david 6
Furacão
nem dei por ele, mas também sai às 16h do trabalho, cheguei casa era 16.30+
A zona que falas na encosta do Mondego é(as tentativas) todos os anos. Não sei se haverá forma de saber, mas o número de incêndios a começar entre Senhorim, a zona da lixeira, a Póvoa da Roçada (junto à estrada nacional) e Folhadal deve ser uma coisa absurda.Ainda em relação às ignições de Nelas (acabei por não responder na segunda-feira).
De memória, a encosta a sudeste da vila de Nelas que se estende até ao Mondego (onde passa a N231) e às Caldas da Felgueira arde sucessivamente há uns 20 anos, com incêndios relevantes a ocorrerem em intervalos de 3-4 anos no máximo. Não me lembro de nenhuma zona próxima, quer no concelho de Nelas quer nos vizinhos, que tenha um padrão tão marcado.
Socorrendo-me do mapa do EFFIS, a área a verde ardeu no verão passado, a partir de uma ignição imediatamente acima da Póvoa da Roçada (marcada no mapa), em dia de vento forte, e só foi dominada junto ao Mondego e já perto de Vila Ruiva.
Se a localização das ignições de Senhorim e do Folhadal no site da proteção civil estiverem corretas, porque foram ambas alteradas com o decorrer do incêndio, a primeira ocorreu numa zona agrícola em declive a leste do Casal Sandinho, em princípio mais fácil de combater; a segunda numa zona complicada de matagal imediatamente a oeste da área ardida em 2023, entre o Folhadal e a Póvoa da Roçada. Note-se que o alerta para estas duas ignições ocorreu com 19 minutos de distância, primeiro em Senhorim, depois no Folhadal, mas não me parece crível que a segunda ocorrência tenha resultado de uma projeção, porque o fogo de Senhorim se desenrolou inicialmente junto à vila, contornando a mesma, e possivelmente sem a capacidade de realizar projeções a tão grande distância (4 km) mesmo com o vento. Fica em aberto a possibilidade desta primeira ignição ser resultado de uma projeção do incêndio de Penalva, que por essa hora já estaria pelo concelho de Mangualde uns 20 km a NE, embora tal me pareça improvável. Mais ainda porque, olhando ao mapa, ambas as ignições foram em pontos que permitiam com a ajuda do vento "completar o trabalho" começado no ano anterior.
Ver anexo 14489
Por tudo isto, não me custa mesmo nada a acreditar que se trate de mais um episódio da longa lista de fogos postos nesta área.
Outra zona com uma predominância de fogos bem acima da média há uns anos era o vale do Dão a norte de Santar/Casal Sancho, não sei se te lembras disso mas também era cíclico. De há uns 10 (?) anos para cá, como que por magia, passou a ser raríssimo haver ali um incêndio...
As voltas de BTT onde a natureza era rainha resta agora um manto negro..Então arderam os moinhos de Jancido? acredito que o trilho tenha ido...
Então se foi o Pinhal o primeiro a arder, eu já fico mais descansado .
Ninguém aqui pensa ou disse que o eucalipto é o único factor. Na televisão, pelo menos do que vi, idem.
Não percebo a tua argumentação. Os fogos têm sido cada vez mais gravosos, tu próprio postaste um mapa que prova isso (a área e a gravidade era inferior em relação ao que ardeu nos últimos anos, tu próprio falaste das "pinceladas" no mapa de incêndios mais recente que acabei por postar, indo-se infelizmente somar mais algumas este ano).Mas não é o que se ouve mais? Eucaliptos, incendiários, privados, etc, etc ? Não é essa a conversa habitual ?
O que eu quero dizer é que para aí 95% do que se discute é ruido, e é assim há décadas, desde que me lembro.
Continuamos a enganar-nos a nós próprios.
Referi atrás que a expansão do Eucalipto deu-se em Portugal na sequência de grandes incêndios que começaram a ocorrer a partir dos anos 70-80, e isso começou a ocorrer com a transformação social que tinha começado nos anos 60/70, e depois agravou-se com outra transformação nos anos 80/90.
Porque se fala tão pouco da tragédia de Sintra em 1966, Armamar em 1985 ou Caramulo-Águeda em 1986 ?
No meio desses anos há 1975 que como referi atrás sei que foi um ano de muito incêndios mas por qualquer razão há pouca informação sobre isso, que atribuo ao PREC da altura.
Será que não se fala porque na altura nada tinha a ver com eucaliptos por exemplo, que só se expandiram significativamente depois disso, anos 90?
Continuamos a enganar-nos a nós próprios se andarmos apenas focados nessas coisas e a apontar o dedo conforme os interesses ou opiniões de cada um em vez de perceber que o nosso território é vulnerável ao fogo porque sempre foi assim, sempre houve fogos.
A nossa floresta e espécies autóctones evoluíram com essa realidade, e por incrível que pareça há quem interprete isso de forma completamente errada.
As nossas espécies autóctones não impedem o fogo, sobrevivem melhor a ele.
Então se em vez de gastar essa energia toda em coisas que nunca servirão para nada, que tal nos focarmos nessa realidade, e como podemos viver com ela da melhor forma possível?
Quer cá em Portugal quer noutros países, a partir de meados do século passado noutros países, em Portugal a partir desses anos 80/90, começámos a suprimir os fogos que até aí eram naturais e de baixa intensidade, com a melhor das intenções, para nos proteger.
E sem nos termos apercebido disso, na supressão dos fogos começámos a acumular biomassa de forma explosiva, gerando depois megafogos quando as condições meteorológicas se conjugam. E nesses megafogos nem as espécies autóctones resistem tão bem, não foi com esse tipo de fogos que evoluíram em milhares de anos.
Eu deixei de me enganar para aí em 2010-15, comecei a dizer à minha família que um dia iria ocorrer uma catástrofe, que os 20 anos e tal sem incêndios na zona acabariam por se tornar algo muito mau. E aconteceu em 2017, felizmente não morreu ninguém da minha família nem próximos.
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Não percebo a tua argumentação. Os fogos têm sido cada vez mais gravosos, tu próprio postaste um mapa que prova isso (a área e a gravidade era inferior em relação ao que ardeu nos últimos anos, tu próprio falaste das "pinceladas" no mapa de incêndios mais recente que acabei por postar, indo-se infelizmente somar mais algumas este ano).
Quem é que acha que as espécies autóctones impedem o fogo, foi por se ter falado nelas aqui? Chamas impedir ao potencial para diminuir a velocidade de propagação e de melhoria dos solos? Menos projeções? Também não vejo ninguém a dizer que vamos conseguir deixar de ter fogos, (clima mediterrânico tem fogos) ainda mais com o agravamento das condições climáticas... As pessoas apenas querem medidas para reduzir a gravidade dos mesmos, medidas que estão já muitas delas escritas, como tu aliás pareces saber. Se calhar filtro o que oiço, não sei.
Infelizmente, não tenho tanta certeza disso. O 15 de Outubro de 2017 teve de facto uma dinâmica particular, mas tenho para mim que não fosse o número de ignições diárias ter sido bastante inferior na segunda e terça-feira, e não fosse o nível de preparação do dispositivo de combate a incêndios ser bastante superior ao de há 7 anos, e teríamos assistido a uma tragédia semelhante. Acho que não estivemos assim tão longe do colapso quanto dizes, o dispositivo fez os possíveis e os impossíveis, houve de facto um excelente ataque inicial às ignições que foram surgindo, mas tal foi à custa de deixar alguns grandes incêndios arder quase livremente, como foi o caso do complexo Castro Daire/Arouca e dos de Vila Pouca de Aguiar a dado ponto.e como expliquei antes, o que aconteceu nesse dia de 2017 é diferente de tudo o que aconteceu até hoje, e não sei se já terá acontecido antes noutro lugar do planeta, pelo menos no último século. Talvez haja dados algures de tanta área ardida em tão poucas horas, mas tenho duvidas de que já tenha acontecido. Ou a ter acontecido deve ser muito raro. Eu próprio meto esse dia numa classe de anomalia que espero que não se repita nos próximos 100 anos o umais.
Eu plantei seguramente cento e tal carvalhos desde mais ou menos 2015, e plantei-os não porque acho que impedem fogos, mas porque resistem a eles e quando crescidos as copas servem melhor de barreira a projeções.
Não sei se as pessoas tem noção do trabalho e carinho que é preciso, nos primeiros anos tem que se tratados como bebés, regas, etc.
Ou dizendo melhor, uma das coisas que aprendi nos últimos anos é que há terrenos em que eles nascem espontaneamente e crescem de forma espetacular sem ser preciso fazer absolutamente nada, noutros terrenos nem por isso, dá um trabalho do caraças. Já este ano num terreno morreram uns carvalhos de forma súbita e meio estranha bem no inicio da Primavera. Fiquei desolado, não sei se teve a ver com javalis que é habitual fuçarem nesse terreno ou foi outra coisa qualquer.
Balanço dos incêndios de São Pedro do Sul - setembro de 2024
As plantas invasoras mais comuns a despontar em áreas ardidas
"Se a gestão destas espécies invasoras não for considerada de uma forma eficaz, a invasão não só ocupará áreas muito extensas, mas poderá também colocar em risco o sucesso de ações de recuperação (plantações, sementeiras, ações facilitadoras das plantas existentes, etc.)." Noctula