Seguimento Meteorológico Livre - 2022

Estado
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Do ponto de vista puramente meteorológico, como já foi aqui dito e bem, de facto não teremos nenhum evento extremo, e marginalmente poderemos ter onda de calor em algumas regiões, em particular do interior Norte e Centro. A mensagem por parte do IPMA foi bastante clara, com o reforço que meteorologicamente não falamos de nenhuma situação paralela ao evento de Julho, e mais ainda, que no litoral o evento seria curto (2-3 dias).
A mensagem que foi depois passada, tanto politicamente, como por parte da comunicação social, foi claramente empolada. No segundo caso, essencialmente em estilo "tabloide", e no primeiro caso, diria que essencialmente para dar um "safanão" às pessoas no geral.

Para além disto, cada um é livre de fazer as interpretações que quiser, sejam elas políticas ou não.
Pode-se concordar ou não com esta decisão mais política, com o uso do IPMA como "muleta", com a situação ser ou não alarmista, etc. etc..
Há 1001 visões diferentes, e quase todas elas com a sua parte de razão.
Por aí não vou comentar.

Mas também é verdade que do ponto de vista de impacto, e em particular dos incêndios, o mais preocupante de momento, a situação pouco menos severa é do que a de Julho.
Sim, a situação puramente meteorológica é incomparável, mas... O acumular e acentuar das condições de seca desde essa data tem criado uma vulnerabilidade cada vez maior.

Sendo realista, neste momento não é preciso nenhum evento extremo de calor para gerar condições muito perigosas para incêndios. Qualquer evento de calor e/ou vento vai ser uma "trapalhada" enorme neste aspeto. Infelizmente esta é a realidade. Não estamos a partir do mesmo "patamar" de risco de incêndio que em Julho. Estamos muito pior.

Basta ver hoje, primeiro dia do que alguns apelidam de "fiasco" de evento de calor, e realmente, mesmo sem temperaturas extraordinárias, a situação já está caótica.
Honestamente, prevejo os próximos dias como muito, mas mesmo muito complicados ao nível dos incêndios. Isto enquanto se discute "o sexo dos anjos" com a onda de calor e os avisos puramente meteorológicos.
 
Infelizmente as ignições começam a reduzir, mas apenas localmente, quando os incêndios já fizeram suficientes estragos. Aí o risco de incêndio diminui, pois seria arder sobre queimado.

Acho piada que se fale de alterações climáticas, se fale das 3 componentes de risco (t30, v30, %hr30), quando na verdade a % de humidade no solo foi este ano, o fator que limitou a eficácia no combate dos incêndios. Na verdade devíamos estar em alerta desde o final de Junho.

Modéstia à parte, já temia que o pior estava para vir, por causa da seca extrema e dos maus hábitos em Agosto. Cada dia que passa sem chuva, tudo fica um pouco mais seco! Os pirómanos são mais ou menos os mesmos em número, pois se apanharam 100, de certeza eram 1000 ou mais. Mas a maioria dos incêndios são negligência com maior ou menor culpa, desde o idoso que só quer queimar os sobrantes até ao cidadão mais comum e informado que teima em deitar a beata para fora do carro.

Depois gastam-se rios de dinheiro em estudos e diz-se em cada grande incêndio que este merece um estudo aprofundado, de onde tiraremos lições.. Então mas é o que é que aprenderam afinal, do incêndio do pinhal de Leiria, e do incêndio de Proença a Nova /oleiros e os incendios no Algarve e outros tantos? Nada?? Agora sabem que o incêndio de Pedrogão era impossível de combater, devido ao downburst (simplificando).

Eles que tanto estudam, conseguem defender a pés juntos, uma causa e a contrária, pois se não chover a culpa é da seca e se chover muito a culpa é do mato que cresce muito e não limpam a floresta.

Vamos desmistificar:
1) os cidadãos estão mais cientes dos riscos e têm cumprido cada vez mais na limpeza dos matos.
-> As florestas não são limpas desde há uns 40 anos, ou melhor, são limpas quando passa o fogo.
-> Sim os cidadãos estão mais cientes dos riscos, mas ainda assim, existem pirómanos quanto baste, e o deitar a beata fora em condução continua a ser algo tido como risco menor.

2) O potencial combustível dos matos é maior, nos anos chuvosos, pois crescem mais.
-> O potencial combustível dos Matos está sempre a aumentar, pois os Matos crescem de ano para ano independentemente se o ano for chuvoso ou seco, eles continuam a crescer, pois são plantas vivazes (não são anuais).
 
Somos um país de incendiários. Há muita gente que por vingança ou por mau viver pega fogo ao que calhar!
Tenho a história de um vizinho que todos os anos pegava fogo ao canavial aqui no rio de Alenquer. Era sempre por agosto ou setembro e o fogo espalhava- se rápido e chegou a estragar muita coisa. Toda a gente sabia quem era - houve vartqueixas- mas, nunca se conseguiu fazer nada. O dito morreu em 2019 e de lá pra cá, até hoje, nunca mais houve incêndio.
 
A mim revolta-me particularmente a situação dos incêndios pois sou de uma zona que entre Maio e Outubro é absolutamente "proibitivo" realizar alguma espécie de queima ou queimada ainda que tenha dúvidas que seja esse o cerne da questão.
Por aqui quando alguém se atrasa na gestão dos sobrantes simplesmente deixa lá para Outubro ou quando começar a chover.
Mesmo em Maio só se usa o fogo em casos excepcionais de dias húmidos e em que normalmente a vegetação circundante ainda tem um teor de humidade elevado.
O que se passa no Norte e Centro é inconcebível!
 
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Wow :sad:
 
Granizo na noite de quinta para sexta em Macerata Feltria, nos arredores de San Marino. Impressionante!



Ferrara:



Casamassima:



Sestri Levante, perto de Génova, quarta-feira:



Situação mesmo muito severa no mediterrâneo nestes últimos dias.

Não prestei muita atenção aos modelos, qual o porquê destas super-células no Mediterrâneo? Tem haver com a anomalia na temperatura da água e consequente elevada humidade na atmosfera?
Mas isso por si só não parece suficiente para provocar rajadas de vento com estas dimensões...
 
Não prestei muita atenção aos modelos, qual o porquê destas super-células no Mediterrâneo? Tem haver com a anomalia na temperatura da água e consequente elevada humidade na atmosfera?
Mas isso por si só não parece suficiente para provocar rajadas de vento com estas dimensões...
Bolsas de ar frio em conjugação com a água do mar com uma enorme anomalia positiva já se sabe que dá origem a estas situações. Infelizmente, não se deve ficar por aqui.
Houve a formação de várias células severas e é bastante comum surgirem fenómenos extremos de vento associados. No caso do último vídeo foi um downburst. Já assisti a alguns aqui na minha zona e de facto geram ventos fortes sem precedentes. Claro que nestas zonas onde existe mais potencial, são muito mais violentos.
 
Notável contraste entre estações próximas, esta manhã: Mação partiu na frente logo ao nascer do sol, ultrapassando Portalegre e liderando as temperaturas em todo o território das 8h às 12h; Alvega, mergulhada no "sono" da inversão da madrugada, parece "não ter ouvido o tiro de partida" e manteve-se nos 12-13ºC enquanto Mação já ia nos 28ºC. Só pelas 13h Alvega retomou o comando nacional, que mantém até às 15h.
Acrescente-se que Mação "fez batota", mal desceu dos 25ºC durante noite/madrugada, ou seja, levava notável avanço.

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Notável contraste entre estações próximas, esta manhã: Mação partiu na frente logo ao nascer do sol, ultrapassando Portalegre e liderando as temperaturas em todo o território das 8h às 12h; Alvega, mergulhada no "sono" da inversão da madrugada, parece "não ter ouvido o tiro de partida" e manteve-se nos 12-13ºC enquanto Mação já ia nos 28ºC. Só pelas 13h Alvega retomou o comando nacional, que mantém até às 15h.
Acrescente-se que Mação "fez batota", mal desceu dos 25ºC durante noite/madrugada, ou seja, levava notável avanço.

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Não acabou já a Volta? :intrigante:Ou estás a preparar-te para a Vuelta? :D
 
A mim revolta-me particularmente a situação dos incêndios pois sou de uma zona que entre Maio e Outubro é absolutamente "proibitivo" realizar alguma espécie de queima ou queimada ainda que tenha dúvidas que seja esse o cerne da questão.
Por aqui quando alguém se atrasa na gestão dos sobrantes simplesmente deixa lá para Outubro ou quando começar a chover.
Mesmo em Maio só se usa o fogo em casos excepcionais de dias húmidos e em que normalmente a vegetação circundante ainda tem um teor de humidade elevado.
O que se passa no Norte e Centro é inconcebível!
Se fores queimar sobrantes às 3h da manhã, ninguém vê, podes sempre dizer que estás a fazer uma fogueira, os lelos fazem todas as noites e ninguém se importa com isso e em zona de risco. :D No Algarve, o maior incendiário é a EDP, causa do incêndio em 2012 no Caldeirão e 2018 em Monchique, em Tavira está no tribunal mas aquilo não anda tal é a justiça "podre" neste país. :rolleyes:

O problema da queima dos sobrantes no Algarve é esse mesmo,este ano fiz logo em Janeiro estava seca, tinha alguma lenha seca das alfarrobeiras tinha que queimar, foi logo em Janeiro, senão nem tinha queimado.
 
Somos um país de incendiários. Há muita gente que por vingança ou por mau viver pega fogo ao que calhar!
Tenho a história de um vizinho que todos os anos pegava fogo ao canavial aqui no rio de Alenquer. Era sempre por agosto ou setembro e o fogo espalhava- se rápido e chegou a estragar muita coisa. Toda a gente sabia quem era - houve vartqueixas- mas, nunca se conseguiu fazer nada. O dito morreu em 2019 e de lá pra cá, até hoje, nunca mais houve incêndio.
Deveriam colocar "pulseiras" em todos o que tivessem sido julgados por crime de incêndio, entre Abril e Outubro ou colocá-los a fazer trabalho comunitário longe das florestas.
Acho que tem havido má coordenação e gestão dos meios para combates a incêndios, penso que alguns "comandantes"
deveriam ser alvo de inquérito sobre as decisões tomadas, não vai dar em nada mas alguns veriam colocar o lugar á
disposição.
 
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