Seca extrema deteriora qualidade da água no Douro
Joana Almeida
10:49
A empresa Águas do Douro e Paiva, responsável pela captação e pelo tratamento de água na região do Grande Porto, admite já estar a tomar medidas, mas ressalva que tal não é normal em novembro.
A seca está a dificultar a renovação dos caudais no rio Douro, o que tem contribuído para a degradação da qualidade da água que chega à torneira de quase um quinto dos portugueses. A empresa Águas do Douro e Paiva, responsável pela captação e pelo tratamento de água na região do Grande Porto, admite já estar a tomar medidas, mas ressalva que tal não é normal em novembro, avança o ‘Jornal de Notícias’.
Nos Picos de Urbión, em Espanha, onde nasce o rio Douro, a nascente secou, depois de quase dois meses sem uma única pinga de chuva a cerca de 2150 metros de altitude. No entanto, os investigadores alertam para um fenómeno ainda mais preocupante: a deterioração da qualidade da água que ainda circula no caudal do rio.
Isto porque além da água das albufeiras ser extremamente reduzida, “está a ser produzida pouca eletricidade e, assim, a água fica mais tempo nas albufeira”, explica Adriano Bordalo e Sá, docente e investigador do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), no Porto.
A falta de renovação dos caudais leva a “uma degradação muito intensa da qualidade da água”, com impactos ecológicos “tremendos e desastrosos”. “Havendo menso água, também existe uma menor diluição de todos os contaminantes”, o que pode levar ao aparecimento das cinobactérias, que conferem uma cor esverdeada à água e que “são tóxicas, inclusivamente para as pessoas”.
“É da Barragem de Crestume-Lever [no Porto] que sai a água para abastecer quase 20% da população portuguesa. Isto significa que, piorando a sua qualidade, o tratamento terá de ser mais complexo e com maiores custos. Obviamente, alguém vai ter de pagar isso”, afirma Adriano Bordalo e Sá.
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