Seguimento Rios e Albufeiras - 2022

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Se começa a perceber que Portugal deve urgentemente colocar em prática um plano para se fazer barragens em todos os locais possíveis, mesmo que sirva só para armazenar 50 ou 100hm3 de água. Pelos vistos isto de ter chuva com regularidade para ter as barragens sempre a turbinar e com mais de 50% de água com as mudanças climáticas é uma utopia. Isto agora vai ser chove em poucos dias o que chovia num ano e depois não chove nada durante anos.
O desperdício de água nestes eventos é gritante e a água no futuro irá valer mais do que ouro.
Portugal tem que investir mais no eólico, solar e hidrogénio verde e colocar regras apertadas no gasto de água nas barragens dedicadas à produção de energia.

A obra prioritária de transvase, deve ser do Tejo para o Alqueva e do Alqueva para todo o sul.
O transvase que está a ser estudado é do Zêzere (Cabril) para o Ocreza (Pracana), com construção dum novo reservatório pelo meio. Portugal tem tido enorme dificuldade de cumprimento do convénio com Espanha no caudal do Tejo (temos que libertar o que Espanha manda, mais um valor semanal/mensal/trimestral/semestral/anual). Ou seja, tem que ser desarmazenado no Ocreza ou Zêzere, para que em Ponte de Muge tenha um caudal mínimo. O Ocreza (Pracana) fica rapidamente sem água a meio do verão e com este transvase equilibra-se esse débito. Pelas características do terreno em que está a Pracana, quando chove tem caudais enormes mas desaproveita-se muita água em descarregamentos, ficando o resto do ano sem afluências significativas.
A Ribeira de Nisa tem 3 centrais que ao que sei não estão a ser aproveitadas para produção de energia e deveriam ser objeto de investimento.
 
O preço da energia no mercado grossista, sim. O preço para o consumidor no momento atual foi determinado noutros pressupostos. Com um Índice de Produtibilidade Hidráulico elevado na Península Ibérica é expectável que os preços sejam mais baixos, embora vivamos uma realidade que assim que chegar o frio seja necessário utilizar gás natural em Portugal e gás natural+carvão em Espanha. Como o preço por hora é determinado pela tecnologia marginal (é assim que funciona em toda a Europa), basta entrar gás natural em todas as horas para termos um preço no triplo.
Sem frio e com consumos moderados, esta produção hidráulica e eólica são suficientes cá em Portugal, mas basta o consumo aumentar para deixar de ser suficiente. Convém não esquecer que estamos ligados energeticamente ao resto da Europa e que apenas a Península Ibérica é que tem preço de gás para produção de energia elétrica com valor limitado. Neste últimos meses Portugal tem exportado para Espanha e Espanha para França. O preço em França tem sido 3 a 4 vezes superior ao da Península Ibérica. Tem acontecido gastar-se gás na "Ibéria" para se exportar para França.
Em suma, sendo os contratos com as comercializadoras de 1 ano, o preço pago reflete o cenário de 1 ano e a evolução expectável dos mercados futuros e não da realidade atual. Depende sempre de quando entra em vigor o nosso contrato. Algumas comercializadoras têm optado por contratos trimestrais, de forma a não se repercutir um valor demasiado elevado ou demasiado baixo em função do momento presente
Se Portugal exporta eletricidade significa que quando vemos barragens com níveis muito baixos tal se deve não só a seca mas também á produção excessiva de eletricidade ou não?
Sou um pouco leigo nesta matéria mas fico sempre com a ideia que o negócio está sempre à frente dos interesses nacionais e do bem estar geral
 
O preço da energia no mercado grossista, sim. O preço para o consumidor no momento atual foi determinado noutros pressupostos. Com um Índice de Produtibilidade Hidráulico elevado na Península Ibérica é expectável que os preços sejam mais baixos, embora vivamos uma realidade que assim que chegar o frio seja necessário utilizar gás natural em Portugal e gás natural+carvão em Espanha. Como o preço por hora é determinado pela tecnologia marginal (é assim que funciona em toda a Europa), basta entrar gás natural em todas as horas para termos um preço no triplo.
Sem frio e com consumos moderados, esta produção hidráulica e eólica são suficientes cá em Portugal, mas basta o consumo aumentar para deixar de ser suficiente. Convém não esquecer que estamos ligados energeticamente ao resto da Europa e que apenas a Península Ibérica é que tem preço de gás para produção de energia elétrica com valor limitado. Neste últimos meses Portugal tem exportado para Espanha e Espanha para França. O preço em França tem sido 3 a 4 vezes superior ao da Península Ibérica. Tem acontecido gastar-se gás na "Ibéria" para se exportar para França.
Em suma, sendo os contratos com as comercializadoras de 1 ano, o preço pago reflete o cenário de 1 ano e a evolução expectável dos mercados futuros e não da realidade atual. Depende sempre de quando entra em vigor o nosso contrato. Algumas comercializadoras têm optado por contratos trimestrais, de forma a não se repercutir um valor demasiado elevado ou demasiado baixo em função do momento presente
Excelente explicação de um conhecedor da matéria!
Para ir acompanhando o preço da energia na Europa --> https://euenergy.live/
 
Se Portugal exporta eletricidade significa que quando vemos barragens com níveis muito baixos tal se deve não só a seca mas também á produção excessiva de eletricidade ou não?
Nim...há muitos factores..caudais ecológicos, produção energia (em algumas barragens), regantes, etc...
 
A capacidade de armazenamento no Alqueva é tão grande, que mesmo com estes caudais afluentes a central esteve em modo bombagem para evitar descarregamento na central do Pedrogão a jusante. O rio Ardila e a Ribeira da Murtega desaguam entre o Alqueva e Pedrogão tendo nestas alturas fortes caudais que só com bombagem do Alqueva é que se evita descarregamento no Pedrogão.
Só em situações ainda mais extremas (ou iniciando-se numa cota mais elevada) é que o Alqueva descarrega. Já aconteceu, salvo o erro 2 vezes, mas não é fácil. O mesmo acontece com a central do Alto Rabagão cujo risco de descarregamento é sempre muito reduzido.
E com isso encaixou 94,12hm3 no dia de ontem.
Uma subida de 2%.
 
Se Portugal exporta eletricidade significa que quando vemos barragens com níveis muito baixos tal se deve não só a seca mas também á produção excessiva de eletricidade ou não?
Sou um pouco leigo nesta matéria mas fico sempre com a ideia que o negócio está sempre à frente dos interesses nacionais e do bem estar geral
Sim, estou de acordo com a afirmação...mas:
1. A REN como gestora do sistema elétrico nacional tem no seu manual de procedimentos instrumentos para definir reservas estratégicas de abastecimento elétrico;
2. A APA tem a incumbência de reservas estratégicas de abastecimento de água às populações;
3. O governo tem como missão garantir isto tudo.

Quando tudo era estatal era gerido duma maneira, mas quando se liberaliza não se pode encaixar milhões (o estado) e deixar nos privados a gestão daquilo que são bens essenciais sem intervenção. Se os mecanismos existem, então têm de ser usados.
É claro que os produtores querem maximizar os lucros e para isso pagaram concessões ao estado, mas este tem que supervisionar ativamente.
O que assistimos em 2021 e início de 2022, foi a uma desresponsabilidade do estado ao fechar centrais a carvão (Sines e Pego), em plena seca, sem garantia de substituição dessa produção. A seca não era só em Portugal, Espanha estava igual e a Europa toda também. Restava a importação a custos elevados e com riscos de carência energética caso as interligações começassem a ser fechadas para subsistência de cada país. Vivemos largos meses sob ameaça de apagões.
Algures em 2022 é que a APA definiu valores mínimos de algumas albufeiras, proibindo a utilização dos produtores. E mais tarde o governo com uma resolução de conselho de ministros.

 
Monte da vinha com caudal de 7734m3/s segundo a Edia.
Monstruoso!!!
Co o que está previsto ainda chover para aquelas zonas, vai chega aos 90% num instante, talvez encha até ao fim do ano.
Que grande prenda de Natal.
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Excelente explicação de um conhecedor da matéria!
Para ir acompanhando o preço da energia na Europa --> https://euenergy.live/
Para além da Península Ibérica, só a Noruega tem preços de jeito pela diversidade de meios de produção incluindo renováveis. A Polónia é sempre um caso à parte, porque têm imenso carvão e estão a borrifar-se para a descarbonização Europeia. Vão gastar aquilo tudo enquanto tiverem.
Mesmo os países com nucleares, têm que recorrer à produção com gás natural e sempre que isso acontece faz disparar o preço. Os nossos governantes ibéricos estiveram muito bem a mostrarem que fizemos bem o trabalho com renováveis e com abastecimento de gás sem vir da Rússia, por isso quando as coisas apertaram exigiram que o preço do gás para produção tivesse um "cap" e não subisse o preço da eletricidade...mas esse "desconto" há-de vir a aparecer nas nossas faturas, acho eu.
Nunca teremos energia mais barata que o resto da Europa (do ponto de vista do consumidor), porque os países pobres refletem sempre o custo de mudança de paradigma para as renováveis ao consumidor, enquanto que os ricos financiam isso com o estado. Já para não falar no IVA que cobram por cá.
Resumidamente: produzimos bem e barato, pagamos caro com todos os impostos diretos e indiretos.
 
Resumidamente: produzimos bem e barato, pagamos caro com todos os impostos diretos e indiretos.
Isso é reflexo dos investimentos onde o Estado se chega como 'garantia' e raramente defende os seus interesses. E isso parece estar agora a acontecer novamente com outra 'fonte' de energia (dita renovável).
 
A Barragem do Caia já tem ilha novamente :D



Dados:
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Monte da vinha com caudal de 7734m3/s segundo a Edia.
Monstruoso!!!
Co o que está previsto ainda chover para aquelas zonas, vai chega aos 90% num instante, talvez encha até ao fim do ano.
Que grande prenda de Natal.
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Caudal muito estranho tendo em conta que de Espanha nem chegava 2500 m3/s...

Até ontem o Tejo em Almourol estava com erro no caudal (literalmente o dobro), capaz de estar a acontecer o mesmo nesse hidrómetro. Hidrómetros da idade da pedra e que provavelmente precisam de manuntenção, basta olhar para rede do SNIRH...
 
Última edição:
Monte da vinha com caudal de 7734m3/s segundo a Edia.
Monstruoso!!!
Co o que está previsto ainda chover para aquelas zonas, vai chega aos 90% num instante, talvez encha até ao fim do ano.
Que grande prenda de Natal.
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Isso era deveras impressionante…