Árvores e Florestas de Portugal

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Choupo-negro (Populus nigra)! ;)

Quanto ao freixo terá que ser por semente, creio que não enraíza a partir de estaca.
Interessante, a ver se encontro algum.
Aqui tenho encontrado a subespécie pyramidalis que não é nativa.
A ver se encontro a subespécie nigra.

A título de curiosidade:
Dizem que o Populus alba é apenas nativo no Sudeste de Portugal.
Questiono-me também se no passado tivemos cá o Populus tremula no Norte...
Talvez haja algum estudo palinológico ou dendrológico, que fale deste assunto.
 
Interessante, a ver se encontro algum.
Aqui tenho encontrado a subespécie pyramidalis que não é nativa.
A ver se encontro a subespécie nigra.

A título de curiosidade:
Dizem que o Populus alba é apenas nativo no Sudeste de Portugal.
Questiono-me também se no passado tivemos cá o Populus tremula no Norte...
Talvez haja algum estudo palinológico ou dendrológico, que fale deste assunto.

O choupos formam híbridos com muita facilidade o que ainda torna tudo mais complexo. Há autores que duvidam se são autóctones ou não, independentemente disso são árvores presentes pelo menos há séculos no nosso ecossistema, bem adaptadas e importantes na constituição de galerias ripícolas.
 
Aqui na zona mais alta da Póvoa de Santa Iria, o Casal da Serra, houve pelas ruas muitos Choupos, que eu acho serem Populus Nigra.
A distribuição espaçada pelos passeios dos arruamentos levou a um isolamento de cada indivíduo e à frequente queda das árvores mais altas ou mais expostas.
Recentemente cortaram vários exemplares na Avenida Casal da Serra, depois de duas terem caído por si durante vendavais de norte e de sul. Observei que as caídas apresentavam o que parece ser podridão dos troncos na base e nas raízes. Antes destas quedas, e também abates, constatei que costumavam proliferar cogumelos na parte basal do tronco e ao longo das raízes que despontavam do solo.
Nesta altura, são raros os exemplares que ainda estão de pé. Estas árvores teriam sido plantadas na década de 90 do século passado. Na minha opinião foram uma má escolha para árvore urbana em zona tão ventosa e disposta de forma desprotegida. Mantém-se por exemplo um pequeno aglomerado de árvores mais juntas no início de uma encosta virada a norte e se não me engano também as há junto ao cemitério.
Nos ajardinamentos onde estavam plantadas as que já não existem, o corte raso do coberto vegetal rasteiro era, e é, frequente, de tal modo que até é feito em pleno estio ficando o solo totalmente ressequido e sem rega. Acresce que a base das árvores são locais preferidos de micção dos canídeos.
Vou pôr algumas fotos para tirar dúvidas se se trata realmente desta espécie.
 
^^ Ficamos a aguardar as fotos, mas acredito que devem ser choupos negros, Populus nigra. São a espécie choupo que habitualmente se vê em meio urbano.

No final da Primavera apresentam estes tufos que parecem algodão.

1280px-Poplar_seed_tufts_2009_G1.jpg
 
^^ Ficamos a aguardar as fotos, mas acredito que devem ser choupos negros, Populus nigra. São a espécie choupo que habitualmente se vê em meio urbano.

No final da Primavera apresentam estes tufos que parecem algodão.

1280px-Poplar_seed_tufts_2009_G1.jpg

Os choupos que habitualmente se encontram em meio urbano são quase sempre híbridos, entre o Populus tremula, o Populus nigra e outras espécies e subespécies de choupos. ;)

Apenas uma curiosidade, esses algodões dos choupos são muitas vezes associados a alergias, mas na realidade são inofensivos. Os verdadeiros culpados das alergias são alguns dos polens de gramíneas, que por azar dos choupos surgem na mesma altura do ano. Já houve cortes de choupos devido às supostas alergias por eles causados.
 
Num parque perto da minha casa tem alguns choupos, são aqueles estreitos e de porte elevado, penso que vulgarmente os chamam de choupo da Lombardia. Estes também são híbridos?

Ficam muito bonitos no Outono, aqui vão umas fotos que tirei há uns anitos.

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Alguém tem de me explicar porque em Portugal em zonas de clima mediterrânico como Lisboa, a variedade vegetal dos jardins é a mesma que no Norte da França? É que estes últimos anos só vejo choupos, plátanos e carvalhos, e ainda por cima a secarem. É que basta passar a fronteira espanhola ou ir a outros países do Mediterrâneo e a paisagem vegetal é completamente diferente. Será por questões culturais? económicas?
 
Alguém tem de me explicar porque em Portugal em zonas de clima mediterrânico como Lisboa, a variedade vegetal dos jardins é a mesma que no Norte da França? É que estes últimos anos só vejo choupos, plátanos e carvalhos, e ainda por cima a secarem. É que basta passar a fronteira espanhola ou ir a outros países do Mediterrâneo e a paisagem vegetal é completamente diferente. Será por questões culturais? económicas?
Tem pouco a ver com o clima e muito a ver com o provincianismo das câmaras municipais. Muitos municípios gostam de gastar dinheiro em coisas caras e exóticas porque sabem que isso dá votos, mesmo que não sejam sustentáveis a médio prazo. Isto não acontece só com as plantas, por certo, mas sim com praticamente tudo o que é projeto camarário. :unsure:
 
Mesmo assim ainda não percebi essa moda de plantar árvores de folha caduca de climas temperados e depois vê-las secar no verão... Não vejo nada disso quando vou à Espanha ou ao Sul da França. Tenho literalmente de sair de Lisboa e ir à margem sul ou a Monsanto para me lembrar de que moro numa região de clima mediterrânico e ainda por cima numa das capitais mais quentes da Europa...
 
Mesmo assim ainda não percebi essa moda de plantar árvores de folha caduca de climas temperados e depois vê-las secar no verão... Não vejo nada disso quando vou à Espanha ou ao Sul da França. Tenho literalmente de sair de Lisboa e ir à margem sul ou a Monsanto para me lembrar de que moro numa região de clima mediterrânico e ainda por cima numa das capitais mais quentes da Europa...

O contrário também acontece por cá, com o abuso de palmeiras e outras plantas de climas mais quentes e húmidos que exigem mais rega/manutenção. A utilização de espécies autóctones como plantas ornamentais em parques e jardins devia ser muito mais difundida.
 
Os plátanos, nomeadamente o Platanus hybrida, creio que tenha alguma tolerância à seca.

Sobre os carvalhos, acho que poderiam apostar no carvalho português (Quercus faginea), ou no carvalho de Monchique (Quercus canariensis).

Mas atenção que o clima de Lisboa não é mediterrânico típico, tem influência atlântica, que se reflecte ao nível da precipitação, que é mais elevada comparativamente a outros locais com clima mediterrânico típico.

Penso que seja mais grave, por exemplo, a plantação intensiva de abacateiros no Algarve, a qual exige enormes gastos de água, isto numa região em que as secas estão a tornar-se cada vez mais frequentes.
 
Num parque perto da minha casa tem alguns choupos, são aqueles estreitos e de porte elevado, penso que vulgarmente os chamam de choupo da Lombardia. Estes também são híbridos?

Ficam muito bonitos no Outono, aqui vão umas fotos que tirei há uns anitos.

SDC11432.jpg


SDC11465.jpg


SDC11455.jpg


SDC11471.jpg


SDC11468.jpg


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Parecem-me Populus nigra pyramidalis.
 
O contrário também acontece por cá, com o abuso de palmeiras e outras plantas de climas mais quentes e húmidos que exigem mais rega/manutenção. A utilização de espécies autóctones como plantas ornamentais em parques e jardins devia ser muito mais difundida.
Abuso de palmeiras? Já não há quase nenhuma, deixaram-nas morrer. E que eu saiba, as tamareiras não precisam de rega, já choupos, castanheiras-da-india e carvalhos sim. A utilização de espécies autóctones como plantas selvagens é que devia ser muito mais difundida, em vez de fazerem monoculturas de eucaliptos ou pinheiros-bravos... Já nos jardins, não percebo esse ódio típico português contra plantas exóticas, sobretudo plantas mediterrânicas, subtropicais ou tropicais.
 
Eu acho que já andaram neste forum, artigos extraordinariamente bem detalhados sobre as formações florísticas nativas de Portugal (assim como sobre espécies especialmente interessantes de cada região).
Lembro-me que, na altura que li um deles, fiquei surpreendido com o facto de estarem descritas formações florestais nada convencionais, e que em muitos locais, nem era a floresta que dominava.
Eu acho que para cada distrito, deveria haver um guia de fácil acesso com descrições detalhadas das formações/associações vegetais autóctones.
Aqui para a minha região, parece-me muito provável a associação amieiro-salgueiro-branco e freixo, para a vegetação arbórea ripicola, com o claro dominio do salgueiro. Mas espero um dia encontrar essas publicações de novo e colocá-las aqui.
 
Última edição:
Os plátanos, nomeadamente o Platanus hybrida, creio que tenha alguma tolerância à seca.

Sobre os carvalhos, acho que poderiam apostar no carvalho português (Quercus faginea), ou no carvalho de Monchique (Quercus canariensis).

Mas atenção que o clima de Lisboa não é mediterrânico típico, tem influência atlântica, que se reflecte ao nível da precipitação, que é mais elevada comparativamente a outros locais com clima mediterrânico típico.

Penso que seja mais grave, por exemplo, a plantação intensiva de abacateiros no Algarve, a qual exige enormes gastos de água, isto numa região em que as secas estão a tornar-se cada vez mais frequentes.
Claro, a questão da plantação intensiva de abacateiros no Algarve é bastante grave.

Sim, Lisboa tem uma precipitação mais alta e mesmo assim muitas árvores de climas temperados não aguentam nas nossas ruas. O paisagismo vegetal "à portuguesa" tem uma grande falta de cuidados, de harmonia e de lógica.

Já na Espanha aqui ao lado ou noutros pontos do Mediterrâneo, a paisagem é completamente diferente: ruas repletas de tamareiras, de figueiras tropicais, jacarandás, misturado com árvores autóctones e adaptados ao clima seco estival: oliveiras, pinheiros, ciprestes, figueiras, laranjeiras, palmeiras-anãs etc. E isso em cidades com precipitações muito mais baixas do que Lisboa.

Em Portugal, principalmente em Lisboa, plantam espécies que eu vejo aqui na Suíça: choupos, castanheiros-da-índia, carvalhos, etc. e depois secam no verão. Uma ficus elastica ou uma tamareira aguentam muito mais nas nossas ruas do que um carvalho, mas lá por serem de origem "estrangeira"... Ainda por cima a tamareira já existe no nosso território desde pelo menos a época muçulmana, mas por ser uma palmeira, o tuga acha que vem do Caribe. Preferem plantar um carvalho-roble por ser "português" (nem sequer autóctone da região mas do Norte de clima atlântico). Uma vez, um amigo meu estrangeiro fez uma viagem no sul da França e pelo sul (Andaluzia, Algarve e Lisboa) e disse-me uma frase que me marcou até hoje: "parece que Portugal está a passar por uma era do gelo" pela sua quantidade de árvores ornamentais de folha caduca usadas normalmente no centro e norte da Europa. Passamos a fronteira de Elvas para Badajoz e parece que o clima da primeira é bem mais frio. De forma contraditória, o tuga faz monoculturas de eucaliptos e pinheiros-bravos na natureza em vez de salvaguardar a nossa flora, mas depois acha que a melhor medida para preservar a nossa natureza é de plantar essas árvores nas nossas ruas... Lógico...

Devíamos escolher espécies ornamentais -exóticas e autóctones- que se dão bem numa área determinada e que estéticamente combinem com a paisagem, o clima e as outras espécies. Plantar um choupo ao lado de uma bananeira e de um abeto não é harmonioso... Também não tem lógica nenhuma plantar uma tamareira em Montalegre, um castanheiro-da-índia em Albufeira ou um plátano no Funchal.