Planeta entre "calor opressivo", recordes de temperatura e chuvas torrenciais.
17 julho, 2023 às 14:52.
O calor implacável que está a atingir partes do Hemisfério Norte, nesta segunda-feira, está a gerar alertas de saúde e incêndios florestais, naquela que é a mais recente e dura chamada de atenção para os efeitos do aquecimento global.
A Europa, continente que regista o aquecimento mais rápido do globo, preparou-se, esta semana, para as temperaturas mais altas de sempre. Nas ilhas italianas da Sicília e da Sardenha, prevê-se uma temperatura máxima de 48 graus Celsius, segundo a Agência Espacial Europeia.
"Somos do Texas e lá é muito quente, pensámos que íamos escapar ao calor, mas aqui é ainda mais quente", disse à AFP Colman Peavy, um turista de 30 anos, que veio passar férias em Itália, com a sua mulher, Ana.
A temperatura deverá atingir os 40 graus a partir do meio-dia de segunda-feira, em Roma, onde cerca de 15 mil pessoas enfrentaram as temperaturas do dia anterior, para ouvir o Papa Francisco liderar as orações, usando guarda-sóis e ventoinhas para se manterem frescas.
As previsões de máximos históricos para os próximos dias levaram o Ministério da Saúde a emitir um alerta vermelho para 16 cidades, incluindo Roma, Bolonha e Florença. Durante esta semana, as temperaturas deverão atingir 42 e 43 graus em Roma, batendo o recorde de 40,5 graus estabelecido em agosto de 2007.
A
Grécia teve uma breve pausa na segunda-feira, com as temperaturas a abrandarem um pouco e a Acrópole de Atenas a retomar o seu horário normal de abertura, depois de ter encerrado durante três dias durante a hora mais quente do dia. No entanto, prevê-se uma nova vaga de calor a partir de quinta-feira e os meteorologistas alertaram para o aumento do risco de incêndios florestais devido ao reforço dos ventos do Mar Egeu.
Em Espanha, os meteorologistas alertaram para a possibilidade de temperaturas "anormalmente elevadas" na segunda-feira, incluindo até 44ºC na região sul da Andaluzia, o que constituiria um novo recorde regional.
Temperaturas alarmantes na Ásia
No Japão, foram emitidos alertas de insolação em 32 das 47 regiões do país, principalmente nas zonas central e sudoeste, devido às temperaturas escaldantes que se fizeram sentir na segunda-feira.
Pelo menos 60 pessoas no Japão foram tratadas por insolação, informaram os meios de comunicação locais.
No final da tarde, a cidade de Toyota, sede do principal fabricante de automóveis, registou a temperatura mais elevada do país para o dia, de 39,1 graus, enquanto os canais de televisão recomendaram as pessoas a permanecerem em casa e a evitarem o calor que punha em risco a sua vida.
A temperatura mais elevada de sempre no Japão foi de 41,1 graus, registada pela primeira vez na cidade de Kumagaya, em 2018.
As autoridades alertaram os residentes das regiões do sudoeste do país, que ainda estão a recuperar das recentes chuvas torrenciais e inundações, para se manterem hidratados enquanto limpam as suas casas.
Calor "opressivo" nos EUA
Nos Estados do Oeste e do Sul dos Estados Unidos, habituados a temperaturas elevadas, mais de 80 milhões de pessoas foram colocadas sob aviso devido a uma vaga de calor "generalizada e opressiva" que assolou a região.
O Vale da Morte, na Califórnia, conhecido por ser um dos locais mais quentes do planeta, atingiu um valor quase recorde de 52 graus, na tarde de domingo. Uma localidade na China
registou o mesmo valor.
No Arizona, a capital do estado, Phoenix, registou o seu 17.º dia consecutivo acima dos 43 graus, atingindo os 45, também na tarde de domingo.
"Estamos habituados a 110 e 112 graus Fahrenheit (43 e 44 graus Celsius)...Mas não em série", revelou Nancy Leonard, uma moradora do subúrbio vizinho de Peoria, à AFP. "Só temos de nos adaptar", acrescentou a reformada, de 64 anos.
O sul da Califórnia tem combatido numerosos incêndios florestais, incluindo um no condado de Riverside que queimou mais de três mil hectares e provocou ordens de evacuação.
Chuvas torrenciais
Para além do calor, algumas regiões da Ásia foram também atingidas por chuvas torrenciais.
O presidente da Coreia do Sul prometeu, na segunda-feira, "rever completamente" a abordagem do país em relação às condições climatéricas extremas, depois de pelo menos 40 pessoas terem morrido em recentes inundações e deslizamentos de terras durante as chuvas de monção, que se prevê que continuem até quarta-feira.
No norte da Índia, as chuvas de monção incessantes terão matado pelo menos 90 pessoas, após um calor abrasador.
Pode ser difícil atribuir um determinado fenómeno meteorológico às alterações climáticas, mas muitos cientistas insistem que o aquecimento global está na origem da intensificação das vagas de calor.
O calor implacável que está a atingir partes do Hemisfério Norte, nesta segunda-feira, está a gerar alertas de saúde e incêndios florestais, naquela que é a mais recente e dura chamada de atenção para os efeitos do aquecimento global.
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