Biodiversidade

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Sempre bom aparecerem estas notícias, que de resto estão a tornar-se mais comuns noutros rios portugueses (no Tejo por exemplo).

Golfinhos no rio Lima
2010-05-11

Um cardume de golfinhos, composto por mais de duas dezenas de xemplares, entrou, na passada semana, no estuário do rio Lima, em Viana do Castelo, acompanhando o percurso de um veleiro.

O raro episódio foi documentado por um grupo de pescadores. Residente em Darque, Viana do Castelo, Luís Carvalho, que se encontrava a bordo da embarcação de pesca “Kalabita”, registou o momento no seu telemóvel, afirmando mesmo tratar-se de uma “situação única”. A propósito, assinala: “Nunca havia visto nada igual. Os golfinhos acompanharam o veleiro até à marina (de Viana do Castelo), junto à ponte Eiffel. Foi um momento único”.
http://www.jn.pt/CidadaoReporter/Interior.aspx?content_id=1567303
 
Três crias de tigre-branco nasceram no Jardim Zoológico de Lisboa
02.03.2011
Luís Francisco

Há pouco mais de uma centena de tigres-brancos no planeta e o Jardim Zoológico de Lisboa passou a ter cinco. O nascimento de três crias – duas fêmeas e um macho – desta variante genética de tigre que só existe em cativeiro foi agora anunciado em comunicado.

São filhos de Cristal e Tipex, o casal residente do zoo de Lisboa. Os tigres-brancos parecem albinos, mas não são. A sua aparência – pelagem branca com riscas castanhas, olhos azuis e nariz rosado – só se manifesta quando ambos os progenitores são portadores de um gene recessivo.

Por se tornarem muito visíveis na natureza, os tigres-brancos sempre tiveram dificuldades para caçar de emboscada e acabaram por se tornar alvos fáceis para os caçadores furtivos. Por isso, extinguiram-se na Natureza. A sua conservação depende, por isso, dos esforços de reprodução em cativeiro.

E essa é uma área em que o zoo de Lisboa tem mostrado serviço: segundo informação disponibilizada em comunicado, nasceram no Jardim Zoológico de Lisboa, em 2010, 113 animais de 47 espécies diferentes. Para celebrar o nascimento das três crias de tigre-branco, o zoo lançou um passatempo infantil. As crianças terão de escrever uma história original e criativa sobre os três novos “peluches” e enviar o texto para [email protected]

http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1482868
 
A praga amarela que ameaça o Parque Nacional da Peneda-Gerês
02.03.2011
Samuel Silva

São amarelas e bonitas, mas as mimosas são uma verdadeira praga. São os incêndios no Verão que favorecem o crescimento desta planta que ameaça o equilíbrio ambiental do parque nacional. A Guerra às mimosas aconteceu no fim-de-semana passado.

Um grupo de sete rapazes puxa, coordenadamente, uma mimosa com mais de um metro. A palavra "Scout" estampada nas grossas camisolas azuis identifica-os: são escuteiros. Puxam a planta uma e outra vez, até conseguirem arrancá-la pela raiz. "Esta já era", exclama Rui Barbosa, autor de um blogue dedicado à Peneda-Gerês e um dos organizadores da Guerra às mimosas, uma iniciativa realizada no passado fim-de-semana no Parque Nacional Peneda-Gerês (PNPG), que reuniu centenas de pessoas durante dois dias.

Na encosta da serra, junto à vila do Gerês, há muito menos verde do que é habitual. No seu lugar existem manchas negras que ainda assinalam os incêndios do Verão passado, mas é o amarelo que acompanha o negro que torna a paisagem mais estranha. São mimosas e por ali chamam-lhe "praga". A planta infestante está a tomar o lugar das espécies autóctones e a colocar em perigo o equilíbrio da natureza no parque, temem os especialistas. Foram os incêndios do Verão que favoreceram o crescimento das mimosas.

"Têm mesmo de ser arrancadas, se não voltam rapidamente a crescer", explica Barbosa. Durante dois dias, milhares de outras mimosas foram puxadas pela raiz pelos voluntários. A iniciativa nasceu na Internet, através do blogue Carris e da página do Facebook da Comunidade Gerês. E foi através do online que se espalhou a palavra que levou mais de cem pessoas ao PNPG.

Os voluntários foram à luta, mas reconhecem que esta é "uma guerra quase perdida". "As mimosas têm grande capacidade de se estenderem rapidamente, não dando qualquer hipótese a que outras plantas consigam germinar", explica Rui Barbosa. Por isso, o trabalho do fim-de-semana concentrou-se nas plantas jovens. As restantes precisarão de meios mecânicos e químicos para desaparecerem.

Além da facilidade de expansão, as mimosas são uma espécie invasora com grande capacidade de resistência, escapando mesmo à destruição pelo fogo. Aliás, os incêndios são um dos melhores amigos desta planta, que produz umas bagas. Estas, quando florescem, pintam tudo em volta de amarelo. A temperatura elevada do fogo quebra o estado de dormência das sementes e abre espaço para que as mimosas cresçam livremente.

Há vários anos que as mimosas se estão a espalhar no parque, mas os incêndios do início de Agosto do ano passado, que ameaçaram durante vários dias zonas importantes do parque, como a mata do Cabril, criaram condições para o seu rápido crescimento. É por isso que a encosta da serra do Gerês está mais amarela do que o costume. E, em poucos meses, as mimosas passaram a mandar naquela paisagem.

"Gostamos disto verde"

As mimosas crescem e tomam o lugar da flora endémica do parque nacional, substituindo plantas essenciais para o equilíbrio natural da área do PNPG. Mas não apenas para as plantas, também para alguns animais, cujo habitat é alterado, ou seja, com a redução do número de plantas essenciais para algumas espécies se alimentarem, há seres vivos que correm riscos.

"Qualquer dia não há carvalhos no Gerês", admite Xavier Fernandes. Este jovem bancário veio de Braga para ajudar a combater a praga amarela. Com ele está Paulo Figueiredo, barcelense, que o ajuda a arrancar plantas na encosta íngreme da zona do Vidoeiro. Paulo é desenhador de etiquetas. "Passo oito horas por dia em frente a um computador. Sempre que posso fujo para aqui", conta. Acredita que a acção em que é voluntário é "boa para a natureza". "Tem que haver espaços para todas as espécies", sublinha. Xavier concorda: "Nós gostamos disto verde, não é amarelo."

Metros abaixo, numa encosta íngreme a poucos quilómetros de Caldas do Gerês, Helena Azevedo corta alguns ramos de mimosa. É funcionária de uma empresa de ecoturismo e foi do Porto ao PNPG para participar na "guerra". "É uma forma diferente de estar em contacto com a natureza", conta. É uma "apaixonada" pelo Gerês e é também por isso que lhe "dói a alma" ao olhar em volta, apercebendo-se das consequências dos incêndios de Verão.

"Se não for com a nossa ajuda, o parque pouco poderá fazer. O Estado dá poucos meios à protecção da natureza", critica. Por isso participa sempre que possível em iniciativas semelhantes. Há um ano, o mesmo grupo organizou uma campanha de reflorestação do PNPG e ela lá esteve. Há dois, dezenas de pessoas estiveram a apanhar lixo em algumas das zonas mais populares da área protegida, noutra iniciativa do blogue Carris.

O grupo de escuteiro que arrancou a mimosa com mais de um metro veio de Nogueira, no concelho de Braga. "Gostamos de acampar e preocupa-nos que esta praga venha a destruir o Gerês", explica João Ferreira, estudante, de 18 anos. "Viemos para apoiar o parque. Afinal, vimos cá tantas vezes", acrescenta Tiago Monteiro, um ano mais velho e com o braço direito engessado. "Só posso arrancar mimosas com uma mão, mas sempre ajudo um bocadinho", explica de sorriso aberto.

Parque dá formação

As mimosas chegaram ao Gerês no século XIX, pela mão dos serviços florestais que apostaram naquela espécie, durante várias campanhas de reflorestação. Tal como os eucaliptos, são originárias da Austrália. E como os primeiros são prejudiciais às plantas locais. Mas crescem até mais depressa do que aquele género de árvore, podendo manter-se "adormecidas" durante décadas.

O combate às mimosas centrou-se, no fim-de-semana, em Lamas, Terras de Bouro, e na zona do Vidoeiro, nas Caldas do Gerês. Em Junho, haverá novo apelo ao voluntariado. "Este foi apenas o primeiro passo de uma guerra que vai durar muitos anos", avança Rui Barbosa.

A iniciativa de combate às mimosas contou com o apoio da direcção do PNPG e o acompanhamento de vigilantes da natureza, de forma a prevenir que algum erro levasse à destruição de espécies autóctones. Para evitar esses problemas, os voluntários receberam uma formação prévia, durante a manhã.

"Acho que se deve fazer alguma coisa e temos algumas iniciativas em curso", assume o director da Peneda-Gerês, Lagido Domingues. No entanto, o responsável prefere manter algumas cautelas quanto à questão, preferindo não adiantar objectivos da campanha de combate às mimosas que arrancará em breve. "Já houve tempos em que se deu grande relevo a este tipo de iniciativas sem grandes efeitos práticos. O mais importante é perceber a vastidão do problema que existe", justifica Domingues. Por isso, para o director do PNPG é preferível "falar da realidade do que anunciar sonhos".

Para os próximos meses, o parque nacional prepara um conjunto de acções com o objectivo de reduzir a mancha amarela na área protegida, concentrando esforços por afastar as mimosas das proximidades da mata da Albergaria, um dos ex libris da Peneda-Gerês, adianta Lagido Domingues.
http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1482916
 
As mimosas chegaram ao Gerês no século XIX, pela mão dos serviços florestais que apostaram naquela espécie, durante várias campanhas de reflorestação

Como é possível o ser humano fazer tanta m#$@#?? :angry:


"Acho que se deve fazer alguma coisa e temos algumas iniciativas em curso", assume o director da Peneda-Gerês, Lagido Domingues. No entanto, o responsável prefere manter algumas cautelas quanto à questão, preferindo não adiantar objectivos da campanha de combate às mimosas que arrancará em breve. "Já houve tempos em que se deu grande relevo a este tipo de iniciativas sem grandes efeitos práticos. O mais importante é perceber a vastidão do problema que existe", justifica Domingues. Por isso, para o director do PNPG é preferível "falar da realidade do que anunciar sonhos".

É sempre bom ver o optimismo, entusiasmo e pro-actividade dos responsáveis portugueses nestas áreas...
 
Já tinha lido sobre essa iniciativa...
É bom ver que sempre há alguém que faz alguma coisa.



Bom vídeo sobre o gato selvagem da Europa.
 
Editado por um moderador:
Lista dos mamíferos carnívoros que existem no nosso país (e o seu estatuto):

Lobo (Canis lupus) EN
Raposa (Vulpes vulpes) LC
Doninha (Mustela nivalis) LC
Arminho (Mustela erminea) DD
Toirão (Mustela putoris) DD
Visão-americano (Mustela vison) Introduzido
Fuinha (Martes foina) LC
Marta (Martes martes) DD
Texugo (Meles meles) LC
Lontra (Lutra lutra) LC
Gineta (Genetta genetta) LC
Sacarrabos (Herpestes ichneumon) LC
Gato-bravo (Felis silvestris) VU
Lince-ibérico (Lynx pardinus) CR
 
Aqui está um texto de 1893 com descrições da fauna no Soajo e de como já se adivinhavam as extinções que iriam acontecer passado algum tempo. Nomeadamente da cabra montês e do lince (parece ser o lince ibérico)

Está um bocado difícil de ler porque muitas palavras ficaram com caracteres errados, além do português da época ser um pouco diferente :)

Notas sobre a fauna da Serra do Suajo

Quando em junho e julho de 1890 visitei a serra do Suajo com o fitn de fazer uma exploração botânica, ofereceu-se me ensejo do tomar alguns apontamentos sobre a sua fauna. Como me parece que poucos naturalistas a têm visitado, ou pelo menos não têm publicado as suas observações, vou referir-me ás notas que poude colher e que dizem respeito a espécies vulgares e que eu conheço por existirem no Museu de Zoologia da universidade, visto que não são estes os assuntos especiais dos meus estudos.

Já em tempos dei uma noticia sobre a serra do Suajo no Jornal de Horticultura Pratica hoje amplial-a-ei com mais alguns apontamentos.

Eis a lista dos animaes :

Mamíferos — Sus scrof'i, Lin. (Javali), raro; Cervus capreolus,L. (Corso) ; Lepus meridionalis, Gene. (Lebre); Lepus cuniculus L., (Coelho); Canis lupns, Lin. (L'ibo): Canis melanogaster, Gh. Bp. (Raposa); Arvicola amphibins, L, (llato d'agua) ; Mus sy'caticus, L. (f\ato do campo).

O Félix pardina, Oken. (Lynce, ou Lobo cerval) era ali outr'ora vulgar, segundo me disseram; mas hoje é extremamente raro pela caça enérgica que lhe deram pira evitar Oa estragos que fazia no gado. O mesmo aconteceu na serra do Gêrez.

En Junho de 1890 disse-me um pastor d'esta serra ter visto, havia pouco, O rasto de um Lynce, cousa que ha bastantes anos se não lembrava de observar por aquelles sitios.

Também fiz toda a diligencia por obter informações exactas sobre se a Cabra brava, (Gapra hispânica S^-himp.), espécie quasi extincta entre nós, se encontrava na Serra do Suajo mas nenhum dos caçadores mais afamados d'ali, a quem interroguei, me deu noticia d'ella. Alguns chamam, no Suajo, Cabra brava ao Corso ou Cabrito dos montes (Cervus capreolus L.)

Peio qae poude averiguar, por pessoas d'ali, a Capra hiapanka Schimp. ainda se observa ás vezes na Serra Amarella, próximo á nascente do Rio Homem e um pouco mais adiante; mas não passa o valie do Lima.

No próprio Gerez eila é bastante rara; só quasi se encontra nos pincaros elevados das margens do rio Homem, próximo à fronteira da Galiiza.

Em fins de Julho de 1892, andando eu a herborisar na Serra do Gerez, o guia mostrou-me o rasto da Cabra brava, não muito longe do Borraji'iro, o ponto mais alto d'esta serra.

...

Coimbra, Dezembro de 1893.
http://www.archive.org/stream/annaesdesciencia01nobr/annaesdesciencia01nobr_djvu.txt
 
Lista dos mamíferos carnívoros que existem no nosso país (e o seu estatuto):

Lobo (Canis lupus) EN
Raposa (Vulpes vulpes) LC
Doninha (Mustela nivalis) LC
Arminho (Mustela erminea) DD
Toirão (Mustela putoris) DD
Visão-americano (Mustela vison) Introduzido
Fuinha (Martes foina) LC
Marta (Martes martes) DD
Texugo (Meles meles) LC
Lontra (Lutra lutra) LC
Gineta (Genetta genetta) LC
Sacarrabos (Herpestes ichneumon) LC
Gato-bravo (Felis silvestris) VU
Lince-ibérico (Lynx pardinus) CR


Muito bem. Esses são os mamíferos carnívoros terrestres que ainda temos.
O lobo-ibérico ( Canis lupus signatus) tem tido finalmente uma fase de estabilização e até um provável aumento no número de efectivos.
A região de Montesinho-Culebra continua a ser a região com maior densidade de lobos de toda a Europa Ocidental.


Aqui está um texto de 1893 com descrições da fauna no Soajo e de como já se adivinhavam as extinções que iriam acontecer passado algum tempo. Nomeadamente da cabra montês e do lince (parece ser o lince ibérico)

Está um bocado difícil de ler porque muitas palavras ficaram com caracteres errados, além do português da época ser um pouco diferente :)


http://www.archive.org/stream/annaesdesciencia01nobr/annaesdesciencia01nobr_djvu.txt

Lince-ibérico a atacar gado? Que tipo de gado? Realmente imaginar isso é algo cómico. Tirando bezerros ou animais do tamanho de um carneiro, não vejo que tipo de gado um lince-ibérico possa matar.
Além de como se sabe o lince-ibérico é um animal de zonas mediterrâneas, que caça sobretudo coelho-bravo ( com algum evento excepcional de caça ao muflão feito por um macho de dimensões pouco vulgares). Encontrar um lince-ibérico com um peso de 20 kgs deve ser algo a roçar o recorde.
Esse autor chama-lhes de Pardina, mas será que já viu algum lince do Gerês? Pelo relato parece que nunca viu nenhum.
De qualquer das formas, depois irei postar aqui referências mais recentes feitas a propósito da presença do lince-euroasiático no Norte da P. Ibérica. Existem dados que vão até praticamente ao séc XX...
 
Lince-ibérico a atacar gado? Que tipo de gado? Realmente imaginar isso é algo cómico. Tirando bezerros ou animais do tamanho de um carneiro, não vejo que tipo de gado um lince-ibérico possa matar.

Pode ser uma indicação que o lince que havia no Gerês e que foi caçado até ao extermínio era o Boreal e não o Ibérico. Realmente, além de galinhas e uma ou outra ovelha, não estou a ver como é que o lince seria assim tão desastroso para os pastores do Gerês.

Interessante ver que já no final do séc 19, não havia qualquer indicação de veados e que o próprio javali já era considerado raro (além da já quase extinta cabra montês). O corço seria na altura o ungulado mais comum.
 
Pode ser uma indicação que o lince que havia no Gerês e que foi caçado até ao extermínio era o Boreal e não o Ibérico. Realmente, além de galinhas e uma ou outra ovelha, não estou a ver como é que o lince seria assim tão desastroso para os pastores do Gerês.

Interessante ver que já no final do séc 19, não havia qualquer indicação de veados e que o próprio javali já era considerado raro (além da já quase extinta cabra montês). O corço seria na altura o ungulado mais comum.

Eu sei que tivemos aqui o boreal, mas ainda não tenho a certeza se o Gerês também teve o ibérico e que seja esse o animal descrito ( e o boreal tenha sido extinto bem antes).
Mas sinceramente parece-me pouco provável que o ibérico ande em bosques caducifólios e a caçar gado, pelo menos, ao ponto, de receber algumas referências.
Esse comportamento parece-me típico do boreal/euroasiático, até porque pode estar relacionado pelo facto das suas presas principais começarem já escassear ( como mencionas e bem).
Mais uma vez, um exemplo claro, de destruição ambiental provocada pelo Homem com consequências nefastas também para este.
 
Quercus diz que foram envenenados 30 lobos em cinco anos
14.03.2011
José Bento Amaro

A Quercus identificou em Portugal, entre 2003 e 2008, 1240 animais que foram envenenados. Entre os animais mortos contam-se 30 lobos. Os responsáveis são, na maior parte dos casos, pequenos criadores de gado ou responsáveis pela exploração de reservas de caça. Em Castelo Branco, um juiz proferiu esta semana uma sentença quase inédita, ao aceitar uma providência cautelar contra uma empresa que terá sido responsável pela morte de uma águia-real.

Segundo disse ao PÚBLICO o dirigente da Quercus Samuel Infante, a empresa Raiatur, responsável pela caça turística em terrenos na zona do Rosmaninhal, Idanha-a-Nova, terá envenenado a águia em Junho de 2010. Uma equipa do SEPNA, da GNR, descobriu, alguns dias mais tarde, três iscos envenenados no terreno. Junto aos iscos encontravam-se três pombos mortos. Terão sido vítimas acidentais, tal como a águia-real, uma vez que o verdadeiro objectivo seria matar um casal de águias imperiais que possuem ninho na região. As aves de rapina alimentam-se, quase sempre, dos coelhos e perdizes caçados nas reservas.

A decisão judicial agora proferida só encontrou paralelo numa outra ocorrida há alguns anos na zona de Évora, segundo disse Samuel Infante, que salientou ainda “a importância de sensibilizar os magistrados para os crimes cometidos por envenenamento”. Não tendo sido possível apurar em tribunal que o veneno foi directamente colocado pelos responsáveis da empresa de caça, o juiz considerou, no entanto, que os mesmos tinham a obrigação de vigiar os terrenos e, desse modo, evitar a morte dos animais. A Raiatur foi assim considerada culpada por negligência.

Apesar da vitória obtida através da aceitação da providência cautelar contra a empresa de caça, as diligências nos tribunais não vão parar. A associação ambientalista já informou que pediu a suspensão da actividade da Raiatur através de um processo-crime que deu entrada no tribunal de Idanha-a-Nova. O PÙBLICO contactou telefonicamente um dos responsáveis da empresa que se limitou a dizer que não podia falar.

A par das participações efectuadas no Ministério Público – Samuel Infante diz que são às dezenas por todo o país – a Quercus tenta ainda, através do Programa Antídoto Portugal, sensibilizar as autoridades para a necessidade de se criarem mecanismos de controlo da venda de químicos agro-tóxicos, os quais são, normalmente, utilizados para matar animais.

“Em Espanha faz-se o registo de todas as vendas deste tipo de produtos para, desse modo, se poderem identificar os suspeitos de envenenamento”, adiantou Samuel Infante. “O programa Antídoto Portugal” fez um levantamento dos casos de envenenamento de animais entre 2003 e 2008. Nesse período apuraram-se 1240 mortes em 356 ocorrências. Estes números poderão, no entanto, ser apenas uma pequena amostra da realidade. Estudos efectuados em Espanha dizem que os valores identificados correspondem, apenas, a três ou quatro por cento das situações ocorridas”, salientou o dirigente do grupo ambientalista.

Os números relativos à situação portuguesa são relevantes, sobretudo quando a espécie em causa é protegida por lei e se encontra ameaçada de extinção. Os iscos envenenados encontrados no Rosmaninhal visavam a morte de águias imperiais, espécie de que só se conhecem três casais em Portugal. É, de resto, a sétima espécie mais ameaçada entre as aves de rapina.

Lobos vítimas de criadores

No Norte do país, nas serras do Gerês e Montesinho, morreram envenenados, em cinco anos, 30 lobos. Neste caso os responsáveis são os criadores de vacas e garranos, que deixam os animais sozinhos durante semanas. "O Governo até concede subsídios para os criadores vítimas de ataques de lobos, mas como estes vêm tarde, as pessoas actuam por conta própria e envenenam os animais”, diz Samuel Infante.

A contabilidade negra dos envenenamentos de animais em Portugal não ocorre apenas no Minho e Trás-os-Montes, mas também na Beira Interior e no Alentejo. Nestas regiões encontraram-se cadáveres de, por exemplo, 20 cegonhas, cerca 70 abutres, 15 águias de asa redonda, três águias reais e 20 milhafres.

“Os números dizem que 30 por cento das mortes são de animais domésticos, sobretudo de cães abandonados durante os períodos de caça. Depois há 12 por cento de envenenamento de espécies protegidas e as restantes relativas à morte de espécies cinegéticas”, conclui o responsável da Quercus.
http://ecosfera.publico.pt/noticia.aspx?id=1484750

A tristeza continua... :mad:
 
http://www.equisport.pt/pt/noticias/panico-no-transito-em-faro-com-cavalos-a-solta

Faro963.jpg


Gostava de ver mais fotos deste cavalo ( o que foi capturado).
Parece-me ser um animal mais primitivo, fisicamente, que o normal.
Será próximo a um Sorraia?
 
Boas, ontem fotografei este Louva-Deus , gostaria de saber se alguém sabe o seu nome correcto e se é comum haver este em Portugal?
 
Boas, ontem fotografei este Louva-Deus , gostaria de saber se alguém sabe o seu nome correcto e se é comum haver este em Portugal?

Parece-me um Empusa pennata.
Já tenho visto algumas referências sobre esta espécie em Portugal.
Não me parece que seja muito rara, mas também não sei se é abundante.
De qualquer das formas é um registo interessante.
Os louva-deus, são muito importantes, pois são predadores vorazes de vários insectos.