A anã castanha Gliese 229B, com uma massa inicialmente calculada, aquando da sua descoberta no século passado, de 71 vezes a massa de Júpiter, não se enquadrava em modelos de previsão da evolução estelar. Com essa massa a anã devia conseguir realizar a fusão do hidrogénio e tornar-se mesmo uma estrela, mas não era isso que se observava.
A recente descoberta mostra que afinal Gliese 229B são dois corpos em órbita em torno um do outro, um sistema binário, que por sua vez orbita em torno de uma estrela anã vermelha comum de massa aproximada de seis décimos da massa do Sol. Cada um destes dois corpos não tem efectivamente massa suficiente para se tornar uma estrela.
Os dois corpos são assim Gliese 229Ba e Gliese 229Bb, de massas 38 e 34 vezes a massa de Júpiter, respectivamente. Orbitam em torno uma da outra em cerca de 12 dias e apenas a cerca de 6 milhões de quilómetros um do outro (16 vezes a distância Terra-Lua, refira-se que o nosso planeta e o seu satélite comportam-se realmente como um pequeno sistema binário).
Curiosamente, na sequela de '2001: A Space Odyssey' (filme de Kubrick / livro de 1982 de Arthur C. Clarke), '2010: The Year We Make Contact' , Júpiter é bombardeado, por uma suposta inteligência extraterrestre, com uma imensidão de monólitos que alteram a sua composição química e aumentam a sua massa até ao ponto de atingir a massa crítica para a fusão e tornar-se uma estrela. No filme '2010', Júpiter e os seus satélites tornam-se assim um sub-sistema planetário do Sol, este convertido portanto em estrela dupla. Irradiado pela nova estrela próxima, o satélite Europa converte-se num luxuriante novo planeta com vida.