Gustave Coriolis
Cumulus
Não podemos confundir Memória com Lembrança. Isto porque a memória também se faz com registos, factos, etc. e não apenas fundada na tradição oral ou nas recordações que fixamos por nos agradarem, ou por associarmos a determinados momentos das nossas vidas – grandes chuvadas, trovoadas épicas, calor no outono, etc. Aquilo que fica dos que antes viveram certos eventos é importante, assim como tem o seu pitoresco as histórias contadas pelos mais velhos em torno de grandes eventos meteorológicos. Julgo que todos nós temos consciência destes factos que não entram numa análise madura e rigorosa da evolução do clima num dado território. Pela minha parte, quando há pouco referi a memória de décadas anteriores, fi-lo citando alguns dados comprováveis, não meras lembranças. Não quis com isso dizer que esses episódios caracterizam o ano X ou Y. Tal como, agora, apenas conjeturamos sobre os eventos atuais, que só uma análise no tempo e no futuro permitirão enquadrar. Acredito, contudo, que no futuro aquilo que recordaremos não será tanto a neve nos lugares onde é comum esta acumular-se generosamente, a chuva bem distribuída no espaço e no tempo, ou temperaturas “normais” para a época do ano. Mas, obviamente, posso estar enganado.