Os plátanos, nomeadamente o Platanus hybrida, creio que tenha alguma tolerância à seca.
Sobre os carvalhos, acho que poderiam apostar no carvalho português (Quercus faginea), ou no carvalho de Monchique (Quercus canariensis).
Mas atenção que o clima de Lisboa não é mediterrânico típico, tem influência atlântica, que se reflecte ao nível da precipitação, que é mais elevada comparativamente a outros locais com clima mediterrânico típico.
Penso que seja mais grave, por exemplo, a plantação intensiva de abacateiros no Algarve, a qual exige enormes gastos de água, isto numa região em que as secas estão a tornar-se cada vez mais frequentes.
Claro, a questão da plantação intensiva de abacateiros no Algarve é bastante grave.
Sim, Lisboa tem uma precipitação mais alta e mesmo assim muitas árvores de climas temperados não aguentam nas nossas ruas. O paisagismo vegetal "à portuguesa" tem uma grande falta de cuidados, de harmonia e de lógica.
Já na Espanha aqui ao lado ou noutros pontos do Mediterrâneo, a paisagem é completamente diferente: ruas repletas de tamareiras, de figueiras tropicais, jacarandás, misturado com árvores autóctones e adaptados ao clima seco estival: oliveiras, pinheiros, ciprestes, figueiras, laranjeiras, palmeiras-anãs etc. E isso em cidades com precipitações muito mais baixas do que Lisboa.
Em Portugal, principalmente em Lisboa, plantam espécies que eu vejo aqui na Suíça: choupos, castanheiros-da-índia, carvalhos, etc. e depois secam no verão. Uma ficus elastica ou uma tamareira aguentam muito mais nas nossas ruas do que um carvalho, mas lá por serem de origem "estrangeira"... Ainda por cima a tamareira já existe no nosso território desde pelo menos a época muçulmana, mas por ser uma palmeira, o tuga acha que vem do Caribe. Preferem plantar um carvalho-roble por ser "português" (nem sequer autóctone da região mas do Norte de clima atlântico). Uma vez, um amigo meu estrangeiro fez uma viagem no sul da França e pelo sul (Andaluzia, Algarve e Lisboa) e disse-me uma frase que me marcou até hoje: "parece que Portugal está a passar por uma era do gelo" pela sua quantidade de árvores ornamentais de folha caduca usadas normalmente no centro e norte da Europa. Passamos a fronteira de Elvas para Badajoz e parece que o clima da primeira é bem mais frio. De forma contraditória, o tuga faz monoculturas de eucaliptos e pinheiros-bravos na natureza em vez de salvaguardar a nossa flora, mas depois acha que a melhor medida para preservar a nossa natureza é de plantar essas árvores nas nossas ruas... Lógico...
Devíamos escolher espécies ornamentais -exóticas e autóctones- que se dão bem numa área determinada e que estéticamente combinem com a paisagem, o clima e as outras espécies. Plantar um choupo ao lado de uma bananeira e de um abeto não é harmonioso... Também não tem lógica nenhuma plantar uma tamareira em Montalegre, um castanheiro-da-índia em Albufeira ou um plátano no Funchal.