IPMA
Seca severa alastra a 97% do território
Hoje às 16:40
Com o mês de maio mais quente dos últimos 92 anos e a precipitação a corresponder apenas a 13% do que é normal para a época, aquele mês fecha com 97,1% do território em seca severa. Isto quando no final de abril aquela classe de seca meteorológica afetava apenas 4,3% do país, revela o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) no seu boletim climatológico.
De acordo com o documento, 1,4% do território estava, no final de maio, em seca extrema, e apenas 1,5% em seca moderada (contra 87,2% em abril). Analisando o total do território nas classes de seca severa e extrema, as mais graves, em maio, constata o IPMA que nas secas de 1995, 2005 e 2012 "mais de 60% do território estavam nessas classes", quando agora 97% está em severa e 1% em extrema.
Dados que se explicam naquele que foi o maio mais quente dos últimos 92 anos, com uma anomalia positiva do valor médio da temperatura média do ar de +3.47ºC, para os 19.19ºC, face à série 1971-2000. Sendo que, explica o IPMA, nos últimos 20 anos os valores médios da temperatura média do ar em maio têm sido superiores ao normal excetuando os anos de 2002, 2008 e 2013. Por outro lado, também o valor médio da temperatura mínima do ar "foi muito superior ao normal, +2.02ºC, sendo o terceiro mais alto desde 1931".
Ondas de calor
Por dez dias consecutivos, entre 5 e 14 de maio, registaram-se desvios superiores a 5ºC da temperatura máxima em relação à normal mensal. E, nos dias 20, 27 e 28 o valor médio da temperatura máxima do ar no Continente foi superior a 30ºC. Com os termómetros, no dia 28, a chegarem aos 38.2ºC no Pinhão.
Os dados do IPMA mostram ainda que nos períodos 6 a 14, 19 a 21 e 26 a 28 mais de 60% das estações meteorológicas registavam uma temperatura máxima do ar superior a 25 graus Celsius. Já no dia 20 de maio, 15% das estações tinham os termómetros acima dos 35ºC, e no dia 27 cerca de 20%.
Num maio tórrido, entre os dias 3 a 14 o IPMA registou ondas de calor em 44 estações meteorológicas, com o número de dias a variar entre 6 e 12, abrangendo, sobretudo, as regiões do interior Norte, Centro, Vale do Tejo e Alentejo. Sublinhando aquele instituto que "maio é o mês com maior ocorrência de ondas de calor, em particular nas estações do interior".
Choveu 13% do normal
Relativamente ao valor médio da quantidade de precipitação em maio, foi de apenas 8.9 milímetros, o que corresponde apenas a 13% do valor normal para o período 1971-2000. Refira-se que, nos últimos cinco anos, os valores de precipitação naquele mês têm sido sempre inferiores ao valor normal.
Em termos acumulados, o presente ano hidrológico é já o segundo mais seco desde 1931, depois de 2004/2005. Recorde-se que, em 2005, Portugal viveu a seca mais intensa e de maior extensão territorial. Entre outubro de 2021 a maio de 2022 choveu 50% do valor normal para a época.
Albufeiras com menos água
Maio fecha também com uma descida da água armazenada em 11 bacias hidrográficas e o aumento apenas numa. De acordo com os dados do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH), das 60 albufeiras monitorizadas, 12 estavam abaixo dos 40% do volume total e 10 acima dos 80%.
Excetuando a bacia do Mondego, "os armazenamentos de maio por bacia hidrográfica apresentam-se inferiores às medias de maio (1990/91 a 2020/21)", refere o SNIRH.
Destaque para a bacia do Lima, a 17,2% da sua capacidade, com a albufeira do Alto Lindoso a 14,9%. No Barlavento, a barragem de Bravura está a 14,6% da sua capacidade.
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