já temos um "tornado alley", na zona de tomar
Tornado alley não diria...eheh.
Bom, na minha opinião o sistema montanhoso Sintra-Estrela tem demonstrado uma grande importancia no que toca a estes sistemas convectivos tornadogenicos.
Primeiro, há que dizer que os tornados em Portugal ocorrem em situações de crista anticiclonica a SE/E e depressão/ULL a W/SW, na 2a metade o Outono e primeira do Inverno.
Isto deve-se ao facto de essa altura do ano ser a que comporta maior instabilidade potencial ( SST´s elevadas vs Atmosfera em rápido arrefecimento).
O padrão sinoptico acima referido transporta grandes quantidades de ar tropical humido á superficie ( Theta e > 45º, Dewpoints >15º), sendo tambem responsavel pela introdução de uma franja de ar frio nos niveis altos, com a T500 geralmente abaixo dos -15º...este factor é dependente da posição exata da crista, que optimamente ficará no E Espanhol.
Nestas situações estamos sob a area divergente em altura e sob advecção de vorticidade e helicidade.
As caracteristicas deste tipo de ambientes é muito dinamica, aos baixos FCL´s juntam-se niveis de equilibrio elevados, que potenciam convecção profunda, as células geradas são de evolução rápida devido ao shear e á divergencia em altura ( por exemplo, estavamos ontem sob um fluxo médio nos 500-300hpa de 100 a 140km.h).
A helicidade e vorticidade por seu lado conferem rotação á massa de ar.
A razão dos tornados serem relativamente raros noutras alturas do ano é simples....só neste periodo é que as condições dinamicas se conseguem conjugar todas.
Bom, no que toca so sistema montanhoso Sintra-Estrela, eu acho que as suas altitudes relativamente baixas são potenciadoras de forcing vertical por efeito orografico....numa situação de uma célula sobre o mar, tanto a existencia de montes perto da costa quer uma boa convergencia costeira tendem a intensificá-las imediatamente após atingirem a linha de costa.
No caso da célula de ontem, pode-se ver que esta em mar alto apresentava uma organização pouco notória, mas ao atingir terra deu-se uma intensificação rápida, que creio estar relacionada com a topografia da zona do sistema Sintra-Estrela que atravessou.
É factual que grandes rugosidades topograficas distorcem o fluxo de ar, sendo más para a criação de sistemas tornadogénicos...acontece que a area montanhosa que este sistema cruzou tem altitudes maximas de 400-500m, que podem potenciar movimentos verticais sem causar garande distorção do fluxo predominante.
Se se pode considerar a zona ribatejana como um "tornado aley" Português, sinceramente não sei...mas é-me irrefutavel que as condições geograficas da zona podem ser favoraveis á criação de sistemas convectivos paciveis de criar tornados.
Os tornados em Portugal estão relativamente mal documentados...a principal razão é a ineficiencia dos radares a nivel de resolução....que os torna incapazes de detectar os "hook like features", e obviamente a falta de observações directas, resultantes da baixa densidade populaçional onde estes fenomenos acontecem.
Na minha opinião, areas muito mais vastas como grande parte do Alentejo devem ser locais relativamente bons para a actividade tornadica....pois são locais que nestas ocasiões de entradas de ar tropical, tendem a aquecer bastante devido á baixa altitude, formando uma camada limite aquecida pronta a ser explorada por estes sistemas, e estão rodeados de zonas montanhosas como as serras litorais ou mesmo a serra Alagrvia, que são boas criadoras de fenomenos de forcing vertical.