeste.

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- Sectores ocidentais do Sistema Central e da Serra Morena próximos ou relativamente próximos de Portugal. Alguma semelhança com o que foi mencionado para as zonas ocidentais de Samora e Leão, com a adição de alguns interesses florestais no sul.

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- Outras regiões praticamente sem incêndios florestais. Quer devido à ausência de cultura actual do fogo, quer devido à utilização de produtos florestais (exemplo), à uso agrícola dominante ou a circunstâncias climáticas que o impedem.
 
Segundo informação da GNR estas são as estradas cortadas devidos aos incêndios. Em Vila Real, as autoridades voltaram a proibir a circulação em alguns locais.
PORTO
  • EN108: corte entre a rotunda da A41 e Melres
AVEIRO
  • EN333: corte total entre Talhadas e Águeda
  • EN326-1 entre Canelas e Alvarenga
VISEU
  • EN228: Corte total Figueira Alva – Fermentel e entre Pindelo e Ponte Pedrinha
  • EN231: Corte total Vila Viçosa e Mourelos (Cinfães)
  • EN225: Corte total entre Cabril e Pinheiros
VILA REAL
  • EN2: Corte ao km 24.4, Vila Pouca de Aguiar
  • EN103: Corte entre km 180 e 182.3, Planalto de Monforte
16:28
 

Instituto das Florestas contabiliza mais de 109 mil hectares ardidos este ano​


Mariana Oliveira

O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) actualizou esta quarta-feira os dados provisórios sobre a área ardida que subiram para 109.302 hectares, um número superior aos do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS, na sigla inglesa) que, com base numa rede de satélites, estimava uma área ardida de 106 mil hectares.
Os dados, divulgados na página de Internet do instituto responsável pela contabilização da área ardida, indicam que 59% dos espaços queimados (ou seja, 64.488 hectares) são zonas de povoamento florestal. As chamas consumiram ainda 30.604 hectares de mato e 14.209 hectares de áreas agrícolas.
Os números, obtidos com base no Sistema de Gestão de Informação de Incêndios Florestais do instituto, dão conta que até esta quarta-feira ocorreram 6123 incêndios rurais, o que significa que nos primeiros 18 dias deste mês se registaram 1666 ignições. Quase 700 ocorreram nos dois últimos dias.
A conclusão resulta de comparação dos dados desta quarta-feira com uma consulta do PÚBLICO da página do ICNF há dois dias, sensivelmente à mesma hora, estando nessa altura contabilizados apenas 5424 fogos. Na segunda-feira passada, pouco antes das 16h, a área ardida registada era de 16.869 hectares, o que significa que arderam mais de 92 mil hectares em dois dias.

Até 31 de Agosto: 10 294 ha.

Total até 18 de Agosto:
Dados ICNF 20240918.webp


 
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É bom ver agora o pragmatismo e serenidade que faltou aquando dos incêndios da Madeira no mês passado.

"Temos que fazer gestão dos recursos";
"Não há condições para os meios aéreos actuarem";
"O fogo progride em zona inacessível":
"As condições de vento e humidade são muito severas":
"Os incêndios só serão extintos quando chover";
"Vamos atrás dos criminosos e dos interesses que sobrevoam os incêndios florestais".

Considerações agora muito aceites pelo mesmo público em geral e jornalistas/comentadores que há um mês enchiam os canais todos a perguntar porquê que os bombeiros da Madeira não mandavam a mangueira para a esquerda e outra para a direita e mais não sei quê. Ainda ninguém se lembrou de perguntar a Montenegro porquê que se existem 30 mil bombeiros em Portugal, só 5000 estão nestes incêndios que estão a devastar o Norte e Centro?

Já agora, no dia 14 de Setembro, ainda antes de começarem os incêndios e quando foi decretado estado de alerta especial, a Madeira disponibilizou 30 bombeiros para virem para o Continente em antecipação.


Quatro dias depois, ainda não há resposta.