Mau tempo causa inundações no Grande Porto
Foi uma tarde de inundações por todo o lado e os bombeiros não tiveram mãos a medir. Só os Sapadores do Porto tiveram mais de 30 saídas. Na Maia, duas famílias ficaram isoladas. Em Rio Tinto, uma garagem ficou toda alagada.
A pequena Rua das Regadias, que ontem ficou com cerca de um metro de água, fica à ilharga do nó de Águas Santas (onde confluem a A3 a A4) e até há meia dúzia anos era perfeitamente visível, por se situar ao lado de uma pedreira. A barreira acústica colocada aquando das obras de alargamento da A4 "taparam" a rua e escondem os problemas.
"Moro aqui há 40 anos e só por duas vezes isto aconteceu, e sempre depois das obras. Antigamente as águas escorriam livremente pelo monte abaixo e iam ter à estrada. Com as obras da auto-estrada a pedreira foi aterrada e os canos que colocaram não têm diâmetro suficiente para tanta água. Hoje [ontem], pelas 6.30 horas, fui ao portão e só se via água. Chegou a ter mais de um metro de altura", lamentou Filomena de Sousa.
O vizinho, Fernando dos Santos, apenas dispunha de uma escada encostada ao terreno de Filomena Sousa para sair de casa. "Desde que aqui moro, há cerca de 33 anos, é a segunda vez que isto acontece", revelou o morador.
Numa rua, que não tem saída, vivem três famílias e há um pequeno estaleiro, numa antiga pedreira. "Abrimos buracos no meu terreno para ver se encontramos o local de união dos tubos que passam na rua e no estaleiro. Já da outra vez foi assim que se conseguiu escoar a água", referiu Carlos Soares, proprietário do estaleiro.
Fonte do Gabinete de Comunicação da Câmara da Maia garantiu, ao JN: "A situação foi controlada. Vamos deixar passar o mau tempo para resolver o problema definitivamente".
Em Venda Nova, Rio Tinto, Gondomar, as obras do Metro obstruíram o escoamento das águas pluviais, provocando inundações na Rua do Dr. Raul Castro. Uma garagem colectiva (com 70 lugares de aparcamento) ficou cheia de água e a cave de uma moradia também, devido ao grande volume de água que se acumulou na via, sem que tenham registado outros prejuízos. Todos os carros foram retirados da garagem atempadamente.
Segundo Mário Martins, presidente da Junta de Rio Tinto, as fortes chuvas que caíram ontem não foram escoadas pelo sistema de águas pluviais devido às obras do Metro. Alertado o responsável pela frente de obra, foi enviado um piquete para abrir uma vala e reduzir, assim, o caudal de água.
Pedrouços e Venda Nova foram as situações mais complicadas numa tarde de pequenas inundações um pouco por todo o lado. Só os Sapadores do Porto tiveram mais de 30 saídas, durante a tarde. Quase tudo situações de limpeza de sarjetas e limpeza de vias.
No Porto, os casos mais graves registaram-se na Estação de Contumil, na Marginal e na Via Panorâmica, onde os Portuenses ainda estavam ao início da noite a tentar tirar a água da estrada.
Helena Norte, Hermana Cruz e Reis Pinto
Jornal de Notícias